segunda-feira, março 29, 2010

Eternamente Jovem - Capítulo 04

Lá vamos nós… eu pensei para mim mesma. Edward deu um tapinha no meu joelho, e eu percebi que ainda estava com meu escudo baixado. Eu não sabia o por quê, mas isso me enfureceu, e então eu o recoloquei no lugar.

Eu ouvi Edward deixando escapar um pequeno rosnado que vibrou por seu peito. Ele percebeu que eu havia colocado meu escudo no lugar, bloqueando-o dos meus pensamentos. Eu o ignorei, e focalizei meus olhos em meu pai. “Bem…”, eu disse impaciente.

“Eu tenho boas notícias para vocês, garotos”. Os olhos de Charlie vagavam entre os olhos de Seth e os meus apenas. Eu segui seu olhar para Seth, que parecia tão confuso quanto eu. Se meu coração batesse eu não tenho dúvida de que ele estaria soando exatamente como o de Renesmee. Eu deixei meus olhos vagarem para onde ela estava sentada no chão, aos pés de Jacob, com Claire ao lado dela. Eu estava tão envolvida no que estava acontecendo com Charlie que não havia percebido que ela estava comendo. Claro que ela sempre comia quando Jacob se alimentava de comida humana.

“Bem, Sue e eu…vamos nos casar,” disse Charlie, com o rosto brilhando de excitação.

“Vocês o quê?!”, exclamamos eu e Seth simultaneamente. Charlie deu um pulo para trás, pego de surpresa pela nossa reação.

“Bem, sim…”, ele disse, olhando de volta para Sue. Eu notei que seus olhos estavam arregalados na minha direção, sem piscar. “Eu amo Sue, e nós iríamos adorar se vocês crianças participassem do casamento…”

“CHARLIE!!”, eu gritei, empurrando o braço de Edward de cima de mim. Todas as coisas na sala pareciam agora vermelhas aos meus olhos. Alarmado pelo meu movimento súbito, Edward ficou parado como uma rocha entre meu pai e eu.

“Você tem noção do que vocês estão fazendo?”, eu disse entre dentes apertados. Meus pensamentos voaram para o lobo que estava sentado na minha varanda. Um vampiro com meios-irmãos lobos? Absolutamente não fazia sentido algum para mim. Eu lancei uma olhada rapidamente para Seth, que me atirou um olhar magoado. Ah, ótimo, eu machuquei seus sentimentos. Eu respirei profundamente para me acalmar. Olhando ao redor da tensa e silenciosa sala, percebi que todos os olhares estavam em mim. Jacob e Quil também estavam de pé numa posição protetora na frente de Claire e Renesmee.

“Bella, por favor se acalme.” Implorou Edward, virando sua cabeça para olhar para mim.

“Bells, eu não entendo… eu achava que você gostasse de Sue e de seus filhos?”, sussurrou Charlie, obviamente magoado.

“Eu gosto de Sue e Seth, mas pai…”. Eu deixei minha voz morrer, tentando conseguir uma forma de explicar para ele sem dizer quem eu realmente era. “Lembra daquele negócio de “saber apenas o necessário”?”, perguntei, cruzando os braços. “Bem, é relacionado com aquilo. ” Eu dei de ombros antes de baixar os olhos para Sue, que era a única que permanecia sentada.

“Você”, eu apontei para ela. “Você sabe, e está permitindo que isso aconteça?”. Ela se levantou, ficando em pé na frente de Charlie. Edward posicionou-se ainda mais na minha frente, de tal forma que eu não conseguia nem vê-la.

“Eu sei o que estou fazendo. ” Ela começou suspirando. “Eu amo seu pai, Bella. Vocês três têm que se resolver. ” Ela olhou para fora da janela da frente. Eu me virei para ver Leah olhando para dentro. Seus olhos travaram nos meus. Edward devia ter lido sua mente, porque eu ouvi seu corpo movendo-se ao meu redor para trás de mim, agarrando com força os meus braços.

Leah se afastou da janela, virando suas costas para mim. Já chega! Eu já estava farta da atitude dela. Eu movi meus braços com força, livrando-os do domínio de Edward. Eu sabia que era mais forte que ele. “Bella…”, disse Jacob cauteloso, colocando-se entre mim e a porta.

“Saia do meu caminho, Jake”, rosnei, curvando o lábio superior para mostrar os dentes. Fui mais perto quando ele não se moveu. Suas mãos estavam tremendo, mas eu o ignorei. Passei por ele rapidamente, antes que ele tivesse sequer percebido que eu havia me movido. Eu ouvi Charlie engasgar atrás de mim. Merda! Eu teria que explicar-lhe isso mais tarde.

“Leah!”, eu gritei, saltando através da entrada e aterrissando a mais de 3 metros de onde havia saído. Eu virei meus olhos, ouvindo Charlie mais uma vez no interior da casa.

“O que você quer?”, ela perguntou, com suas mãos trêmulas.

“Eu quero saber qual é o seu problema! Que você não gosta de mim eu entendo, mas nossos pais parecem querer juntar nossos mundos. ” Leah estava se certificando de manter uma boa distância de mim.

“Eu gosto do seu pai! Não é culpa dele por quem ele se apaixona. Não estou certa?”, ela perguntou sarcasticamente, levantando uma sobrancelha para mim. “É de você que eu não gosto.” Seus olhos passaram de mim para Edward e de volta para mim. “Vocês dois me enojam, e eu me recuso a ser parte da…sua família”.

Eu dei um passo na direção dela, com minhas duas mãos fechadas em punhos. Um rosnado rasgava através do meu peito. “Por que você não cresce de uma vez, Leah?”

“Eu não estou gostando disso tanto quanto você, parasita!”. O corpo inteiro de Leah tremia neste momento.

“Por que você não pode deixar pra lá, Leah? O que nós fizemos para você?! Eu sinto muito se sua vida é miserável, mas isso não é nossa culpa… filhotinha!” Meus lábios estalaram no fim da palavra.

“Garotas…do que vocês estão falando?”, eu ouvi a súplica do meu pai atrás de mim. Eu percebi pela primeira vez que estava cercando Leah para dentro da floresta. “Fique longe, Charlie”, Edward o alertou.

“Bella!”, eu pude ouvir alguém atrás de mim. E então a mão de Edward estava no meu ombro. “Controle sua esposa, sanguessuga!”, Leah gritou para ele.

“Eu me recuso a ser parte da sua família nojenta!”, Leah cuspiu as palavras em nós mais uma vez. Eu segui seu olhar, passando por mim até o rosto chocado pressionado na janela frontal da casa. Jacob estava com o braço firme ao redor de Renesmee, enquanto ela me assistia.

“O que você está insinuando?” Eu já sabia sua resposta, mas eu perguntei de qualquer forma, virando de costas para ela.

“Sua monstrinh… ”, ela não terminou antes que um rosnado profundo rasgasse pelo meu peito enquanto eu aterrissava sobre ela soltando um grito alto e agudo que eu nunca havia ouvido antes.

Eternamente Jovem - Capítulo 03

O sol primaveril estava quente na minha pele. Balançando lentamente na cadeira na varanda, eu sorriaassistindo Renesmee perseguir uma borboleta no quintal da frente. Olhando meus arredores, um observador normal pensaria que éramos uma familia comum. Apesar de eu parecer um tanto jovem para ter uma filha de 4 anos. Pensando na idade de Renesmee, eu não podia deixar de perceber o quão lento o crescimento dela havia se tornado. Faziam 4 meses desde que os Volturi haviam vindo para destruir o núcleo da minha existência. Desde então, na minha percepção, ela não havia crescido mais do que alguns centímetros de lá até agora. Carlisle andava ocupado realizando mais pesquisas porque Renesmee parou de crescer em seu ritmo acelerado. Nós sabíamos que ela estava desacelerando porque Carlisle insistia em medí-la todos os dias desde que ela havia nascido.

