sexta-feira, julho 10, 2009

Sol Ardente - Capítulo 9

Quando toque a porta, Kevin a escancarou dizendo alto, “Renesmee! Você veio!” Ele parecia tanto um cachorrinho hiperativo que não pude evitar de sorrir e tentar colocar meus problemas de lado.

“Oi Kevin.”

“Você é a última a chegar, então se quiser ir lá para os fundos…” Kevin começou a falar quando a campainha tocou. Parecendo confuso, ele abriu a porta e congelou em choque quando viu quem era. “Derek? O que você está fazendo aqui?”

Eu virei, e me vi de cara com quase 1, 80 de pele bronzeada, musculos torneados, e pura beleza. Fiquei sem ar, e me dei uma bronca em silêncio por pensar nele assim; afinal faziam só algumas horas que ele tinha me deixado furiosa.

Quando achei minha voz, parei de encarar Derek e virei para me desculpar com Kevin, “Sinto muito, Kevin. Esqueci de te dizer que convidei o Derek também. Sei que não tinha direito já que não é minha casa, mas ele se desculpou por como agiu no almoço. E então…” Eu movi os ombros, sem saber o que mais dizer.

Kevin pareceu um pouquinho ofendido que convidei outro garoto, especialmente Derek Coles, mas rapidamente mudou sua cara para parecer alegre. “Venha”, ele disse pegando minha mão. “Todo mundo está esperando lá fora.”

Tentei arrumar um jeito de me soltar de Kevin sem magoá-lo, mas não consegui pensar em nada, então deixei ele me arrastar para seu quintal. Derek nos seguiu de perto. Eu podia sentir seu cheiro forte de humano misturado com alguma colônia leve. Combinava bem com ele.

Todos ficaram surpresos em ver Derek nos seguindo, especialmente depois do abuso verbal que dei nele mais cedo, mas de qualquer forma todos pareceram aceitá-lo rapidamente. Tinha esquecido de trazer um trenó, então dividi os dos outros.

Tinha que admitir que sair com humanos podia ser divertido. Eu tinha que controlar minha força, então agi como se a subida da colina fosse cansativa, e também tinha que evitar andar muito rápido.Minha sede de vampiro era fácil de controlar, mas às vezes quando um deles vinha perto demais inesperadamente eu tinha que morder meu lábio para me impedir de enfiar os dentes neles. Mas no geral foi tudo bem.

Na maioria das vezes fui no trenó com Rachel, a garota quieta, mas também com Kevin, Jay e Derek. Às vezes Rachel ia com Jay. Toda vez que um dos garotos vinham falar comigo, ou oferecer para dividir o trenó, eu via pelo canto do olho como Sophie me dava uns olhares mortais. Acho que eu estava certa sobre ela na hora do almoço.

Eu não queria nenhuma rivalidade entre nós, então tentei ficar longe de Kevin, por quem ela obviamente tinha uma atração. Mas parecia que o sentimento era platônico, como acabei descobrindo logo que Kevin se aproximou de mim quando terminei de descer a ladeira.

Não dei tanta atenção à ele, pois estava muito ocupada tentando tirar os montinhos de neve que se enfiaram no meu cabelo. “Oi, Kevin”, eu o saudei meio aérea.

“Oi, Renesmee. Hmm, Quero te perguntar uma coisa…”

Olhei para cima quando ele não continuou. “Sim?” Enquanto o observava, ele se contorceu parecendo nervoso. Mas com o que? Minha pergunta foi respondida quando ele continuou.

“Sabe o Baile de Inverno que está chegando, né?” ele começou hesitante. Minha mente passeou pelos milhões de cartazes e anúncios diários sobre o baile anual. Era semi-formal (seja lá o que semi quer dizer) e estava chegando rápido. Imediatamente saquei o que ele estava prestes a perguntar e o cortei antes que minha amizade com Sophie pudesse ser completamente arruinada.

“É, fiquei sabendo sobre isso. Era tudo de que Sophie falava.” Olhei em volta de forma óbvia (vi Sophie me olhando detalhadamente), então me aproximei e sussurrei no ouvido dele. “Sabe? Acho que ela quer muito ir com você. Mas ela tem muita vergonha de te convidar”, menti convincentemente. Senti um pouquinho de culpa por manipulá-los assim, já que ela não me disse nada do tipo, mas desde que eu tinha total certeza de que ela me agradeceria (e provavelmente não era mentira; aposto que era o que ela queria mesmo), desviei desse pensamento de culpa.

“Mesmo?” Kevin perguntou, parecendo abismado. Todos os pensamentos de seus motivos anteriores sumiram, “Hmm”. Ele olhou para Sophie, que na hora sorriu furtivamente e acenou para ele. Ele sorriu de volta.

“É, sério”, persuadi. “Você deveria ir convidá-la agora mesmo. Mas não diga que eu te falei porque ela ficaria uma fera comigo”, terminei.

“Ok”, ele concordou e foi até ela. Pude ver como ela se endireitou e se sentiu melhor comigo por ajudá-la. Mesmo ela sendo uma desculpa invejosa de amiga.

Assisti pelo canto do olho quando Kevin disse alguma coisa, e ela praticamente deu um gritinho e se jogou nele, ele sorriu. Meus lábios viraram pra cima começando a sorrir, mas me contive até que ela correu até mim momentos depois, com um sorriso muito satisfeito no rosto.

“Adivinha!”

“O que?”, perguntei, indo na dela.

“Adivinha quem me convidou para o Baile de Inverno!”, ela continuou com os olhos brilhando de alegria e presunção.

“Quem?”

“Kevin!”, ela berrou.

Puxei ela em um abraço. “Ai meu Deus, que ótimo! Estou muito feliz por você!” Dei um gritinho junto com ela. E eu estava mesmo feliz por ela. Talvez eu pudesse colocar de lado seu comportamento invejoso e todos os olhares maliciosos que havia me dado e ser sua amiga de verdade, já que ela tinha conseguido seu namoradinho.

Enquanto esperávamos na fila para descermos a ladeira novamente, ela continuou a tagarelar sobre como Kevin era lindo e maravilhoso. Escutei tudo meio aérea, concordando sempre na hora certa. Outra parte de mim no momento estava ocupada escutando a conversa de Rachel e Jay, os quais estavam no topo da colina prontos para escorregar.

