domingo, fevereiro 27, 2011

O Lado Sombrio da Lua - Capítulo 14: Homem Morto Caminhando

Trilha Sonora: You Found Me – The Fray 
(música para o final)
Preto. Nada. Vazio.
Olhei para fora da janela do avião, para o crepúsculo desaparecendo. Onde as estrelas e uma lua deveriam estar surgindo. Eu não vi nada.
Eu não era nada.
Bella tinha ido embora, levando tudo com ela quando pulou para sua morte. Sua voz, sua imagem, seu cheiro… tudo que ela tinha me dado foi levado com ela para o vazio. Ela nem sequer me deixou nenhuma dor. Altruísta até o fim, ela me recusou castigo pelos meus pecados.
Nada.
Não teve “porquê”, não teve “como ela pode?”. Eu nunca poderia ter previsto que ela iria cometer suicídio, mas quando eu já tinha sido capaz de antecipar suas respostas? Apenas uma verdade permanece: não importa quais foram as suas razões para pular, eu tinha que ter a culpa.
Mesmo os “e se” não tinham importância. Ela está morta, Edward. Isso é tudo o que importava.
E ainda assim eu não sentia nada. Eu queria ser machucado, queimar, sofrer …mas isso me daria um motivo para continuar a minha existência inútil. Eu estava mais do que disposto a passar a eternidade em dor depois de deixar a ela um destino tão terrível, mas onde estaria a justiça nisso? Não, eu tinha merecido esse vazio, mas não podia suportá-lo. Se ao menos eu pudesse tirar minha própria vida como Bella fez.
À medida que a escuridão envolveu seus dedos frios em torno de mim, um ardente ponto tocou as costas da minha mão. Fiquei imóvel enquanto os pensamentos do ser humano vazavam em minha consciência.
…frio. Deus, ele está mesmo vivo? A moça ao meu lado, tirou o dedo, e levantou-o para o botão de chamar a aeromoça.
“Você precisa de alguma coisa?” Eu disse, não me incomodando em olhar para a mulher.
Ela saltou, tirando os fones de sua orelha. Cara, ele está acordado! “Você não parecia estar respirando”, disse ela com um sotaque do Texas, com a mão em seu peito. “Eu estava preocupada que você poderia estar doente.”
Tomei uma respiração para que eu pudesse responder. “Estou bem.”
Você não parece bem .. você parece … morto. “Ah, ok”. Ela voltou para o seu livro e voltei para … nada.
Porque eu continuava a olhar através dos olhos dela, eu nunca vou saber, mas o que eu vi realmente fez a minha cabeça virar. Ela estava lendo sobre Volterra, tentando tomar uma decisão.
Ela olhou para mim, então de volta para a página. “Você já foi à Itália antes?
“Não.” Eu só vi o país através das memórias de Carlisle.
Sua decepção saiu como um suspiro. “Que pena. Eu estava esperando conseguir alguma ajuda para decidir qual excursão tomar.“ Volterra soa como um daqueles castelos medievais , talvez eu faça isso.
“Desculpe.” Os meus olhos não oscilaram de seu livro, no entanto ela interpretou o meu olhar como interesse.
“Veja, eu ganhei essa viagem na internet.” Ela ergueu um folheto com uma torre de relógio de pedra na capa. “Meu agente de viagem sugeriu este passeio, para uma cidade chamada Volterra, mas como ele também me fez parar em escala pelo Rio, eu não tenho certeza se devo aceitar o seu conselho.” Sua mão veio para cobrir um bocejo. “Eu estava pensando em ir para Florença, em vez disso.”
“Posso?” Estendi minha mão para o folheto. Como esperado, um pequeno mapa na parte de trás localizava a pequena cidade, descrevendo a sua proximidade com Florença e Roma. Não levaria muito tempo para cobrir as 200 milhas a pé.
Ela apontou para o papel. “Parece uma vila pitoresca, mas Florença é um pouco mais distante de Roma.” Outro folheto apareceu em suas mãos. E Davi está lá, ela pensou. Suas bochechas coraram enquanto ela comparava o rosto da estátua nua com o meu. “Eu sou Marcy, a propósito.”