Eu pensei a respeito das palavras de Nahuel, o gracioso meio-vampiro meio-humano que ajudou a salvar a vida da minha filha. Ele havia contado para Aro que ele estava completamente desenvolvido em apenas sete curtos anos após seu nascimento. Eu olhei para Renesmee de novo, rindo para mim mesma por ela ter desviado sua atenção para um esquilo que subiu em uma árvore enquanto ela o perseguia. Ela soltou uma risada alta e aguda enquanto corria ao redor da base da árvore.

“Onde está Claire?”, Renesmee me perguntou vindo para sentar na cadeira de balanço comigo. Nos últimos meses Jacob havia levado Renesmee para La Push para ajudar Quil a manter Claire distraída. Claire agora tinha 4 anos, e então as duas acabaram tornando-se amigas próximas. Apesar de a maneira das duas falarem ser imensamente diferente, quando elas estavam juntas nenhumas delas notava a diferença. Eu sabia que elas seriam amigas por toda a vida, levando em conta com quem elas acabariam casando quando ficassem mais velhas.

“Jacob e Quil chegarão aqui em cerca de uma hora,” eu respondi, inalando o doce aroma da primavera. Os aromas ao meu redor eram novos, pois eu havia me tornado uma vampira no outono. O cheiro da floresta era muito diferente na primavera. A floresta inteira cheirava como uma floricultura gigante, com um forte toque de pinho fresco. Eu podia ouvir vários coraçõezinhos de animais recém-nascidos batendo ao redor da minha pequena cabana.

“Isso é muito tempo.” Resmungou Renesmee, trazendo-me de volta dos meus pensamentos.

“Olá, moças”, entoou Edward caminhando através da abertura entre as árvores.

“Como está Carlisle?”, perguntei, enquanto ele levantava Renesmee da cadeira para poder se sentar. Ele a acomodou em seu peito e começou a nos balançar devagar, e eu apoiei minha cabeça em seu ombro.

“Confuso. Ele quer fazer mais testes.”

“Por quê? O que há de errado?”. Minha voz soava preocupada, mas eu não tinha a força necessária para tentar disfarçar. O rosto de Renesmee espelhava o meu, enquanto esperávamos que ele respondesse.

“Ele acha que ela parou de crescer. Ela não cresce desde antes…”. Ele deixou sua voz morrer, não querendo terminar a sentença.

“Mas, para sempre?”, eu perguntei, sem compreender. “Mas Nahuel atingiu…”

Edward me interrompeu, “Sim, mas Renesmee regrediu para um ritmo de crescimento igual ao de um humano. ” Ele disse as três últimas palavras lentamente.

“Então… ela vai continuar crescendo agora em um ritmo normal?”, perguntei, tentando juntar as peças do que ele estava me dizendo.

“É o que o Carlisle acha.”

“Mas como?”, eu comecei, mas não sabia exatamente o que era que eu queria perguntar.

“Ela é especial.” Disse Edward dando de ombros e beijando o topo da cabeça de Renesmee.

Eu pensei a respeito dessa nova informação por um tempo que pareceu uma eternidade. Será que eu seria realmente capaz de ver minha filha crescer num ritmo normal? Eu amava a idéia de que ela permanecesse pequena por mais tempo, mas isso ao mesmo tempo me preocupava. Nahuel havia dito que suas irmãs cresceram no mesmo ritmo que ele. Eu não via diferença nenhuma em Renesmee. Ambos tinham um pai vampiro, e na época uma mãe humana. Eu fiz uma nota mental de conversar com Carlisle eu mesma. Percebendo que eu estava sozinha na cadeira, eu olhei ao meu redor para ver para onde todos tinham ido. Eu ouvi Edward lá dentro, falando com alguém no telefone.

Quil e Jacob estavam aparecendo e desaparecendo dentre as árvores, brincando de esconde-esconde com Claire e Renesmee. Eu olhei para o sol que começava a se pôr atrás das montanhas e me levantei. “Vocês estão com fome?”, eu disse chamando os quatro.

“Morrendo!”, disseram Quil e Jacob ao mesmo tempo.

Eu virei os olhos para eles. “Típico”.

“Ei, Bella?”. Eu me virei na direção da casa, seguindo a voz de Edward. Ele me passou o telefone, sorrindo. Eu levantei minhas sobrancelhas para ele hesitando. “Seu pai”. Eu relaxei e peguei o telefone de sua mão.

“Oi, pai”. Eu não tinha mais que me preocupar em disfarçar minha voz perto dele. Ele havia lidado muito bem com as minhas mudanças, com sua atitude de “saber apenas o necessário”.

“Oi, Bells… er…você tem um minuto?” Ele perguntou hesitante.

“Sim, claro. Ainda estou mal começando o jantar. ” Eu omiti a parte em que o jantar era apenas para alguns poucos selecionados.

“Eu meio que, hmm… preciso falar com você…pessoalmente. Eu preferiria que não fosse por telefone”. Seu tom era o mesmo de quando ele tentou conversar comigo sobre sexo há mais ou menos um ano. Eu ri por dentro, pensando que era um pouquinho tarde demais para conversas como essa.

“Por que você não vem pra cá então? Eu estou preparando alguns hambúrgueres e hot-dogs, eu faço alguns a mais. Traga a Sue. ” Sugeri.

“Parece ótimo! Nós estamos indo praí já. Oh, e o Seth e a Leah estão com a gente. ” Ele hesitou em dizer o nome de Leah, sabendo que ela e eu nunca havíamos nos dado bem.

“Tudo bem, pai”, eu lhe assegurei, tirando outra embalagem de carne do freezer. “Os vejo em breve”, eu disse antes de desligar o telefone. “Quais são as novidades?”, eu perguntei, virando-me para Edward. Ele apenas deu de ombros, fingindo trancar seus lábios e jogar a chave fora. Eu revirei os olhos. “Bem infantil, Edward”. Ele soltou uma gargalhada antes de sair da cozinha. “Você realmente não vai me contar?”, eu choraminguei, seguindo-o.

Ele continuou a andar em direção à porta de entrada, parando para virar-se e piscar para mim. “Ugh!”, eu me virei de costas para ele, caminhando na direção do fogão com passos pesados, tentando fazer o máximo de barulho que eu conseguisse. Eu ouvi a porta se fechando e os passos de Edward pelo pátio de pedra. “Covarde”, eu disse por cima do meu ombro, alto o suficiente para que ele ouvisse. Eu ouvi uma risada vinda do lado de fora, e sabia que era dele.

Enquanto eu moldava a carne em hamburgueres, eu pensei sobre o que meu pai poderia querer me dizer. Teria Sue contado à ele sobre o segredo da minha família? Saberia ele que Seth e Leah são lobisomens como Jacob? Eu tentei espantar os milhões de pensamentos que estavam correndo pela minha cabeça, mas não consegui. Eu decidi cantarolar a canção de ninar que Edward havia escrito para mim há o que parecia décadas atrás.

“Alguma coisa está cheirando absurdamente bem. ” Eu ouvi a voz de Seth se aproximando. Eu me virei contra o fogão no exato momento em que a porta se fechava detrás dele.