Agora que entendia melhor as ações dos humanos, realmente prestei mais atenção ao jeito que agiam quando estavam pertos uns aos outros. Rachel olhava para os olhos dele e depois para baixo, com vergonha. E ele continuava tentando segurar o olhar dela. Eles estavam se inclinando um ao outro inconscientemente, enquanto estavam em profunda conversa. Ocasionalmente, Rachel soltava uma risada suave e Jay gargalhava triunfante. Hmm. Me perguntei por que nunca tinha notado isso antes. Parecia evidentemente óbvio agora.

Jay encarou Rachel com puro afeto em seu rosto escuro e belo, soltando piadas para fazê-la sorrir. Ele era tão arruaceiro e parecia um palhaço, enquanto Rachel era quieta e inteligente, quase parecia que não tinham química. Mas aparentemente o ditado “opostos se atraem” faz efeito aqui. Me perguntei se algum deles daria o primeiro passo e chamaria o outro para um encontro, já que com certeza parecia que as coisas estavam indo por esse caminho.

Ambos subiram no trenó vermelho brilhante de Jay e voaram ladeira abaixo, rindo alto. Assisti com olhar crítico quando o trenó pareceu estar desequilibrando para a direita, e tive que me conter para não correr até eles e pará-los. Nesse instante o trenó tombou e jogou os dois pra fora, Rachel gritando. Todos os humanos congelaram com o som (eu já estava congelada de medo) e viraram as cabeças para a fonte do barulho. Mas o gritou virou riso quando ela e Jay rolaram até parar, seus membros entrelaçados e cobertos de neve. Jay sorriu e se levantou enquanto oferecia uma mão à ela, ela aceitando o gesto. Quando ambos estavam de pé, Jay a puxou para mais perto e inclinou seus lábios até o ouvido dela. Ainda segurando a mão de Rachel ele sussurrou algo, eu ri baixinho quando ouvi suas palavras um segundo antes do rosto de Rachel virar um sorriso brilhante e ela concordar alegremente.

Ele a puxou contra seu corpo sarado, entrelaçando os braços ao seu redor. Os olhos verde-escuros dela brilharam quando encararam os castanho-escuros dele, seu cabelo negro sedoso cobrindo levemente parte de seu rosto. Jay levantou a mão e ternamente colocou o cabelo dela atrás de sua orelha, murmurando suavemente (meus ouvidos meio-vampiros escutando suas palavras claramente), “Quero ver seu lindo rosto quando eu fizer isso”.

A expressão feliz dela virou choque, e então prazer quando ele se inclinou e pressionou os lábios nos dela com afeto e de forma suave. Suas bochechas coraram quando eles se separaram com os assovios e gritinhos dos amigos.

Jay e Rachel se viraram para nossa direção, Jay parecia orgulhoso colocando o braço ao redor dos ombros dela, e Rachel parecia envergonhada. Dei um sorriso encorajador a ela. Era irônico como Rachel e Sophie foram convidadas para o baile no mesmo dia e durante o mesmo evento. Talvez fosse uma coisa de humanos chamar pra bailes enquanto estão saindo juntos e quando as coisas estão um pouco mais íntimas. Talvez então era apenas o clima chame-as-garotas-para-o-baile que estivesse no ar.

Fiquei surpresa quando percebi que senti uma pontada de vazio dentro de mim: Nenhum garoto me convidou para a dança (embora eu soubesse que Jake não se incomodaria em me levar; e acho que esse era o plano. Mas mesmo assim, é diferente de um garoto me chamar de verdade. Eu sei…isso é tão egocêntrico. Mas não posso evitar como me sinto). Meu lado malicioso soltou a razão do porque era assim antes que eu a pudesse reprimir; eu era muito sem sal, muito estranha e muito inumana. Eu nunca me encaixaria.

* * * * *

Depois de meia hora no frio, minhas bochechas e nariz estavam pintados de um vermelho intenso. Fui para o lado do declive para assistir Jay escorregar como um surfista em uma prancha. Todos morreram de rir com suas manobras e eu sorri também. Como esses humanos eram bobos.

Eu tinha cruzados os braços em minha volta por costume, quando percebi outra pessoa se aproximando de mim por trás. Fiquei tensa quando senti um par de braços por cima dos meus.

“Você parece estar com um pouquinho de frio e meio solitária, ficando aqui parada sem ninguém”, Derek murmurou no meu ouvido.Eu reprimi um arrepio quando sua respiração quente deslizou por meu pescoço (se foi tremor de nojo ou prazer, eu não sabia dizer).

“Não, estou bem”.

“Mesmo? Porque eu poderia te esquentar bem rápido se você quisesse…” Ele me puxou para mais perto de si, e senti o calor do seu corpo me acariciando.

Senti Sophie me olhando, seu rosto praticamente verde; Acho que ter o Kevin só pra ela ainda não satisfazia sua inveja. Conscientemente me afastei do abraço dele.

“Estou bem. Sério.”

Mas Derek não desistiu. Ao contrário, ele deu mais um passo me acompanhando, e me puxou para ele novamente.Sem palavras dessa vez, ele simplesmente pressionou seus lábios mornos e macios no meu pescoço.

Dei um suspiro profundo com essa nova sensação, e meus olhos se fecharam imediatamente. Suas mãos acariciaram meu abdômen enquanto ele continuava a traçar beijos para cima e para baixo no meu pescoço. Nunca senti isso antes. Nenhum humano, homem ou imortal, havia me beijado com luxúria, mesmo que não fosse nos lábios.

Senti a queimação familiar na minha garganta com o cheiro de sangue tão perto, e fiquei surpresa com quão rápida e fortemente fui capaz de espantar a sede sem muito esforço. Tudo que sabia é que queria que essa sensação continuasse, e mordê-lo arruinaria isso. Mas me controlar estava sendo tão sem esforço que podia fazer sem nem pensar. Isso era bom, considerando que meu cérebro tinha virado uma pasta pelas emoções vampíricas que o invadiam.

“Deus, como você cheira bem”, ele murmurou contra minha pele quente de granito, pressionando seu nariz no colo do meu pescoço e inalando profundamente.