Eu coloquei o folheto de volta em sua pilha de papéis, o nome da empresa de turismo alcançando meu olhar. Venoso Viagens. Certamente os Volturi não eram tão óbvios assim. Deitado ao lado dos panfletos sobre sua bandeja, estava um cartão com uma foto na capa. Dois jovens garotos sorriam largamente acima da legenda rabiscada: Sentimos sua falta, Mamãe.
“Eu iria para Florença, se fosse minha escolha.” Neste momento, eu não tinha escolhas.
“Uma amiga minha me disse que há um grande restaurante em Volterra. É, aparentemente, dentro da prisão. É executado por detentos em algum tipo de programa de reabilitação. Ela ouviu dizer que a comida era ótima no entanto.” Gostaria de saber se os clientes podem usar facas ou não.
“Eu não sei.” Meu interesse pelos papéis da mulher diminuiu, e peguei os fones de ouvido fora do bolso na minha frente. Fingindo ligá-los ao sistema de som do avião, me virei para a janela preta.
“Bem, obrigada Você pode querer tentar canal 14 – Dream Girl do grupo Hanson está na playlist.” Seus pensamentos vagaram para um cantor, jovem e loiro. A fantasia sensual se desvaneceu como uma pontada de culpa enquanto ela brincava com seu anel de casamento.
Uma outra lamentação se jogou através da minha mente.
“Ele está no funeral.”
As palavras vazias eram tudo que eu tinha restante. Falado por um homem desconhecido um meio mundo de distância, elas deveriam causar alguma reação, alguma agonia. Eu mordi meu lábio, tentando forçar as emoções para virem.
“Deseja algo para beber, senhor?” uma voz diferente, disse.
“Não, nada”, eu disse, liberando meu lábio. O corte que eu tinha feito, mas não sentido, selou-se imediatamente. Não ter a dor para me punir era um inferno pior do que qualquer fogo eterno.
A mulher ao meu lado voltou sua atenção para a aeromoça, encontrando alguém mais ligada aos seus gostos musicais. Voltei-me para a escuridão da janela do avião e puxei o cobertor por cima dos meus ombros. Ele não forneceu calor, é claro, só a privacidade quando escondi o meu rosto e fingi dormir. Meus olhos permaneceram abertos, espelhando a noite, enquanto me preparava.
Os fatos eram simples. Eu vivia. Ela não.
Durante meses, a única coisa que vi quando os meus olhos se fechavam era o rosto de Bella. Agora ela se foi. Tudo o que restou foi o negro vazio. Eu não me incomodei nem mesmo em respirar, perdendo interesse na fachada que eu estava vivendo por um século. O zumbido constante de pensamentos flutuava para longe, dificilmente perceptível no vazio que a minha mente tinha se tornado. Minha única função deixada na terra era ocupar espaço.
Este tempo restante de minha existência seria gasto em uma tarefa: orquestrar o meu falecimento. Ao contrário de Bella, eu tinha que depender dos outros para fazerem o que eu não podia. Não deve ser difícil – os Volturi eram decisivos e rápidos quando se tratava de punir aqueles que eles consideravam “infratores da lei”- e só havia uma lei para quebrar: Manter o segredo.
As opções eram infinitas. Quando o avião começou a sua descida, considerei quantas maneiras eu poderia realizar meus objetivos. Eu deveria ter comprado um livro em quadrinhos – então eu teria instruções detalhadas. Há sempre os clássicos: “Mais rápido que uma bala, mais poderoso que uma locomotiva, capaz de saltar prédios altos num único pulo.” Todas as coisas que eu poderia fazer com facilidade, eu só tinha de garantir ter uma platéia viva, respirando, e pulsante.
Mas eu tinha que garantir que o único resultado seria meu fim. Ninguém mais poderia sofrer com os erros que cometi. Suficientes já tinham sofrido.
Embora a simples tarefa fosse diretamente cometer uma atrocidade, eu tinha que garantir que minhas ações não teriam quaisquer conseqüências não intencionais. As testemunhas do meu pecado final estariam seguras, os Volturi não poderiam correr o risco de extermínio em massa em seu próprio território. Meus feitos seriam explicados como os delírios de um drogado louco, e eu iria desaparecer em uma nuvem de fumaça violeta.