“Ei, Seth,” eu disse enquanto ele beijava minha bochecha. Seth sempre havia sido meu favorito dentre o bando de lobos. Eu sabia que ele também era o de Edward. Seth foi um dos primeiros lobos a realmente respeitar nós vampiros. Eu lhe devia minha vida, que ele havia salvo durante o ataque dos recém-nascidos no último inverno. Eu fiquei feliz quando sua mãe começou a namorar o meu pai. Apesar de sua irmã, Leah nunca ter gostado de nenhum de nós. Mesmo tendo o fato de sua mãe estar saindo com o pai dessa vampira aqui.

“Precisa de ajuda?”, perguntou Seth, inclinando-se por cima do fogão para sentir melhor o cheiro da comida.

“Não, está quase pronto. Você pode chamar os outros?”, perguntei, puxando pratos de papel e os colocando numa pilha em cima da mesa.

“Claro!”, disse ele, já a caminho da saída. “Comida!”, eu o ouvi gritar da porta.

“Finalmente!”. Eu sabia que essa tinha que ter vindo de Jacob.

“Você sempre pode caçar sua própria comida,” eu disse sarcasticamente enquanto ele entrava pela porta da frente com Renesmee pendurada em suas costas. Ele rosnou para mim antes de me mostrar o sorriso Jacob que eu sempre amei.

Eu permaneci na porta, assistindo à fila de pessoas entrando em minha casa. “Ei, pai,” eu sorri enquanto meu pai entrava. Eu o abracei com delicadeza, beijando sua bochecha.

“Como vai você, garota?”, ele perguntou, colocando as mãos em meus ombros. Ele passou os olhos por mim rapidamente, um flash de confusão em seus olhos. “Não mudou nada.”

Eu ri nervosa. “É bom te ver também, pai”. Eu olhei para Sue, atrás dele, e sorri.

“Olá, Bella”. Ela sorriu educadamente, apertando o topo do meu braço antes de caminhar até os outros. Vasculhei a sala, percebendo que Leah não estava ali. Eu inclinei a cabeça para ver lá fora, e certamente era ela sentada na cadeira na varanda olhando para as árvores.

“Não vai entrar?”, eu disse seca, mas tentando soar educada. Eu era agradecida a Leah por ela ter ficado na linha de frente para proteger minha filha, mas eu sabia que ela fez isso estritamente seguindo ordens do seu alpha. Mas eu nunca a perdoaria por ela ter me ferido do jeito que ela fez quando eu estava grávida.

“Eu acho melhor não.” Ela nem tentou ao menos esconder a raiva em sua voz.

“Que seja. ” Suspirei batendo a porta, só um pouco forte demais. As paredes tremeram, e todos se viraram para olhar para mim. Edward refletia a aparência espantada do meu pai. “Desculpe.” Murmurei, indo sentar ao lado de Edward. Eu nem podia me jogar no sofá e me esparramar. Meu novo corpo gracioso não me deixava. Então eu fiz um biquinho e cruzei os braços.

“O que foi?”, murmurou Edward baixo o suficiente para que apenas eu ouvisse. Não querendo falar em voz alta, eu coloquei o braço ao redor dos ombros de Edward com indiferença, descansando minha mão em sua bochecha. Eu derrubei meu escudo facilmente; não era difícil lidar com meu escudo quando fico irritada.

Aquela vira-lata lá fora está acabando com minha paciência. Eu senti Edward tenso quando ele percebeu minha raiva através dos meus pensamentos. Ele colocou sua mão em meu joelho, me tranquilizando. Ele se inclinou no encosto do sofá, segurando-me no lugar com o ombro, seu cotovelo esmagando minhas costelas, o que provavelmente as quebraria se eu fosse humana. Ele olhou para mim pelo canto dos seus olhos, e eu sabia que ele estava esperando que eu saltasse. Mesmo que eu fosse adorar fazer isso, eu olhei ao redor da sala tomando consciência de que nós éramos uma minoria frente aos lobos, e também que meu pai estava ali.

Eu estou bem. Pensei, soltando um suspiro alto enquanto deixava Edward continuar me segurando onde eu estava. Para todos os outros parecia que ele apenas estava descansado a mão na minha perna, então ele sabia que nós não iríamos chamar a atenção de ninguém.

Charlie pigarreou enquanto se levantava, colocando seu prato na cadeira em que ele estava sentado.

sexta-feira, março 26, 2010

Eternamente Jovem - Capítulo 02

O sol da manhã brilhava forte pelas janelas da sala, enquanto refletiam a neve do lado de fora. Eu olhei para minha pele que brilhava, sorrindo para mim mesma enquanto repousava o meu braço ao lado do de Edward. “Nós combinamos”. Eu ri, olhando para o rosto lindo dele. Ele sorriu, concordando com a cabeça, então ele pegou o meu braço e traçou um caminho de beijos desde a ponta dos meus dedos até meus lábios. Eu pressionei o meu corpo contra o dele, envolvendo meus braços em seu pescoço. Ele segurou meu pulso, me afastando. Eu soltei um resmungo, mas não insisti. Eu sabia que Renesmee logo iria acordar, e então levantei e caminhei até a cozinha. Edward seguiu atrás, andando até a geladeira. Ele tirou 3 ovos e os colocou em cima da mesa.

Mesmo que Renesmee fosse meio-humana, ela preferia sangue a comida de verdade. A única comida que conseguíamos fazê-la comer eram ovos. Quando ela era menor nós estávamos tentando fazê-la se alimentar de comida humana ao invés de sangue de doações, eu me lembrei que quando estava grávida dela ovos eram a única coisa que eu conseguia comer. Eu sentei, observando Edward fritar os ovos.

“Oi, manhosa, ” eu sorri para a pequena garota dorminhoca parada na entrada. Ela bocejou, arrastando seus pés enquanto andava na minha direção. Eu a puxei para o meu colo, e ela se encostou em meu peito. Ela empinou o nariz, sentindo o cheiro no ar.

“Yumm, ovos!”, ela comemorou, escorregando para fora do meu colo e encolhendo-se embaixo do braço de Edward para assistí-lo cozinhar. Ele a empurrou para longe do fogão, enquanto colocava os ovos em um prato.

“Vá para a sua cadeira, ” disse Edward, acenando com a cabeça na direção da cadeira ao lado da minha, que tinha um assento elevado. Ela obedeceu e subiu nela com facilidade. Ele colocou o prato na frente dela, e ela inalou o aroma dos ovos antes de colocar as mãos espalmadas no prato. Edward pigarreou e buscou um pequeno garfo. Ela virou os olhos e o pegou, espetando os ovos.

Eu me recostei na cadeira, tentando esconder meu riso. Embora Renesmee não tivesse nem um ano de idade, ela aparentava uma criança de 4 anos. Ela era mais inteligente que crianças de 4 anos em alguns aspectos, mas na maior parte do tempo ela agia como alguém de sua idade (ou da idade que aparentava). “Nessie, por favor, mantenha a comida dentro da sua boca”. O tom de Edward me trouxe de volta dos meus pensamentos. Eu levantei o olhar e a vi sorrindo escancarado com a boca cheia de ovo para seu pai. Ele estava ajoelhado, limpando o chão sob a cadeira dela. “E então, você tem o corpo de uma criança de 4 anos, mas não completou nem um ainda. Será que nós vamos ficar presos nos terríveis dois anos?”, perguntou Edward, levantando o olhar para ela. Ela deu de ombros e me olhou.

“Pronto!”, ela cantarolou, empurrando seu prato para mim.