Eu não tinha certeza do porque estava reagindo assim a ele. Meu lado sensível argumentava que era porque vampiros tem um senso de emoções muito forte. Esse era um sentimento novo, e ele foi altamente agravado por meus sentidos vampíricos. Realmente não tinha nada a ver com Derek, só que ele era o primeiro homem que me beijava.

Meu lado insensível meramente me disse para calar a boca e me perder na sensação.

Ele pressionou outro beijo na beirada do meu queixo e murmurou, “Renesmee”.

“Hmm?”

“Decidi seguir a onda que Kevin e Jay lançaram hoje.” Ele pausou, espalhando suaves beijos por meu pescoço abaixo.

“Sabe o tal Baile de Inverno que está chegando?”

“Aham…”, respondi meio ausente.

“Você quer ir comigo?”

Pausei, levemente surpresa. Fiquei ainda mais surpresa por me encontrar realmente considerando sua oferta. Era entendido que eu iria com Jake já que Bella iria com Edward, Alice com Jasper, e Rose com Emmett, mas ele não tinha me convidado formalmente. Uma onda rápida de prazer me atingiu: um garoto queria ir ao baile comigo! Antes de pensar bem sobre isso, respondi no impulso. “Claro”.

Assim que falei a palavra, algumas coisas aconteceram instantaneamente: O rosto de Derek abriu um sorriso enorme, ele se inclinou na minha direção, assovios começaram outra vez entre os adolescentes, e meu telefone vibrou selvagemente no meu bolso. E a coisa mais vital: Derek pressionou seus lábios suaves nos meus.

Aquela onda de emoções vampíricas extremas cresceu dez vezes mais. Me confundiu, embaralhou meu cérebro. Não podia pensar, não conseguia responder. Só percebi vagamente que eu o estava beijando também.

Só haviam ele e eu no mundo agora; ninguém mais importava. Meus ouvidos escutaram os risos e assovios que explodiram em nossa volta, mas meu cérebro não registrou o fato. Os nervos sensíveis nas minhas bochechas sentiram a brisa gelada acariciando, mas eu não percebi. O celular no meu bolso continuou a vibrar intensamente, mas o fato se perdeu para mim. Eu não podia nem lembrar meu nome a essa altura. Essas novas emoções eram assim de tão esmagadoras. Eu meramente me perdi na sensação, sucumbindo ao que minhas emoções me diziam.

Seus lábios eram macios e gentis contra os meus duros como pedra. Embora agora eu sentisse o cheiro de seu sangue pulsando em suas veias até mais forte, isso não me incomodava. Uma mão estava pressionada na base das minhas costas, me puxando para ele, enquanto a outra estava na base da minha cabeça, mantendo-me presa nesse abraço. Meus braços se moviam com vida própria, deslocando-se para se entrelaçarem em suas madeixas escuras. Lentamente sua boca se tornou mais insistente, quando ele sentiu que eu estava também respondendo, sua língua traçando meus lábios levemente.

Antes que eu pudesse reagir àquilo, um som de um lamento imenso rasgou o céu, me fazendo pular para longe de Derek como se tive levado um choque. Todos olharam ao redor alarmados, tentando descobrir de onde vinha o barulho. Parecia cheio de dor, como o uivo de uma mãe-lobo que perdeu um de seus filhotes.

Isso cortou profundamente meu coração antes feliz . Reconheci o uivo imediatamente, embora nunca tivera ouvido aquela voz tão melancólica antes. Seu nome escapou por meus lábios como o soprar de uma brisa, baixo demais para qualquer ouvido humano.

“Jacob?”

Sol Ardente - Capítulo 8

A conversa fluiu mais uma vez na mesa do almoço, e o tópico foi mudado para a neve lá fora.

“Ei, algum de vocês está fazendo algo esta tarde?” Kevin perguntou. Senti seus olhos em mim, mas evitei seu olhar. “Se não, devíamos nos encontrar para ir andar de trenó!” O interesse de todo mundo se animou com isso e Kevin, agradado, continuou. “Há uma colina de para andar de trenó realmente boa perto da minha casa. Podíamos nos encontrar todos lá logo depois da escola.”

Houve um acordo coletivo com esse plano, sorrisos aparecendo em todos os rostos. Exceto o meu e Jake.

Kevin olhou pra mim esperançosamente. “E você, Renesmee? Está dentro?”

Hesitei. “Não sei… tenho de preparar para acampar, ” acrescentei, tirando proveito da minha mentira.

“Só por uma hora mais ou menos, ” ele suplicou. “Por favor? Jacob é bem-vindo a vir também.”

Olhei para Jake, e ele moveu os ombros de um jeito relaxado, mas acho que percebi uma pitada de tristeza em seus olhos. “Faça o que você quiser. Se você quiser ir, vou para casa e, er… ligarei para avisar aos outros que você vai se atrasar um pouco. E farei suas malas, Ness. Vá se você quiser. “

Eu sorri - Jake faria qualquer coisa por mim - e coloquei a minha mão no seu braço no que supostamente parecia a um gesto de agradecimento para os humanos, embora eu realmente estivesse mandando uma imagem rápida e acrescentando que eu iria mover a guerra de bola de neve hoje à noite. “Tem certeza que você não quer vir?”

Jake balançou sua cabeça, sorrindo, mas seu sorriso não atingiu seus olhos. Dessa vez, eu tinha certeza que senti um pouco de preocupação misturada com tristeza neles. Envolvi meus braços em sua volta, me sufocando no seu cheiro calmante. “Valeu, Jake, ” sussurrei suavemente. “Eu ficarei bem.” Então virei para os meus amigos que estavam esperando e anunciei, “Tudo bem. Eu irei.” E ri quando eles estouraram em festa.

* * * * *

Eu sabia que os meus pais ficariam doentes de preocupação comigo, então tinha esperanças que Alice pudesse ver algo sobre mim ficando totalmente bem e voltando para casa inteira. Afinal, eu era indestrutível. Eu não podia evitar ficar animada; seria a primeira vez que saía com amigos humanos fora da escola. Eles certamente pareciam gostar de mim agora, talvez até mais depois da breve surra verbal que eu tinha dado em Derek.