Mas os talentos dos Volturi eram lendários – muito maiores do que o meu – então eu tinha que assumir que eles saberiam das minhas ligações familiares. Só eu deveria ser punido, ninguém mais, e eu tinha que proteger a minha família. Eu lhes devia isso.
E então havia Alice. Ela tinha de saber onde eu estava e o que estava planejando. Estremeci com o conhecimento de que ela iria testemunhar o meu falecimento em detalhes nítidos, na realidade, provavelmente já tinha, mas algumas coisas não poderiam ser evitadas. Eu desejava que ela ficasse longe, mas eu conhecia minha irmã mais próxima tão bem quanto ela conhecia a si mesma. Ela estava me seguindo, disso eu não tinha dúvida. Eu não teria muito tempo.
Cerrei os dentes. Eu devia ter ligado para ela, a convencido de ficar longe, mas já era tarde demais. Meu celular se foi, junto com o resto das minhas coisas. Tudo o que eu tinha restante enchia meus bolsos: um passaporte, um pouco de dinheiro, um cartão de crédito. Mas o que isso importa? Alice não iria me ouvir. Ela iria desafiar sua própria visão para tentar ajudar, assim como ela tentou ajudar Bella.
Mas como eu poderia proteger minha família e ainda encontrar o meu fim? Eu teria que abordar primeiro os Volturis.
Apertei meus olhos bem fechados, forçando as memórias de Carlisle sobre os irmãos para fora da escuridão dos meus pensamentos. Aro, Marcus e Caius eram antigos – milhares de anos. Carlisle tinha gastado muito de seu tempo na Itália, em companhia de Aro. A habilidade de Aro também é ler mentes, mas através do contato físico direto com quem ele pretende ler. Era uma conclusão certa de que eu teria de revelar meus pensamentos para ele, mostrando abertamente o amor que eu tenho – tinha – por Bella e por minha família.
Certamente estar como aquele que recebe a invasão mental que eu constantemente faço deveria agitar uma reação. Medo, preocupação, expectativa … algo.
Nada.
Meus pensamentos ficaram em branco enquanto ouvia Bella sussurrar, em busca de uma última lembrança de suas bochechas coradas. Tudo o que eu vi era preto, o preto do cabelo de Aro.
As perguntas viriam, depois que eu me abrisse para ele; a inquisição, uma exigência para a obtenção de meu objetivo. Respirei fundo tentando me equilibrar para o que seria uma conversa difícil. A minha conexão com Carlisle me ajudaria ou atrapalharia? Aro parecia respeitar Carlisle, mas achava o seu senso de moralidade e seu estilo de vida escolhido … fracos. Se eu escondesse o meu conhecimento sobre minha família – se fosse mesmo possível – mas fosse descoberto, os resultados poderiam ser catastróficos. Minha mentira poderia seduzi-los a caçar a minha família, e o resultado seria… Estremeci ao pensar sobre o que aconteceria.
Se eu pudesse convencer Aro de que estava sozinho agora e que minha família não tinha nada a ver com o meu desejo para o meu fim, eles estariam seguros. Dessa forma, se meu pedido for negado, eu poderia forçá-los sem quaisquer conseqüências não intencionais. Alice, em especial, sofreria muito mais do que ela merecia com a minha decisão, eu tinha que proteger ela e os outros.
Mal notei quando meu nada mudou do interior de um avião para o anônimo tumulto de Roma. Estupidamente, eu corri, pouco me importando para os olhares curiosos que se desviaram em minha direção. Ninguém que me viu me reconheceria, não que isso faria diferença se o fizessem. O congestionamento urbano tornou-se a expansão rural, eu voei para o noroeste. Qualquer outro momento, correr nessa velocidade teria me empolgado, agora, como tudo mais, não tinha significado. Eu só diminui quando o portão da cidade de Volterra apareceu frente a mim, destituído de qualquer emoção, um zumbi. Logo haveria paz. Tinha que haver.