“Você só deu algumas mordidas, ” eu disse apontando para seu prato ainda cheio. “Se você não comer eu vou ligar pro Jacob e dizer pra ele não te levar pra caçar mais tarde. ” Eu falei isso enquanto andava na direção do telefone, piscando para Edward. Ele me lançou um sorriso e rapidamente ficou sério de novo para olhar para Renesmee.

“É verdade. Eu li a mente dela, ” mentiu ele, colocando o prato de volta na frente dela. Com uma bufada, ela pegou o garfo e continuou a comer em silêncio. Eu coloquei o telefone de volta no suporte e saí da cozinha para me vestir. Fiquei parada, impassiva, dentro do closet gigantesco que minha amada cunhada havia feito para mim. Edward me ensinou a reconhecer os diferentes aromas dos tecidos, e assim eu encontrei facilmente uma calça jeans. Eu a vesti, enquanto escolhia uma blusa. Peguei uma azul no cabide e a coloquei. Dei uma olhada no espelho de corpo inteiro do closet e acenei com a cabeça, indo para o banheiro para pentear meu cabelo embaraçado. “Não importa o que você faça, você sempre será maravilhosa. ” disse Edward, vindo detrás de mim. Eu virei os olhos dando-lhe uma cotovelada nas costelas de brincadeira. Ele se inclinou para a frente esgasgando.

“Oh, desculpe!”, eu me virei para ele num salto. “Eu sempre esqueço”. Ainda uma recém-nascida, às vezes eu esquecia da minha força. Ele apenas riu e se endireitou.

“Está tudo bem”, ele disse me beijando. “Eu gosto,” ele deu um sorrisinho maroto, piscando para mim. Eu ri e lhe dei um tapinha de brincadeira.

“Ei, sanguessugas!”, chamou Jacob enquanto entrava pela porta. Por que ele tem que nos chamar assim? Renesmee gostava de aprender palavras que ela não deveria.

“Jakey!”, gritou Renesmee da cozinha. Eu pude ouvir seu copo de leite derramando enquanto ela pulava da cadeira. Vi Edward balançar a cabeça, e soube que ele também ouviu.

“Ei, jovenzinha!”, disse Jacob enquanto Edward e eu entrávamos na sala. Renesmee pulou para os seus braços, e ele a pegou com facilidade. Ele a levantou sobre sua cabeça e a jogou levemente. Ela gargalhou com prazer enquanto seu cabelo se esparramava por seu rosto quando ela aterrissava em seus braços.

“Ei, Jake”, eu disse, ficando na ponta dos pés para beijá-lo na bochecha. “Como foi sua noite?”, perguntei, seguindo-o até o sofá.

“Nunca dormi tão bem na minha vida”, ele suspirou, apoiando a cabeça no encosto e batendo suas mãos nas de Renesmee.

“Eu não!”, disse Renesmee, deixando suas mãos caírem. “Eu tive um pesadelo, mas mamãe fez tudo melhorar”. Ela sorriu para mim, e eu não pude evitar sorrir de volta.

“Ei, Jacob”. Edward saiu da cozinha secando suas mãos pelo leite derramado.

“Ei sanguess…”

“Jake! Por favor, não na frente de você sabe quem. ” Eu pedi, mirando minha filha no colo dele. Ela estava prestando atenção em cada palavra que ele dizia.

“Edward”, bufou Jacob.

“Obrigada”, sorri. Eu amava Jacob, mas na maior parte do tempo ele me irritava. Ele era tão doce antes de se tornar um lobisomem. Eu sentia falta do antigo Jacob, mas sabia que as coisas haviam mudado. E eu podia notar que ele também sentia falta da antiga Bella, mas eu também havia mudado. Além do mais, ele não me devia nada a não ser honra e obediência, dado que ele havia sofrido um imprinting na minha filha. Eu tremi com o pensamento, mas o suprimi. Eu não culpava mais ele por isso, mesmo que eu nunca fosse me acostumar. Jacob e eu sempre tivemos uma conexão forte quando eu era humana. Parte de mim sabia que antes eu era atraída para ele, assim como outra parte era atraída para Edward. Grata por toda aquela luxúria entre mim e Jake ser agora pura amizade, eu podia compreender que era apenas Renesmee nos atraindo para perto um do outro. Eu suspirei, afastando os pensamentos da minha cabeça. “E então, quais são os planos para hoje?”, perguntei, cruzando as pernas. Fingir que era humana estava ficando mais fácil agora. Eu já era capaz de agir como uma sem pensar. Eu olhei para Edward quando ninguém me respondeu.

“Eu não sei, ” ele deu de ombros, sentando-se perto de mim. “Eu não planejava viver depois do dia de ontem, ” disse ele, baixo o suficiente para que Renesmee não ouvisse. Eu olhei rapidamente para Renesmee para ver se ela havia escutado, mas relaxei quando vi que ela estava ocupada mostrando para Jacob algo que ela tinha em mente. Devia ser algo bom, pelo enorme sorriso no rosto dele. Eu voltei minha atenção ao meu marido… Eu estava me acostumando com a palavra, marido. Ela estava crescendo em mim.

“Bom, Jake vai levar Renesmee para caçar durante o dia.” Eu segurei as mãos dele nas minhas. Ele entrelaçou nossos dedos apertando minhas mãos.

“O que você está sugerindo, Sra Cullen?”. Eu estranhei, ainda não acostumada com meu tão recente nome.

“Eu estou sugerindo que nós também fóssemos caçar”. Eu ri quando a pontada de esperança que estava em seus olhos desapareceu. “Você está com sede, ” adicionei, soltando sua mão direita para traçar os círculos escuros sob seus olhos.

“Assim como você, ” ele acusou, inclinando-se para dar beijos sob cada um dos meus olhos.

“Quintal!”, gritou Renesmee, deslizando do colo de Jacob. Sua voz aguda me libertou das profundezas dos olhos de ônix de Edward.

“Quarto.” eu disse simples, pegando-a no meio do caminho para a porta.

“Ah, como assim?!”, ela choramingou lutando contra meu forte aperto. Ela logo desistiu, sabendo que não ia vencer.

“O que você quer vestir?”, eu perguntei, parada em frente ao enorme closet em seu quarto que Alice havia construído para ela.

“Vestido bonito, ” ela sorriu, apontando para um vestidinho de verão de cor rosa e azul.

“Está frio demais”, eu ri, balançando minha cabeça.

“Aquele!”, ela gritou, caminhando para dentro do closet. Eu segui logo atrás. Ela estendeu os braços enquanto eu pegava sua calça rosa e sua blusa rosa e roxa combinando. Ajudei-a a se vestir, apesar de ela ter insistido em fazer a maior parte sozinha. Eu amarrei seus cadarços e penteei seus cachos.

“Pronta para ir?”, perguntou Jacob, batendo na porta aberta do quarto de Renesmee.

“Tudo pronto”, eu disse, tirando Renesmee do meu colo. “Linda.” eu disse enquanto ela girava na minha frente. Eu lhe entreguei o pente e ela correu para o banheiro para guardá-lo. Dentro de dois segundos ela já estava de volta, segurando nas mãos de Jacob.

“Vamos, Jakey!”, ela cantarolou, puxando as mãos dele com toda a força. Mesmo que ela fosse forte, não era o suficiente para fazê-lo se mover.

“Sim, Jakey”, eu provoquei enquanto passava por eles na entrada. Ele apenas revirou seus olhos, zombando das minhas palavras.