Falando em Derek, enquanto saía da minha última aula do dia, ele bloqueou meu caminho. Raiva novamente passou por mim, ameaçando pintar a minha visão de vermelho mais uma vez, enquanto eu pensava na ousadia que ele devia ter para me enfrentar de novo tão rápido. Cruzei meus braços desafiadoramente, e o meu queixo se empertigou. “O que você quer?” Perguntei asperamente e tentei dar a volta nele. “Saia do meu caminho.”

“Apenas me ouça, ” ele implorou. Com o tom de sua voz, ergui meus olhos surpresa. Ele tinha um olhar sério no rosto. Não podia dizer a intenção dele querendo conversar comingo, então dei a ele uma balançada brusca com minha cabeça para que continuasse. Ele respirou profundamente e começou. “Sinto muito mesmo, Renesmee. Tudo que você disse sobre mim no almoço é totalmente verdade. Não tinha percebido até que você me confrontasse assim. Foi tão diferente porque ninguém nunca falou comigo daquele jeito antes. Eu pensei muito essa tarde e decidi que você tinha razão. Não tinha nenhum direito de agir como agi. Me desculpe. Tentarei mudar. Me perdoa?”

Franzi minha testa para ele, sem ter certeza do que pensar sobre isso. Certamente as pessoas não mudavam assim tão rápido…mudavam? E se ele só estivesse me enganando? Mas se ele estivesse, não podia ver seu motivo para isso. Talvez ele realmente estava sendo sincero. De novo, não podia ler claramente as emoções no seu rosto ou nos seus olhos azuis profundos. Havia algum remorso lá, mas era verdadeiro ou falso? Não pude decidir. Queria que Edward estivesse aqui para me ajudar a decifrar o seu significado.

“Por favor, Renesmee. Quero ser seu amigo. Por favor, ” ele implorou. Não pude evitar e sorrir para ele - ele parecia tão desconsolado, mesmo se isso não fosse verdade.

“Ok. Tudo bem.”

“Ôba!” ele gritou e me girou em um círculo, causando que uma risadinha saisse dos meus lábios. Me afastei dele uma vez que ele tinha me colocado no chão.

“Tente se conter. As pessoas estão olhando, ” disse sorrindo.

Ele deu de ombros. “Não posso evitar. Ajo tão espontâneo sempre que eu estou perto de você. Você simplesmente parece tão diferente das outras meninas.”

“Você nem faz idéia, ” murmurei por baixo da minha respiração.

“O que você disse?”

“Nada, ” disse imediatamente, brigando comigo mesma em silêncio.

Ele olhou para mim, uma pequena ruga pensativa no seu rosto.

“Em que você está pensando?” Perguntei curiosa. Ok, realmente queria que Edward estivesse aqui. Ou pelo menos que eu tivesse o poder dele.

Um sorriso se espalhou em seu rosto. “Pensei em uma maneira de me desculpar com você por ter sido um tremendo idiota mais cedo. Por que você não me acompanha em um jantar hoje noite? Farei valer à pena.” Um sorriso malicioso deslizou pelos seus lábios, simplesmente virei os meus olhos pela sua insinuação.

“E todo mundo com quem você agiu como um tremendo idiota? Não acho que você tem dinheiro o suficiente para pagar jantares para escola inteira, ” eu brinquei. Fiquei surpreendida comigo mesma em quão facilmente estava me dando bem com um garoto que a apenas alguns momentos atrás tinha me deixado em fúria.

Ele levantou os braços e moveu seus ombros. “Desculpe. Só um Ticket de Entrada. Eu pensei que se me desculpasse com você, o resto da escola seguiria bem rápido.”

Uma parte de mim ansiava em dizer sim, mas a esmaguei rapidamente. “Desculpe, Derek, não posso essa noite. Estou indo andar de trenó com Kevin, Rachel, Sophie, e outros amigos, e depois estarei saindo com meu irmão Emmett.” Sua expressão desmoronou e deixei escapar antes que pudesse pensar nas conseqüências: “Ei, por que você não vem andar de trenó com a gente essa tarde?”

Um flash do que pareceu incômodo passou pelo rosto, mas passou tao rápido que não pude dizer se isso foi o que realmente vi. Afinal, eu ainda não era profissional na leitura de expressões humanas. Mas ele pareceu tão alegre com meu convite, que deixei de lado aquele pensamento.

“Claro!” ele cantarolou, os olhos brilhantes. Ele se inclinou na minha direção, acrescentando suavemente, “Te vejo mais tarde, Renesmee Cullen.”

Depois de levantar a minha mão para seus lábios e olhar para mim com os seus olhos azuis claros - como um divertimento - ele partiu em direção à sua caminhonete preta.

Enquanto eu assistia sua forte figura entrar na sua picape, todos os sentidos pareceram correr de volta para mim. O que diabos eu fiz? Balancei minha cabeça com vigor. Devo estar louca. Primeiro concordando em ir andar de trenó com os meus amigos humanos. Agora convidando Derek, um cara com quem simplesmente fui vista gritando há algumas horas, para ir ao passeio? O que aconteceu comigo? Eu pensei, me perguntando quando tinha perdido todo o juízo. Derek simplesmente tinha carisma, fazendo que as pessoas quisessem agradá-lo. Não é de admirar que ele seja tão “popular”, como Sophie disse. Talvez só com o fato de que embora centenas de meninas estejam desejando o seu afeto ele estava mostrando interesse em mim, me fez jogar fora meu senso. Talvez somente o fato de que ele me fazia sentir especial, quase amada. E amada em uma maneira não-familiar, não-fraternal. Como uma garota deveria ser amada.

* * * * *

Jake estacionou na estrada da garagem dos Quinn’s, deixando o motor estrondando enquanto saia da garupa dele. Ele tinha ficado quieto durante o caminho até aqui e parecia que ele estava, mais uma vez, preocupado comigo. Ele também estava provavelmente um pouco zangado que convidei Derek para vir. Assim que virei para partir, ele chamou meu nome e me encontrei sufocada em um enorme abraço de urso. O seu calor era tão confortador, envolvi os meus braços em volta da sua cintura.

“Jake, o que foi?” Sussurrei no seu peito.

Ele suspirou e se afastou apenas o suficiente para poder me olhar nos olhos. Senti um impulso de preocupação enquanto via a tristeza profunda em seus olhos escuros. Prendi minha respiração.