A cidade adormecida estava adornada com bandeiras e cartazes, vestida para uma festa. Me obriguei a ler as frases italianas, incapazes de apreciar a ironia. Amanhã seria o dia de São Marcos, a celebração da erradicação dos vampiros na cidade. Abundância de testemunhas, em caso de necessidade, eu pensei. Apesar de minha morte ser assegurada, eu não sentia conforto.
O castelo subia acima dos outros edifícios, uma sombria, pressagiante fortaleza na noite. O relógio da praça marcava 1:00 am enquanto a indescritível entrada da casa dos Volturis aparecia em minha visão. Atrás das graciosas portas de vidro ouvi uma infinidade de mentes de vampiros, mas foi a única fora do prédio que chamou minha atenção.
Quem é este? uma mente próxima pensou. Uma figura de manto cinza desceu pela parede de castelo e se aproximou de mim.
Buon giorno, il mio amico,” ele disse cordialmente. Entendi a sua saudação, e seu equivalente pensamento italiano, traduzindo ambos facilmenteArrumado, um pouco cansado, americano, ele assumiu enquanto olhava para mim de dentro de seu grande capuz. Ele notou meus olhos. Este está sedento, buscando por uma refeição grátis, sem dúvida…
Sua reação me pegou desprevenido. Eu estava com sede, mas aquele desejo, como tudo mais, tinha desaparecido com aquelas fatídicas palavras. Quando foi a última vez que eu havia caçado? Não tinha importancia agora.
Signore,” Eu respondi sem perder o passo. Eu não tinha muito tempo antes de Alice me alcançar.
O vampiro bloqueou meu caminho e uma outra figura encapuzada apareceu atrás de mim. “Você parece saber onde está indo. Qual é o seu objetivo em Volterra?” Ele disse em português. Sua voz tornou-se mais autoritária enquanto falava, com apenas uma pitada de sotaque italiano restante. Ele me avaliou de uma maneira nova, ouvindo com uma parte diferente de sua mente. Em outras circunstâncias eu teria tomado mais interesse, tentando decifrar o que era, presumivelmente, o seu talento, mas qualquer curiosidade foi perdida no vazio.
“Gostaria de falar com Aro,” eu disse enquanto olhava diretamente em seus olhos escuros e vermelhos. Eu não sou o único que está com sede .
O vampiro atrás de mim bufou. Confiante, não somos?, ele pensou.
O vampiro a frente expressou seus pensamentos. “Isso é muito presunçoso da sua parte. Qual é o seu nome?”
Eu não tenho tempo para isso… . “Edward Cullen. E você?” Eu disse com firmeza, esperando para ver sua reação. Poucos vampiros se incomodam com sobrenomes, o conceito de família não existe para eles. Este foi o primeiro teste da influência de Carlisle.
As narinas do vampiro queimara com desprezo. Talvez provocar a guarda fosse minha única opção.
“Devo saber quem é você, Edward Cullen?” A última palavra rolou de sua língua como uma maldição, mas despertou uma lembrança para ele. Um boato que ele ouviu… Seus olhos se arregalaram, e ele olhou rapidamente para o vampiro atrás de mim. Cullen … são aqueles amantes dos animais … as histórias poderiam ser verdade? Os mesmos pensamentos preencheram as mentes dos dois homens.
A figura encapuzada que bloqueou meu caminho reconsiderou sua grosseria. “Eu sou Demetri,” disse ele, parando quando ele me considerou outra vez. “Talvez Aro gostasse de ver um Cullen. Siga-me.”
Passamos por um único guarda dentro da porta – um homem humano vestido com uma jaqueta vermelha – e tomamos um elevador para o segundo andar em silêncio. O elevador se abriu para uma elegante área de recepção, e vi um outro ser humano – desta vez do sexo feminino – atrás da audaciosa mesa. Ela também me avaliou conforme nos aproximamos, mas ao contrário do homem anterior, ela sabia exatamente o que eu era. Os Volturi tinham uma fachada bastante trabalhada aqui, empregando seres humanos como parte de sua mentira, mas deixei isso de lado. Apenas uma coisa era importante para mim.
“Boa noite, Demetri”, disse ela em tom agradável. Ela me olhou novamente, e eu podia ouvir o desejo para se tornar o que eu era em seus pensamentos: belo e imortal. Um lampejo de memórias acenderam em minha mente. Foram estes pensamentos que Bella tinha? O nome dela ecoava no meu cérebro vazio, trazendo nenhuma da alegria ou desejo que eu tinha conhecido nos últimos14 meses.