Nossa caçada não foi tão excitante quanto eu pensava que seria. Eu sabia que Edward estava se sentindo da mesma forma. Nós dois ficamos preocupados por não ter nossa filha sob nossa proteção. “Ela está segura com Jacob. ” Eu assegurei Edward, e também a mim mesma. Ele deu um apertão forte na minha mão enquanto nós andávamos em velocidade humana pela encosta rochosa da montanha.

“Eu sei, mas acho que é cedo demais para ela sair do nosso campo de visão.” Ele suspirou, baixando o olhar para seus sapatos.

“Você já terminou?”, perguntei, soltando sua mão. Ele me olhou confuso. “Vamos encontrar nossa filha.” Eu disse, caminhando na frente dele. Ele seguiu logo atrás.

“Você leu minha mente”, ele brincou, agarrando a minha cintura. Eu acelerei o passo e o escutei fazendo o mesmo.

“Corrida!”, eu gritei, por cima do meu ombro.

Eternamente Jovem - Capítulo 01

“Edward”, pensei, sorrindo para mim mesma enquanto tocava sua bochecha suavemente.

“Hmm?”, ele virou a cabeça, sorrindo em meu cabelo. Seu tom soava como se eu o tivesse acordado, apesar de ele não dormir há mais de cem anos. Depois do dia que havíamos tido, era boa a sensação de estar deitada na nossa linda cama king size.

“Eu te amo”, pensei, sentindo seus braços se apertando mais ao meu redor. Ele se deitou de lado, ainda me abraçando.

“Eu – amo – estar – dentro – da – sua – cabeça”, ele sussurrou, dando beijos em minha cabeça entre cada palavra. Eu soltei um risinho, aninhando-me para mais perto dele. Eu suspirei, lembrando do tempo em que seu corpo parecia frio demais para meu toque humano. Agora tocá-lo não transmitia nada a não ser calor.

“Nós quase perdemos um ao outro hoje”, eu disse, dessa vez em voz alta, traçando desenhos em seu torso nu. Senti seu corpo enrijecer e uma vibração passar por seu peito. Eu espalmei minha mão, sentindo as vibrações que emanavam de dentro dele.

“Shhh…Meu amor, nós todos estamos aqui seguros agora. Coloque essa mente linda para descansar. Não há nada com que se preocupar,” ele sussurrou suavemente no meu ouvido.

Nós permanecemos deitados quietos por alguns instantes, ouvindo a respiração um do outro. Eu podia ouvir as batidas que soavam como um passarinho do coração da nossa filha vindo de seu quarto. Eu fechei meus olhos, escutando a respiração leve dela. Deixei minha mente vagar pelos eventos que aconteceram apenas algumas poucas horas antes desse exato momento. Eu me contraí com a lembrança de ter que colocar minha filha, minha única filha, frente ao perigo. Edward tensionou-se ao meu redor, trazendo-me de volta dos meus pensamentos. Meus olhos abriram-se de súbito, alarmados. Ele sentou-se na cama, puxando os lençóis com ele. Eu me sentei também, puxando o cobertor para me cobrir. Meus olhos e ouvidos vasculharam atrás de algum sinal de perigo, mas eu não conseguia ver ou ouvir nada. Eu coloquei minha mão esquerda no seu braço, lançando um olhar para a minha aliança de casamento, e então me recompus.” O que foi?”, sussurei, as palavras saindo rápido demais para que qualquer humano fosse capaz de entender. Edward não respondeu, inclinando-se rapidamente sobre a lateral da cama e atirando sua camisa para mim.

“Vista isso”, ele disse, movendo-se rápido para fora da cama e vestindo sua cueca e sua calça moleton. Eu olhei para ele confusa, com minhas sobrancelhas formando uma linha reta na minha testa.

“Edward…”. Antes que eu pudesse terminar, ele estava de volta na cama, passando meus braços pelas mangas da camisa e abotoando-a com agilidade. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa a mais ele apontou para a porta. Eu segui seu gesto e olhei para a porta fechada do quarto. Como se houvesse sido combinado, neste momento houve uma leve batida do outro lado, seguido por um choramingo.

“Mamãe?”. Era Renesmee. Eu empurrei as cobertas e disparei para fora da cama. Cheguei até a porta num salto ligeiro por sobre o quarto. Aterrissando delicadamente perto da porta, eu a abri com tudo. Renesmee levantou o olhar para mim, segurando com força o lobo de pelúcia que Jacob havia lhe dado logo que ela nasceu. Eu me ajoelhei na frente dela, secando as lágrimas em seus olhos.

“O que foi, querida?”, perguntei, retirando um cachinho caído em seu rosto. Ela esfregou o rosto no cachorro em suas mãos antes de olhar para mim.

Ela fungou uma vez e respondeu: “Eu tive um pesadelo”. Seu sussurro se partiu na última palavra, e ela se atirou em meus braços. Eu a abracei apertado, tentando acalmá-la. Sem nenhum esforço, eu a levantei e a carreguei até a cama. Edward estendeu seus braços abertos enquanto eu a sentava entre nós dois. Ela rastejou até seu colo e curvou-se para aninhar-se em seu peito. Ela enfiou o lobo debaixo de seu braço, levantando o rosto para mim. Eu podia ver claramente o medo em seus olhos, e daria tudo para fazê-lo ir embora.

“Me mostre o que você viu”, eu disse, sem tirar meu olhar de seus lindos olhos castanhos. Ela concordou com a cabeça, e empurrou o lobo para entre sua perna e o estômago de seu pai. Lentamente, ela inclinou-se para longe dele, colocando as duas mãos nas minhas bochechas. Imediatamente eu vi um fluxo de imagens de hoje mais cedo. Mas estas eram diferentes: não havia final feliz.

No sonho ela estava observando a cena de cima dos largos ombros de lobo de Jacob, impassiva. Assistindo os Volturi matarem cada membro da nossa família. Ela gritava para eles pararem, agarrando de mão cheia os pêlos de Jacob. Ela baixou os olhos para mim, com os seus cheios de lágrimas, enquanto eu empurrava Jacob na direção das árvores. “Vá!”, eu gritei ao mesmo tempo em que ele se virava como eu havia mandado. Ela se virou de volta a tempo de ver Edward tentando se colocar na minha frente para me proteger, enquanto nós dois éramos engolidos por chamas.

Eu engasguei procurando pelo ar de que não precisava, enquanto empurrava as mãos dela para longe do meu rosto. Puxando-a do colo de Edward, eu a aninhei no meu próprio, a ninando para frente e para trás. Ela envolveu seus braços em meu pescoço com força, soluçando de encontro à ele. “Papai e eu não vamos a lugar nenhum. Eu prometo”, eu disse, esfregando suas costas suavemente.

“Mas…eu…vi…”, ela começou a soluçar, mas eu a interrompi.

“Foi apenas um pesadelo. Você sabe que meu escudo vai impedir que qualquer um de nós se machuque”. Eu senti seu corpo relaxar em meus braços, e eu relaxei com ela. Eu levantei os olhos para Edward, que estava me assistindo com um olhar zombeteiro. “O que foi?”, eu perguntei, estreitando meus olhos para ele. Como ele podia não estar preocupado com sua filha?

“Ela é definitivamente sua filha ”, ele deu de ombros, dando tapinhas nas costas dela. Eu levantei uma sobrancelha, e Renesmee se virou nos meus braços para olhar para ele.

“O que você quis dizer com isso?”

“Quero dizer, os sonhos dela. São exatamente iguais aos seus quando você era humana”. Ele deu um risinho e tocou a ponta do nariz de Renesmee. Ela o enrugou, sorrindo para ele. Eu virei os olhos, lançando para ele um sorriso torto.