“Nessie”, ele murmurou suavemente, contradizendo a dor nos seus olhos, “por favor tenha cuidado.”

“Claro, Jake, ” eu disse confusa. “Sempre terei cuidado. De qualquer forma, sou indestrutível, lembra?” Acrescentei brincando, tentando fazer ele sorrir. A sua expressão permaneceu dolorosa.

“Não, Nessie. Eu quis dizer tenha cuidado com quem você deixa entrar no seu coração e mente, ” ele disse em voz baixa com toda seriedade.

Meu coração perdeu uma batida com o medo em seu tom. “Jake?”

Ele me puxou em outro abraço esmagador de ossos. “Ah, Ness… Por que sinto como se estivesse prestes a te perder? Que quando te deixo aqui agora e te veja depois, você não será mais minha Nessie?”

“Jake, isto é bobagem, ” murmurei em seu peito quente. “Você nunca me perderá. Sempre serei sua Nessie assim como você sempre será meu Jacob.”

Ele acenou com cabeça desanimado e subiu em sua moto. Enquanto assistia sua forma diminuir na distância, minha mente ponderava sobre o que ele tinha acabado de falar. O que ele quis dizer com me perder? Como ele poderia? E por que ele alguma vez me perderia? Tudo isso parecia besteira. Eu sempre seria a Nessie dele no fim das contas. Certo?

Mas enquanto andava em direção à porta da frente, não pude evitar de me perguntar se talvez era algum sentido extra de lobo que fez Jake acreditar isto. E também não pude evitar de me sentir um pouco preocupada. Eu estava dizendo a verdade quando falei a ele que sempre seria sua Nessie? Ou só estava tentando convencer e enganar mim mesma assim como também a ele?

Sol Ardente - Capítulo 6

Quando acordei ainda estava escuro, mas quando olhei pela janela, notei que o céu estava um pouco mais claro de como estava quando era meia-noite, uma cor azul escura. Estimei que tinha uma hora antes de ter que me aprontar para o segundo dia de aula. Espreguiçando-me como um gato, estava prestes a levantar quando ouvi um murmurar de vozes lá embaixo no andar principal. Agucei meus ouvidos até que pude ouvir algumas palavras.

“Nessie ainda está dormindo?”, a voz de Bella subiu pelas escadas.

“Aham”, Rose murmurou de volta. “Cachorro idiota que a cansou daquele jeito. Escalar árvores e pular! Tentando matá-la, eu acho”.

“Rose”, Alice avisou, “ele não estava tentando machucar ninguém. Ela teve um dia cansativo na escola, e estava provavelmente exausta antes mesmo de ir caçar. Também foi idéia dela de pular”.

“Bem como a mãe dela, não é?”, Emmett riu. Mãe? O que ele quis dizer com isso?

“Acho que Nessie está acordada”, Edward disse, e então chamou das escadas. “Querida, se está acordada, venha e se junte a nós.”

Bocejando suavemente, pulei da cama. Examinando minhas roupas, cheguei a conclusão de que meus pais colocaram meu pijama antes de me colocar para dormir. Uau, eu devia estar mesmo bem cansada para nem perceber. Enfiei um par de jeans e uma camiseta verde simples, corri escada abaixo antes mesmo de um segundo se passar.

“Bom dia pra todo mundo”.

“Bom dia, Ness.”

“Como você dormiu?”

“Como uma pedra. Provavelmente por causa da escola”, disse. Edward sorriu para mim, sabendo que eu estava ouvindo aquela parte da conversa. Achei que o resto deles sabia que estava ouvindo escondida, então continuei “E não culpem Jake. Foi tudo minha culpa”.

“Aquele cachorro imundo foi quem te levou para a árvore em primeiro lugar”, Rose rosnou.

“Rose, vamos. Seja boazinha”, pedi, e vi sua expressão suavizar quando caiu sobre a minha. Ela sempre tinha um coração mole por mim.

“Então, cadê o Jake?”, perguntei olhando em volta, e só vendo meus pais, Alice, Rose e Emmett. “E Carlisle, Esme e Jasper?”

“Carlisle está no trabalho de novo. Ligação de emergência no meio da noite. Esme e Jazz estão caçando para um lanchinho rápido. E Jacob ainda está apagado”. Alice apontou para onde o quarto dele era na casa. Meu olhar seguiu o dela, bem a tempo de ouvir um ronco estrondoso tremer as paredes.

Todos vivíamos debaixo do mesmo teto; era mais conveniente e fácil do que tentar explicar para os humanos porque Bella vivia conosco enquanto seu suposto primo Jake não. No inventário haviam: setenta e dois degraus, cinquenta e seis janelas, quarenta e sete portas, dezenove pias (duplas contando como duas), doze sofás (alguns em quartos), doze carros (e ainda contando), onze quartos (um para cada um de nós, e um quarto de hóspede), onze banheiros, onze closets, onze camas, dez escritórios, oito televisões, sete poltronas, quatro jacuzzis, três andares, três computadores, dois grandes pianos, dois acres, duas piscinas, uma casa, um sótão, um porão, uma cozinha, uma sala de estar, uma sala familiar, uma sala de jogos, uma garagem gigantesca, e um perdiz que ficava em um pé de pêra. Ok, não um perdiz porque provavelmente já o teríamos comido. Sem brincadeira.

Todos nossos quartos eram no terceiro andar. Em ordem vai de Carlisle, Esme, Alice, Jasper, Emmett, Rosalie, Bella, Edward, Jacob e eu. Meu pai sempre brinca que ele sempre estará ouvindo Jake.

Quando meu olhar parou onde a forma de Jacob estaria, meus lábios se curvaram perversamente com o pensamento que me veio. Virei para Edward e ele instantaneamente viu qual era minha idéia. Seus olhos dourados brilharam de júbilo, ele acenou concordando e segurando uma risada. Corri escada acima em um flash, meus pés descalços encostando no chão silenciosamente. Ouvi Alice perguntar frustrada sobre o que eu estava aprontando (ela ainda estava chateada por não poder ver lobisomens, mas ela definitvamente estava trabalhando nisso) e o porque de Edward rindo em resposta.