“Ela está morta, Edward.”
“Ele está no funeral.”
“Olá, Gianna.” Demetri e seu companheiro ambos abaixaram suas capas quando ele falou, diminuindo o passo apenas por um momento. “Espere aqui, Edward,” Demetri ordenou, em seguida, disparou um olhar para o seu camarada, que me apontou um dos refinados sofás da sala.
Obedientemente me sentei aonde ele indicou e olhei fixamente para as flores sobre a mesa na minha frente. As cores ficaram desfocadas quando ignorei minha visão e foquei no burburinho de pensamentos da outra sala. Facilmente encontrei o homem que mantém meu destino em suas mãos.
Aro e Caius estavam engajados em uma conversa sobre uma onda de mortes suspeitas no México. Só um dos presentes estava participando da conversa, uma mulher vestida com um manto cinza escuro. Os irmãos Volturi estavam adornados em longos mantos negros, dois tons mais escuros que o manto cinza de Demetri, os outros usavam roupas convencionais. A multidão em torno dos dois era composta por protetores pessoais, rastreadores, e membros da elite guarda. Ninguém falava a menos que em primeiro lugar fosse dirigido a palavra por um dos irmãos.
Reconheci um da elite por uma memória de Carlisle – uma menina chamada Jane. Carlisle só a conhecia pela reputação, ela aparentemente tinha a capacidade de causar dor física em outros, torturá-los. Por causa de seu talento, ela era a mais temida da guarda, mesmo que ela fosse apenas uma criança quando foi transformada. Ao lado dela estava seu irmão gêmeo, Alec, cuja capacidade de desativar os sentidos dos outros era também tão poderosa quanto o talento de Jane, apesar de menos doloroso. Eu deveria temer os gêmeos – um deles ou ambos, provavelmente, seriam soltos em mim – mas a auto-preservação tinha sido a primeira coisa a cair no abismo do nada.
Me concentrei brevemente em Caius. Ele estava analisando atentamente cada palavra de Aro, medindo continuamente a informação que ele recebia contra qualquer ameaça de exposição de um vampiro. Seu dom não era evidente para mim, embora eu achasse improvável que ele estivesse sem algum talento extraordinário. Caius visualizou uma estratégia para acabar com qualquer ameaça no México, lembrando de passados problemas na região.
Atrás de Aro e Caius, um grupo manteve a guarda silenciosa em torno de Marcus. Marcus não fez parte da conversa, em vez disso, sentou-se calmamente em uma cadeira ricamente estofada no final da sala. Fiquei surpreso com o que ouvi em sua mente, porque tudo estava em branco. Ele observou a sala, ignorando o que seus olhos lhe mostraram. A visão era enigmática… trilhas brilhantes entrelaçavam os vampiros, algumas finas linhas, outras eram brilhantes holofotes de luz, variando de azul para vermelho. A teia centrava-se em Aro e Caius, que estavam ligados por um quase tangível holofote branco. A ligação azul de Marcus suavemente o mantinha vinculado com seus irmãos.
Carlisle sabia que Marcus possuía um dom, embora nunca houvesse sido revelado. Assumi que as luzes de Marcus via representavam algum tipo de relação ou ligação entre os vampiros, mas não me importei em investigá-lo mais. Apenas a especial luz vermelha ligando Jane com Alec me fez parar. As linhas ligando esses jovens vampiros com os antigos também eram brancas, com tons de laranja, onde elas tocavam os gêmeos.
Enquanto me concentrava em Marcus, o vazio em sua mente foi subitamente substituído por uma profunda tristeza, e prendi minha respiração com a mudança. A ligação azul de Marcus de repente o iluminou. Ele sofria intensamente, mas a causa me faltava. A sensação era familiar, mas distante. Eu o invejava em seu sofrimento, eu queria punição assim, mas não recebi nenhuma. O vazio tomou minha última chance de penitência; eu rezei para que ele engolisse o resto de mim também.