“Posso dormir aqui hoje?”, perguntou Renesmee com sua vozinha alta.

“Claro”, Edward sorriu puxando as cobertas para que ela pudesse rastejar para baixo delas. Ela se ajeitou até chegar numa posição confortável. Eu prendi o cobertor ao redor dela, entre Edward e eu, de forma que nós não a deixássemos com frio. Ela segurou nossos braços com força, com seu lobo vermelho e cinza socado ao seu lado. Edward descansou a cabeça perto da dela, murmurando uma canção de ninar que eu nunca havia ouvido antes. Ela logo caiu num sono profundo. Quando eu ouvi sua respiração tornar-se profunda e uniforme, eu sorri para Edward.

“Essa é nova. ”

“Eu escrevi para ela. Era uma das únicas coisas capazes de acalmá-la quando ela nasceu, e você estava…dormindo. ” Eu concordei com a cabeça, inclinando-me por cima da minha filha para beijar meu marido.

“Sala de estar?”, pensei, arqueando minhas sobrancelhas. Edward estava fora da cama, me levantando em seus braços sem esforço algum, e disparando por nossa pequena cabana. Eu soltei um risinho quando ele me atirou no sofá, e em seguida veio o seu corpo.

quinta-feira, março 18, 2010

Singularity - Epílogo

*Nota: Queria mostrar que o amor nunca é fácil, nem mesmo para vampiros, então escolhi Jasper para passar essa mensagem.*

[Jasper]

A chuva me atingiu com o seu ritmo incessante enquanto eu caminhava pela rua. A maioria dos humanos tinha guarda-chuvas, mas eu, evidentemente, não tinha nenhum. Eu nem sequer precisava de roupas realmente, mas era difícil caçar humanos enquanto estava nu. Eles tendem a olhar fixamente.

Eu podia sentir a queimadura dolorosa crescendo enquanto eu passava por minha inocente presa, mas eu não podia permitir-me a caçar. Ainda não. A dor em minha garganta ainda não era mais forte do que a dor que eu sentiria.

Eu não tinha deixado isso me afetar por mais de quatro anos, mas seu medo de morrer e a dor ainda estavam registrados. Eu detestava sentir a sua dor. Eu detestava a caça. Eu estava tão cansado de tudo.

A idéia de que eu deveria ir para a D. C. , ou talvez Nova York, e irritar um clã passou pela minha mente novamente. Eu estava perto, muito perto, para acabar com tudo isso, mas eu não estava lá ainda. Quantos mais morreriam até que eu destruísse o horror que era eu mesmo? Eu encolhi e virei uma esquina e tentei voltar minha mente para aquele caminho.

Ele vagava na direção errada. Lembrei-me da última vez que eu senti uma forte emoção.

Eu estava andando em uma estrada escura acima da cidade de Pittsburgh. O casal de meia idade em um carro próximo estava tão feliz e tão apaixonado que eu podia senti-los à distância. Eu nem estava realmente com fome. Foi a sua felicidade que me atraiu para eles, me fez odiá-los, e me levou a matá-los.

Eu tomei uma respiração enquanto a dor da memória, o medo do casal e a perda, me atingiram novamente. Eu tinha assassinado por ciúmes. Eu tinha saltado à frente de seu carro e levado suas vidas, porque eles tinham alegria e eu não tinha nada além de morte e de dor infinita.

Eu tinha chorado sobre seus corpos rasgados e mortos antes de ter jogado o carro deles fora da estrada. Esse foi o último vestígio de sentimento que eu tinha sentido em cinco anos.

Foi também quando eu decidi ficar na costa leste e encontrar um clã para me matar.

Agora, o pouco que me restava era protegido por um escudo impenetrável que geralmente me protegia das constantes feridas e memórias. Eu tinha construído uma camada externa, para os outros verem, e uma camada interna de proteção. Eu tinha despedaçado, queimado e rasgado toda a emoção que eu já senti para parar a dor. Se eu não tivesse sentimentos, eu não poderia refletir plenamente os de minhas vítimas, e era muito mais fácil matar os outros, quando eu só sentia a sua dor. Eu tinha me destruído para sobreviver.

Não importa o quanto de mim mesmo eu destruí, no entanto, nada poderia proteger-me completamente da dor de minha presa.

Eu virei a esquina de novo, movendo muito rapidamente com minha raiva.

Eu notei os olhares dos humanos em torno de mim e decidi entrar em um prédio para esperar a chuva. Foi uma escolha perigosa, porque eu estava com muita fome, mas depois de oitenta e quatro anos eu esperava que alguma dose de autocontrole tivesse permanecido.

Eu comecei a olhar em volta e vi um pequeno restaurante numa esquina. Era tão normal, e ainda assim muito diferente. Levei um segundo para perceber o porque. As emoções provenientes dessa pequena mancha de luz eram maravilhosas, e eu me deixei levar por elas. Felicidade, alegria e antecipação irradiavam do local.

Eu não deveria entrar. Eu iria destruir sua alegria, mas me senti tão bem contra o vazio de mim mesmo, como a luz do sol em gelo.

Eu me preparei enquanto abria a porta. Minha garganta e o monstro estavam ambos gritando para eu matar os humanos instantaneamente. Eu era plenamente capaz disso. No entanto, eu estava determinado que as pessoas aqui não deveriam morrer por minha causa. Eu segurei minha respiração e empurrei a porta de vidro para abrir, sem olhar para ninguém.

Eu mantive meus olhos para baixo, sentindo o medo que sempre vinha com a minha presença. Isso me avisaria do ataque.

O que eu recebi foi uma explosão de alegria tão intensa que doía.

Olhei para cima para ver a origem dela, e peguei os olhos de dois homens velhos e gordos. Eu comecei a varrer a sala, curioso pela origem de tanta emoção, e eu a encontrei.

Ela era a mais bem vestida, a mais estranha vampira que eu jamais tinha visto. Ela tinha olhos de mel que me olhavam maravilhados.

Reagi como sempre faço com a minha própria espécie. Preparei-me para matá-la.

Então, ocorreram três coisas ao mesmo tempo. Primeiro, eu percebi que sua alegria era destinada a mim e estava se espalhando pelos humanos da sala. Que estranho. Em segundo lugar, ela estava sorrindo para mim de uma maneira que eu nunca tinha visto qualquer um de minha espécie sorrir. A maioria dos vampiros tinha medo de mim por causa das minhas cicatrizes. Por causa do que eu obviamente era. No entanto, ela sorriu ainda mais quando se aproximou. Em terceiro lugar, eu de repente e desesperadamente precisava que ela me tocasse.

Ela se acalmou saindo do banco, enquanto ele se desintegrou por baixo dela, e ela parecia saltitar para mim. Eu fiquei parado, não mais capaz de combater esta pequenina fada.

“Você me deixou esperando por um longo tempo”, ela disse em uma voz de um anjo. Seu sorriso cresceu e seus olhos, seus estranhos olhos, varreram meu rosto.

Minha mente respondeu instintivamente. “Eu sinto muito, madame”, eu disse inclinando minha cabeça. Minha mãe me criou para ser educado.

Ela se aproximou e pegou minha mão, nunca vacilando enquanto deslizava os dedos pelas cicatrizes. Sua mão trouxe uma sensação de calor que não tinha nada a ver com a sua temperatura.

Ainda olhando para meu rosto, ela me levou de volta para fora da porta, porta que eu abri para ela. Como se ela tivesse feito isso mil vezes, ela me entregou seu guarda-chuva e se aproximou para nós compartilhamos a sua proteção.