Empurrando a porta do quarto de Jake um pouquinho, espiei e então silenciosamente escancarei a porta. Ele estava espalhado em sua cama gigante, braços e pernas entrelaçados com lençóis e travesseiros. Sua boca aberta enquanto um ronco estremecedor se rasgava pelo quarto. O quente e amadeirado aroma, que era único nessa casa, entrou pelos meus sensos enquantro entrava. Ele estava vestido apenas com uma calça de moletom velha, peito nu como sempre. Seu peitoral subia e descia em movimentos enormes, enquanto seus pés se mexiam durante o sono, bem como os de um cão. Vagamente pensei sobre o que ele sonhava.

Quando estava a alguns metros da beirada da cama, me agachei e me lancei no ar em um arco gracioso, girando até que alcancei a borda, e então mergulhei como uma bomba nele. Bola de canhão.

Aterrizei com uma pancada em seu estômago de aço, e ele meramente gemeu um pouquinho com o impacto. Droga de genes de lobo estragaram minha brincadeira. Abrindo um olho, ele procurou meio desnorteado pela fonte de seu golpe, até que seu olhar se prendeu ao meu feliz. Me espalhei em cima dele, apoiando-me nos cotovelos e levando meu rosto bem perto do dele.

“Acorda Acorda, Jakey”, cantei como galo, e fui derrubada quando ele me deu um grande e lambuzado beijo na bochecha. “Eca, Jacob!”

Ele sorriu como um lobo para mim, e envolveu seus braços ao meu redor enquanto eu reclamava. ” Sua consequência por acordar um lobo: Você agora é minha prisioneira”. Seus braços se apertaram em um abraço de ferro. Por mais que eu lutasse, não conseguia soltar.

“Jake”, reclamei antes de perceber que ele não estava me deixando ir. Caí em silêncio e o fiquei olhando, desafiando-o a quebrar o contato visual. Ele não quebrou. Depois de alguns minutos, fiquei consciente do fato de que Jake estava me olhando estranhamente, suas sobrancelhas juntas em um pensamento profundo. Antes de que eu pudesse perceber que emoção estava escondida atrás de seus olhos escuros, ele pulou em posição de sentar, me levando consigo.

“Estou com fome”, ele anunciou, e me agarrou em seus braços sem olhar diretamente nos meus olhos. Chutando a porta para que abrisse, Jake me carregou como um bebê para a cozinha, onde meu pai já estava preparando ovos, outro dos meus favoritos. Mas enquanto eu estava mordiscando a comida no prato que estava a minha frente, minha mente não conseguiu evitar de vagar outra vez por aquela estranha emoção que vi antes em seus olhos.

Sol Ardente - Capítulo 7

Quando acordei uma manhã, senti de repente que algo tinha mudado. Quando abri meus olhos cansados de sono, imediatamente percebi o que era.

“Está nevando!” Gritei pulando para fora da cama, eu estava na janela em uma fração de segundo. Apertando minhas mãos e nariz no vidro (e começando a embaçá-lo com o calor do meu corpo), olhei a transformação da natureza. Tudo - as árvores, a estrada, a grama, areia, os telhados, os topos dos carros - foi coberto com uma camada grossa de neve não tocada. A palidez da neve teria me cegado se eu fosse humana, mas meus olhos especiais de meio-vampira me permitiam ver todo o branco. Não era nem tão brilhante como a pele da minha família na luz solar.

Falando em luz solar, houve outra surpresa nos esperando: o sol brilhava fortemente, refletindo abaixo nos cristais microscópicos de água. Uma coisa ruim sobre isto é que nenhum dos vampiros puros poderia ir à escola comigo. Carlisle e Esme me disseram antes que eu podia faltar com a minha família se eu quisesse, mas Edward e Bella foram um pouco relutantes porque eles queriam que o meu primeiro ano fosse o mais normal possível. Rapidamente tomei a decisão de ir hoje; afinal só tinham sido algumas semanas desde que comecei no colégio, e não queria perder qualquer momento dela. Ou dar aos meus ‘amigos’ humanos qualquer possibilidade de perceberem que eu era uma aberração e que eles não quisessem ser mais meus amigos.

De maneira bem interessante (diferente dos estudantes humanos que constantemente se queixavam de ir à escola), de fato eu gostava um tanto dela. Sim, era entediante de vez em quando. Sim, eu já sabia todo o material. Mas não era nada em comparação com a sensação de ser aceita pelos meus colegas.

Gradualmente, os humanos se acostumaram comigo e para minha surpresa tentavam ser meus amigos.Eles me pediam para sair com eles depois da escola ou durante os fins de semana, sentar com eles durante o almoço, etc. Os mais insistentes eram os garotos que conheci no meu primeiro dia, em particular Derek, Kevin, Sophie, e Jay. Rachel, a menina quieta, não era tão persistente, mas podia ver nos seus olhos o quanto ela queria ser minha amiga também.

Eu não queria que esses humanos chegassem à conclusão de que eu era diferente dos outros…muito diferente. Não queria voltar no dia seguinte depois de faltar à escola a uma cena como aquela nos meus sonhos. Estava muito insegura sobre mim.

Realmente rejeitei cada convite que eles me faziam, cada vez esperando que não fosse o último. Primeiro, por minha insegurança, não tinha certeza de como os seres humanos reagiriam se eles tivessem uma chance de estar perto de mim por períodos de tempo extensos (embora minha família e Jake repetidamente me dissessem que não tinha nenhuma razão para me preocupar; eles estavam todos apaixonados por mim). Segundo, estava incerta se tinha a capacidade de controlar os meus traços de vampiro na frente deles (embora Alice constantemente me dissesse que nada aconteceria se eu saísse; mas não estava segura se podia confiar nas visões dela já que eu ainda era só um borrão para ela). E terceiro, eu tinha o pressentimento que Edward e Jacob arrancariam as gargantas de qualquer (macho) humano de quem eu aceitasse um convite (embora eles se recusassem a admitir). E o resto da minha família era tão protetora quanto eles (embora talvez não tão extremo). Assim eu estava feliz que a ‘paixão’ deles por mim não enfraqueceu.

Interessante que os humanos ainda evitavam os membros vampiros da minha família. Pensei que eles teriam de repelir os montes de pessoas que queriam amizade, mas parecia que isso só tinha efeito para mim. Eu não sabia o que os humanos pensavam nas suas mentes estranhas para decidir que eu era mais fascinante do que a minha família.

Jacob, no entanto, era um pouco como eu. Exceto pelo fato de que só as meninas o perseguiam.Garotas dando risadinhas, babando, flertando. Cada vez que outra delas metiam suas garras nele pedindo atenção, algo dentro de mim se apertava dolorosamente e sentia a necessidade de arrancá-lo para longe de todas. Ele era MEU Jacob. Então me agradava em ver que toda vez, ele se afastava educadamente delas. Meu Jacob.

Enquanto eu continuava olhando para fora, hipnotizada, um redemoinho de flocos de neve passou varrendo minha janela na sua descida, e senti o impulso de tentar pegar todos eles.

Amava o Inverno; era a minha estação favorita, especialmente com jogos na neve. Jogos entre vampiros se tornam bem interessantes (ou meio vampiros… ou lobisomens falando nisso). Sorri pensando na nossa ultima aventura na neve. Teria que me lembrar de instigar uma guerra de bola de neve mais tarde esta noite.

Me troqeui rapidamente, e fui escada abaixo para a sala de estar onde a maior parte da minha família estava reunida.

Alice deslizou para o meu lado imediatamente. “Posso ver algo sobre uma guerra de bola de neve. Legal. Estou dentro.” Sorri para ela e as suas visões; ela não podia me ver exatamente, mas podia dizer o que acontecia em um sentido geral. “E também não a vejo conosco hoje, portanto vou dar um chute e direi que você está indo à escola?”

“É.” Olhei em volta. Carlisle e Esme pareciam contentes com a minha resposta. Edward e Bella pareciam satisfeitos ainda que ligeiramente preocupados. Provavelmente porque eles não seriam capazes de me ‘proteger’ hoje. Rosalie agiu indeferente com minha decisão, sorrindo para mim enquanto olhei para ela. A expressão de Emmett me chamou mais a atenção. Ele parecia francamente desapontado. Eu ri.

“Não fique tão triste, Emmett. Eu irei ter certeza em derrotar você em uma guerra de bola de neve depois da escola.” Com as minhas palavras, ele se animou imediatamente, um sorriso malicioso no seu rosto.

“Não esteja tão certa disso, baixinha.”

* * * * *

Minutos depois, estava na garupa da moto de Jake mais uma vez. Eu queria correr até escola para aproveitar a beleza da floresta cristalizada de neve, mas meus pais me lembraram da necessidade de não chamar atenção. Certo.

Jake habilmente manobrou por cima da estrada mal limpa, ainda com gelo, se desviando entre travessas e carros. Embora ele não fosse vampiro, ele certamente pilotava como um de vez em quando.

O dia de hoje na escola foi quase o mesmo de sempre, exceto que houve um pequeno falatório sobre a neve. Especialmente sendo sexta-feira, então parecia que todo mundo fazia planos de ir andar em trenó, esquiar, ou fazer uma guerra de bola de neve.

Kevin tinha se virado em minha direção como um cachorrinho feliz, tagarelando sobre a neve. Sorri para ele compartilhando sua excitação. Jake parecia um pouco tenso com Kevin, mas tentou não demonstrar.

Logo antes do intervalo, Kevin me pediu para sentar com ele, Rachel, Sophie, e Jay no almoço. Eu já tinha explicado a ele como o resto da minha família decidiu começar o fim de semana mais cedo e ir em uma viagem para esquiar nas montanhas, inventei uma história sobre como Jake e eu deveríamos alcançá-los depois. Não realmente querendo sentar em uma mesa só nós dois, concordei com sua oferta. Ele parecia ter uma felicidade extra em seu andar quando deixamos a sala de aula.

Encontrei Jake nos nossos armários e disse para ele do convite para o almoço e como havia aceitado. Ele ficou tenso imediatamente, e vi um flash de algo em seus olhos.

“E claro que você está se sentando conosco, certo?” Terminei.

Deu para notar que ele se relaxou, possivelmente chegando à conclusão que com ele lá estaria mais segura. Atirando seu braço em volta dos meus ombros, ele sussurrou no meu ouvido, “Eu vou onde quer que você vá Ness, lembra? Como seu cão de guarda pessoal.”

Eu o empurrei brincando e cruzei meus braços fingindo uma falsa raiva. “Não preciso de um cão de guarda.” Então o abracei forte. “Mas preciso de um amigo.” Senti seus braços me envolverem suavemente, e percebi que estava desculpada por aceitar me sentar com Kevin.

* * * * *

O almoço foi…estranho. Nenhuma outra palavra para descrever.

Não pensei que seria por minha causa (esperava), mas um tanto por causa da atitude de Jake.

Quando entrei no refeitório, com Jake se arrastando atrás de mim, olhei pela sala buscando meus amigos humanos, vi Kevin se levantar e acenar para chamar minha atenção. Caminhei em direção a eles.

“Oi. “Sorri, mas então meu sorriso se apagou quando percebi que eles estavam encarando. Mas então se registrei na minha mente que eles olhando algo atrás de mim. Me virando, vi Jake todo tenso e de punhos fechados com força. Cutuquei ele tão suavemente quanto podia para tirá-lo de seu devaneio. Nos sentamos, eu ao lado de Kevin e Jake no meu outro lado. A conversa fluiu mais uma vez mas ouvi por acaso Jay murmurando para o cara ao lado dele, “Não sabia que ele tinha sido convidado também.”

Péssimo que ele não sabia que tínhamos uma audição ultra-sensível. Olhei para Jake - se eu ouvi aquilo, então ele certamente ouviu também - e o vi tremer ligeiramente. Discretamente coloquei a minha mão em seu braço, lhe enviando imagens tranqüilas - arco-íris, cachoeira, uma clareira silenciosa, um pequeno córrego passando pela floresta- para ajudá-lo a se acalmar. Talvez isto tivesse sido uma má idéia.

“Não está com fome?”

Virei para Kevin que gesticulava para o lugar vazio na minha frente. Sorri. “Não, não no momento.” Percebendo que Jake não havia pegado comida nenhuma também - pobrezinho deve estar morrendo de fome - perguntei para ele, “Você quer ir pegar algo para comer?” Ele me surpreendeu balançando a cabeça duramente em um não. Hmm, estranho. Talvez ele estivesse muito concentrado em não explodir em um lobo para pensar em comida.