Eu devia ter lutado com ela. Eu deveria ter tentado me proteger. Eu deveria ter exigido saber o que estava acontecendo. Eu deveria , mas eu não me importava com nenhuma dessas coisas agora. Eu me importava com as emoções incríveis que ela me mandava e o lindo sorriso que prendeu minha atenção absoluta.

“Eu sou Alice”, ela simplesmente disse.

“Eu sou Jasper Whitlock, e eu estou feliz em conhecê-la,” eu disse tão simplesmente. Era tudo que eu podia pensar. Eu tomei uma respiração e fiquei impressionado como o doce aroma de Terra que encheu minha mente. Eu tomei várias respirações rapidamente. Eu não sei porque, mas eu precisava desse perfume. Eu precisava dele mais do que de sangue.

“Onde estamos indo, se posso perguntar?” Eu tinha sentido apenas o suficiente de curiosidade para perguntar. Enquanto falava, percebi que minha boca estava estranhamente torcida. Então eu percebi que a torção era um sorriso. Quanto tempo tinha se passado desde que meu rosto tinha sentido um sorriso?

Ela parecia estranhamente perplexa com a minha pergunta. “Eu não sei, exatamente, mas eu acho que seria melhor entrar no meu carro. Vai nos ajudar a ficarmos secos. “

“Você tem um carro?” Este dia todo, todo o cenário era tão bizarro que parecia surreal.

“Sim, é mais devagar do que correr, mas minhas roupas não ficam arruinadas. ” Ela tinha roupas muito bonitas.

Eu vi o carro e olhei para ela com espanto. Isso não podia ser real. Poderia?

“É novo,” ela disse quando ela deu de ombros. “Meu velhocarro tinha muitas milhas nele. “

“Velho? Quantos você já teve?” Por que um vampiro precisa de um carro? Certamente não só pelas roupas. Nenhum vampiro se preocupa muito com a roupa.

“Só três. “

“Oh, só isso?” Eu perguntei, meu sarcasmo natural retornando enquanto eu tentava encontrar algum sentido nessa criança linda e toda a sua estranheza.

“Vampiros trocam de carros rápido, porque gostamos de dirigir rápido”, ela explicou.

Nós estávamos agora na porta do motorista, então eu a abri e a deixei entrar. Isso doeu, de certa forma, quando a mão dela deixou a minha. Eu rapidamente andei para a outra porta e deslizei para dentro de seu carro.

Minha mente estava girando mais rápido que um redemoinho. Desde que eu tinha me transformada eu nunca tinha sentido isso. Eu não acho que eu tinha sentido isso antes da mudança, mas eu não podia ter certeza. Por oitenta e quatro anos, eu tinha vivido no inferno e agido como o próprio diabo. Eu tinha perdido tudo que eu tinha e estava na escuridão diabólica da condenação. Eu era a morte.

Agora, eu estava sentado em um automóvel ao lado da coisa mais linda e maravilhosa que eu já conheci. As emoções que emanavam dela eram quase incompreensíveis para mim. Eu podia sentir medo e trepidação, a reação normal por minha cara feia e cicatrizada, mas eu não conseguia nem colocar em palavras o resto dos sentimentos que passavam sobre mim.

Eu os tinha conhecido uma vez. Vagas lembranças responderam às ondas de prazer que eu recebi, mas isso foi tudo. Eu podia ver o rosto da minha mãe enquanto ela me olhava cavalgar em meu cavalo pela primeira vez, eu me vi sentado ao lado de meu avô enquanto nós pescávamos em um riacho com seu braço em volta de mim, e eu podia ver as lágrimas de meu pai quando eu marchei para a guerra . Como é estranho que esta pequena menina, ou mulher talvez, pudesse trazer de volta essas longas e perdidas memórias.

Fechei a porta e me virei para Alice. Meu corpo reagiu ao pensar em seu nome por algum motivo. O nome dela fez o meu peito contrair, e fez minhas mãos se sentirem de repente vazias. Tão estranho.

Olhei para ela e me perdi naqueles estranhos olhos. Minha mente girava novamente quando eu observava seus olhos de mel em um rosto de um querubim. Ela olhou para mim e deixou sua mão cair no banco, com a palma para cima e aberta para mim. Minha mão encontrou a dela, sem necessidade de comando.

Sua mão cabia na minha como se tivesse sido feita para ela. Minha boca puxou-se para cima em um sorriso. Quanto tempo tinha se passado desde que eu sorri sem pensar? Meus dedos, estranhamente ansiosos para sentí-la, envolveram-se em torno dos dela.

“Alice?” Eu comecei, mas eu não podia continuar porque o seu adorável cheiro era tão concentrado neste carro que minha mente se congelou em sua doçura. Seu cheiro era como mil flores misturadas com doce frutas. Eu concentrei os meus pensamentos o suficiente para ser coerente.

“Sim?” Ela parecia sem ar, o que não é possível.

“Onde você está indo?” Eu disse. Eu realmente não me importava. Isso realmente não importa.

“Hmmm… talvez para o meu apartamento em Nova York ou a cabana em New Hampshire?

Ela estava brincando? “Duas casas?”

“Sim”. Uma foi um presente “. Ela parecia envergonhada com sua resposta.

“Te deram uma casa?” Minha voz quase quebrou em surpresa. Quem na face da terra daria uma casa para um vampiro? Por que ela precisa de uma? Embora, quando eu fiz a pergunta, eu sabia que lhe daria qualquer coisa.

Tão estranho.

“É uma longa história”, ela disse enquanto dirigia para longe do restaurante. Ela ainda estava respirando pesadamente, e então eu percebi que eu estava também.

Ela parecia incapaz de responder, então eu disse o nome dela novamente. Um calor agradável encheu meu peito enquanto eu falava isso.

“Alice?”

“Sim, Jasper?” Ela sorriu docemente quando disse o meu nome, e o sentimento no meu peito cresceu.

“Eu estaria certamente em imensa dívida com você se você me dissesse porque seus olhos são dessa cor, e o que está acontecendo”, eu pressionei. Senti minha boca se vira um pouco mais.

“Bem, é uma longa história, mas a versão curta é que eu como animais para não ter que matar ninguém. Isso faz de meus olhos essa cor de mel e me deixa ficar perto de humanos sem problemas”, disse ela rapidamente.

Eu notei pela minha visão periférica que nós estávamos indo bem rápido, e que estávamos no lado errado da estrada. Ela estava me olhando atentamente.

“Você não deveria olhar para a estrada nesta coisa?” Eu perguntei tão gentilmente quanto pude. Isso parecia lógico.

“Eu dirijo faz tempo, então eu não preciso olhar muito freqüentemente, mas sim, olhar ajuda “, ela disse com uma ligeira frustração em sua voz. Ela virou-se para enfrentar a estrada, e eu imediatamente lamentei as minhas palavras. Eu queria ver os olhos dela novamente.

Após alguns segundos, os estranhos olhos fixaram em mim. Ela parecia estar absorvendo minha aparência, e eu me perguntei se ela iria aprender a odiar o meu rosto marcado como Maria odiava. Eu percebi que eu deveria comentar sobre suas respostas.

“Dieta interessante. ” Era mesmo. Animais. Ela havia escolhido animais. Ela ainda parecia saudável e forte, mas eu não podia acreditar que um de nós pudesse viver com qualquer outra coisa além de sangue humano por muito tempo. Eu nunca tinha ouvido falar de tal coisa. Um vampiro que virou as costas para a maior alegria da sua vida para salvar os humanos estava além das minhas contas. Poderia ser verdade? Este poderia ser um vampiro bom? Senti meu sorriso alargando.