O falatório a minha volta continuou enquanto era puxada em conversas diferentes. Reconheci alguns rostos que se sentavam aqui, todos garotos que eu tinha visto antes na aula ou nos corredores. Mesmo Jake começou a se soltar, mais ainda quando Jay mencionou carros. Ambos se lançaram em uma discussão profunda e complexa sobre os diferentes motores e qual era o melhor.

Me aliviei também, decidindo que talvez isso não tivesse sido uma tão má idéia no fim das contas. Jake parecia gostar muito de Jay; talvez ele faria alguns amigos também. Mas falei isso um pouco cedo demais.

“Ei, novata.”

Jake se congelou imediatamente com essa voz, e seus olhos se endureceram como pedras negras, ele virou para encarar o recém-chegado. Me virei também, me preocupando com a reação de Jake, mas sorrindo para figura que se erguia como uma acima de mim. Afinal não via nenhum perigo nele.

“Ei Derek, ” respondi indiferentemente e notei que toda a conversa tinha feito uma pausa, os olhos em nós. Sophie e Rachel pareciam um pouco maravilhadas enquanto os meninos tinham expressões incomodadas nos seus rostos.

“Por que você está se sentando com esses perdedores? Tenho uma cadeira especialmente para você na nossa mesa.” Ele lançou os olhos para Jake e os outros. “Desculpe, só tem uma vaga.”

Meus olhos se estreitaram; o que deu a ele o direito de falar com eles assim?! Fiquei tensa para sair do meu lugar, arranquei meu braço do aperto refreante de Jake. Me levantei encarando ele diretamente nos olhos, minha visão se escureceu ligeiramente de raiva e se tingiu de vermelho nas bordas. Podia sentir o instinto de vampiro de avançar nele me levar, mas esmaguei aquela necessidade. Embora eu só atingisse até seus ombros, senti ele se encolhendo um pouco para atrás com meu olhar assassino. Com meu dedo indicador o cutuquei, tão suavemente o quanto conseguia com toda minha raiva, embora ainda o mandei para trás com a força.

“Que diabos isso quer dizer?” Rosnei para ele, as mãos agora em meus quadris para impedir de machucá-lo fisicamente. Aos poucos senti que todos os olhos abismados e surpresos foram atraídos para o nosso confronto, mas eu estava muito envolvida no meu aborrecimento para notar ou me preocupar. “O que no mundo lhe dá o direito de falar com os meus amigos assim?” Derek abriu sua boca para falar, uma pequena ruga de preocupação na sua testa, mas o interrompi. Este mortal estúpido tinha de ser posto no seu devido lugar. E eu faria isso alegremente. Afinal como ele podia insultar pessoas que me aceitaram? Senti um tipo estranho de instinto maternal para protegê-los dele.

“O que? Você pensa que é melhor do que os outros só porque você corre em volta de um campo rolando na lama? Isso te faz legal?” Cuspi essa palavra última. A minha mente subconscientemente buscando para alcançar a informação que meus pais uma vez me disseram sobre valentões, continuei furiosamente, o tom vermelho no meu olhar se tornando mais escuro. “Só porque você pensa que é tão gostoso e atlético e encantador e espertinho, você pensa que te faz melhor do que outros? Isso não faz! Você simplesmente é tão inseguro sobre si mesmo e como você se sente sobre si mesmo que tem de colocar os outros para baixo para se sentir melhor! E isso só te faz um valentão!” Respirei profundamente com a cara fechada.

Então fiquei totalmente consciente de todos os olhos que estavam grudados em nós. Me inclinei para frente para rosnar quietamente emseu ouvido, “Você não é nada além de lixo. E estou muito bem sentando com os meus amigos que sempre serão melhores pessoas do que você. Saia com a pouca dignidade que ainda te sobrou.” Me endireitei e cruzei os braços enquanto a minha visão de cor de sangue desbotava, o vi tropeçar para trás confuso, e depois se ajeitar antes de virar e marchar de volta à sua mesa com a cabeça erguida. Os seus amigos do futebol tremiam segurando risadas silenciosas.

Olhei em volta, e vendo que todo o mundo agora me encarava, sorri angelicamente, silenciosamente me repreendendo por chamar toda essa atenção para mim. “Desculpe pela perturbação. Continuem com o almoço.” E me sentei de volta.

Esperei durante alguns segundos, fitando um buraco no meio da nossa mesa, escutando o silêncio rugindo. Pude sentir as minhas bochechas ficando quentes com toda a atenção. Então os sussurros estouraram, aliviando o ambiente. Uns quarenta e seis segundos completos depois, o refeitório estava tão barulhento como normalmente é. Ignorei os olhares ocasionais de toda a sala. Bom trabalho, Renesmee, pensei de mau humor. Belo modo de se encaixar normalmente.

Incerta se eu queria ver as expressões dos meus colegas de mesa, olhei para cima e me encolhi. Estavam todos me encarando boquiabertos, como se eu tivesse galhas brotando. Senti uma mão quente apertando a minha embaixo da mesa e olhei para minha esquerda, tentando sorrir com a expressão de conforto de Jake.

Olhando de volta aos meus amigos humanos que não tinham movido um músculo, relaxei e sorri, e tentando derreter a tensão disse indiferentemente, “O que? Vocês estão me olhando como se tivessem crescido asas em mim ou coisa parecida.”

Isso pareceu tirá-los de seu devaneio, mas eles ainda tinham expressões de choque misturadas com…admiração.

“Hmm, Renesmee, ” Sophie disse se engasgando, “você simplesmente acabou de dar um fora no cara mais gato e mais popular da escola. Ele basicamente domina tudo aqui.”

Movi meus ombros. “E daí? Isso deveria significar algo para mim? Ele não tinha nenhum direito de falar com vocês daquele jeito.”

Os seus olhares se transformaram em pura admiração agora. Kevin me deu um abraço apertado (Jake ficou tenso ao meu lado).

“Você é tão maravilhosa, ” ele sussurrou.

Senti minhas bochechas ficarem quentes, e então me afastei dele o mais educadamente que poderia. Mas enquanto eu sorria para meus amigos a minha volta, podia ter jurado que um flash de uma outra emoção sinistra cruzou o rosto de Sophie. Quase como…uma inveja perigosa