“A propósito, você já decidiu para onde estamos indo?”

“Para o meu apartamento em Nova York”, ela disse,” mas podemos para qualquer outro lugar que você queiram. “

Nova York era supostamente o céu vampírico. Eu adoraria ir para lá, mas era protegido por um clã tão mortal quanto os Volturi. Havia um vampiro guerreiro que era tão fortemente talentoso que era dito que ele poderia até mesmo ver o futuro. Ir para Nova York era a morte daquele que tentasse. Foi onde eu pretendia ir para terminar a minha existência inútil. Agora, pela primeira vez em décadas, eu não quero que acabe.

Ela começou a sentir medo por alguma razão, e eu temia que ela estivesse, finalmente, vendo as minhas cicatrizes. Eu automaticamente a acalmei.

“Nova York é governada por um clã grande e violento”, eu apontei.

“Eles são uns ursinhos de pelúcia. Principalmente o grandão”, disse ela calmamente.

Senti meu riso antes que eu soubesse o que era. Ele saiu como uma tosse profunda. Eu uma vez tive uma crescente gargalhada.

Ela apenas se referia a um clã de assassinos que vivem como demônios como animais de pelúcia. “Eu nunca, em meus oitenta anos, nunca ouvi ninguém chamar um clã de ursos de pelúcia”.

“Eu vivi com eles desde 1926, e eles são muito bons comigo”, disse ela.

“Você não parece muito uma ameaça. Eles podem se sentir de maneira diferente sobre mim”, eu afirmei. Eu parecia uma ameaça. Todo vampiro que eu vi tinha medo de mim e de minhas cicatrizes. Quantas batalhas eu tinha lutado porque outro vampiro assumiu que eu estava lá para lutar? Eu era o feio em um mundo de beleza traiçoeira. Ela parecia implacável, embora, eu não sentia nenhum dos sinais reveladores de uma mentira.

Ela apertou minha mão, então eu apertei de volta e esperei por ela.

“Eu acho que você vai gostar de New York, e eu tenho umas coisas para acabar lá. Eu estava planejando me mudar, então quase tudo está feito. Vai levar cerca de um dia, mas se você não está confortável, podemos ir para qualquer lugar. Qualquer lugar mesmo.” Ela disse, e eu percebi que ela queria me fazer feliz. Eu não tinha idéia do porque. ‘

“Nova York soa bem, se lá for seguro. Além disso, me disseram que o rebanho lá é bem impressionante. ” Minha garganta estava me lembrando do tempo que havia passado desde a minha última refeição.

“Nova York, então,” ela disse com um sorriso. Meu rosto respondeu imediatamente e, em seguida, por algum motivo inimaginável, ela quase saiu da estrada.

“Há quanto tempo você disse que está dirigindo?” Eu perguntei. Sarcasmo novamente. Eu precisaria ficar atento à isso.

“Só estou um pouco animada. ” Ela se sentiu envergonhada.

“Qual a distancia até Nova Iorque?” Eu me perguntava. Eu precisava pensar. Eu precisava de tempo para processar tudo o que estava acontecendo. Eu precisava estar perto dela. Isto tudo foi tão estranho.

“Se eu não bater essa coisa, cerca de seis horas. ” Ela estava com raiva de novo, e um pouco de medo, por isso a acalmei. Quando eu o fiz, minha mão apertou a dela sem um comando meu.

O que há de errado comigo?

As emoções que emanavam dela estavam mudando um pouco, e eu não podia entendê-las. Eu não tinha idéia do que ela estava sentindo. Elas eram muito complexas e intensas. Eu podia sentir medo, raiva e ansiedade. Eu via constrangimento. Eu poderia dizer alegria, expectativa e felicidade, mas essas emoções, desejos, talvez, estavam além da minha compreensão.

Eu acho que deveria ter conhecido elas. Acho que eu algumas vezes já as senti. Eu acho que as destrui em mim.

“Bem, então, nós temos tempo para você me contar a longa versão desse dia inacreditável, não temos?” Eu me ouvi dizer isso enquanto parte da minha mente desesperadamente procurava meu vazio ser. Eu podia sentir a sua felicidade, mas eu não podia realmente sentir isso. Eu não poderia igualar. Eu tinha arrancado a felicidade de mim para que assim eu pudesse sobreviver.

Enquanto parte de mim procurava por algum resto do meu próprio ser, a outra parte esperava para ouvir suas explicações para o que estava acontecendo. Eu sentia meu sorriso aumentar mesmo que o restante de mim começasse a entrar em pânico. Eu tinha me separado em uma casca exterior e interior. Eu tinha destruído o homem interior, para parar a dor da vida. A casca exterior estava sorrindo. O escudo interior estava procurando as ruínas vazias e manchadas por qualquer coisa que se assemelhasse ao humano que eu tinha sido uma vez.

“Eu não tenho certeza de onde começar, mas vou tentar te contar tudo. É uma longa história, e uma muito complexa. “ Ela disse me tirando da minha agitação interna.

“Como eu disse, nós temos um longo tempo”, eu disse enquanto meu polegar traçava as costas da sua mão.

Ela tomou um longo suspiro, e disse: “Me dê um minuto. “

Eu tomei um longo suspiro e tentei novamente encontrar qualquer vestígio do homem que eu tinha matado. Nada.

Nada de bom restou. Eu tinha transformado em um monstro, e eu escolhi matar o que restava do homem. Eu tive que fazer isso. Eu tive que sobreviver. Eu não podia sentir como um homem e matar como um vampiro. As emoções das minhas vítimas eram demais. Eu não poderia me deixar sentir aquilo também.

Eu tinha sido um bom homem com uma vida boa uma vez. O homem estava escondido profundamente quando me tornei um vampiro, mas ele ainda estava lá. Eu não poderia deixar que o homem vivesse, então eu lentamente e dolorosamente me livrei dele. Eu não poderia matar repetidamente enquanto o bom homem gritasse de horror. Eu não podia queimar e rasgar e destruir, enquanto eu pudesse responder às emoções dos outros. Eu me esvaziei, fazendo de mim mesmo uma criatura oca por dentro destruindo o homem toda vez que o sentia.

Eu o rasguei em pedaços quando comi o meus primeiros humanos, alguns jovens soldados que confiavam em mim, porque eles estavam sob o meu comando.

Eu estrangulei seus gritos de protesto, quando fui para a guerra por Maria. Eu o matei toda vez que eu matava minha espécie .

Queimei os pedaços dele quando tentei encontrar o amor de Maria, e encontrei apenas desdém.

Eu raspei o pouco que tinha restado dele para parar a dor da morte que me alimentava.

Eu tinha me tornado uma casca vazia.

Agora, aqui sentada ao meu lado está a minha redenção. Aqui ao meu lado estava uma bondade que eu não sabia que pudesse existir. Aqui estava alegria e felicidade. Aqui estava… amor? Era isso?

Eu não sabia. Eu não poderia saber. Eu podia sentí-la, mas eu não podia responder. Eu tinha destruído o amor, felicidade e alegria que tinham sobrado.

Aqui era um paraíso, e eu tinha me prendido em um inferno escuro e vazio.

Aqui era tudo, e eu não tinha nada. Eu tinha me tornado um nada.

Ainda assim dentro de mim, fora da escuridão sem valor, algo muito pequeno ganhou vida. Era pequeno, quase insignificante, mas estava crescendo e ficando mais forte.

Era mais importante do que a alegria e mais substancial do que a felicidade.

Pela primeira vez em minha longa existência, eu tinha esperança.