Demetri entrou na sala dos irmãos. Cortinas vermelhas guarnecidas em ouro cobriam todas as paredes; um elaborado piso de assoalho escondia a pedra abaixo. Eu podia ver através dos olhos dele que o alto teto era apoiado por uma rede complexa de vigas entalhadas, dando ao recinto um ar de uma sala real de trono ou uma catedral. Demetri abordou os três Volturi respeitosamente, à espera para ser reconhecido.
Ele não teve que esperar muito tempo, porque Caius imediatamente notou sua entrada. Demetri… O que te traz aqui da patrulha? Caius perguntou. Uma ponta de preocupação atou seus pensamentos tranqüilos.
Meu foco mudou para a antiga morena ao lado de Caius. “Sim?” Aro perguntou, em relação à nova chegada. Toda a conversa na sala parou.
Demetri inclinou a cabeça solenemente. “Mestres. Um novo vampiro chegou e pede uma audiência com Aro. Seu nome é Edward Cullen.”
Os irmão trocaram um olhar, e apesar das memórias de Carlisle aparecerem na mente de Aro, foi meu primeiro nome que despertou seu interesse. Ouvir seus pensamentos exigiu mais atenção da minha parte, ter que traduzir a mistura de línguas flutuando pela sua mente, incluindo latim antigo.
Edward Cullen? Interessante”, Aro disse, dando um passo em direção a Demetri com a mão levantada. Ele queria ler os pensamentos de seu subordinado, para ver minha imagem por si mesmo. Demetri deu um único passo, e também levantou a mão. Quando eles se tocaram, ouvi a mente de Aro ser preenchida com imagens e sons bem além do que eu sentia na cabeça de Demetri.
Engoli em seco quando percebi que ele estava recebendo todos os pensamentos de Demetri: todas as suas memórias, todas as suas idéias, até mesmo todas suas fantasias, desde o início de sua vida. Aro era poderoso – mais do que até Carlisle tinha percebido. Reflexivamente, inclinei-me sobre meus joelhos e apertei a ponta do meu nariz – eu teria que mostrar tudo para Aro. Enquanto eu refletia sobre as conseqüências de partilhar tudo em minha mente com ele, ele terminou de ler Demetri.
Aro olhou para cima, e cada um deles deu um passo para trás. Excitação coloriu a voz de Aro. “Sim, interessante. Finalmente! Algo novo. Por favor, mande o nosso jovem amigo entrar”.
Eu estava de pé quando Demetri veio me buscar. Eu não tinha escolha senão seguir, apenas um caminho se abria diante de mim agora.
Ele me levou através de duas ornadas portas de madeira para um longo corredor. Eu podia ver em sua mente que ele podia sentir exatamente onde Aro estava, e que Caius estava perto dele. Rapidamente eu me perguntei se isso era o que ele estava fazendo comigoantes, me marcando de alguma forma com sua mente, mas isso não importava. À nossa frente estavam duas portas, cobertas de ouro. O fim estava próximo.
Demetri estava curioso para ver o que me trouxe aqui, ele assumiu que eu queria me juntar à este clã poderoso. Franzi o cenho para o pensamento – ele não poderia estar mais errado. Passamos por um painel secreto que escondia outra porta, e ele carinhosamente lembrou de como ele e seus companheiros abateram suas presas no quarto escondido atrás. Eu bufei, e ele olhou por cima do ombro para mim, surpreso com minha reação.
Ele abriu uma porta dourada, me conduziu, e então pisou ao meu redor, deixando seu companheiro fora do quarto. Quando Demetri avançou, ele olhou para trás levemente, me convidando para seguir. Alguns dos vampiros na sala mostraram interesse quando passamos, outros propositadamente nos ignoraram, inclusive Caius.
Marcus me olhou brevemente com desinteresse. Nenhum dos fios brilhantes de luz que ele viu me tocou, ele só via um fraco brilho vermelho ao meu redor.
O olhar de Aro caiu sobre mim quando entrei, e apenas se intensificou à medida que nos aproximamos. Quando paramos diante dele, todos voltaram sua atenção para seu mestre de cabelos negros.
“Bom dia, Edward,” Aro disse suavemente. A curiosidade em seus pensamentos era tão forte, que eu tinha certeza de que todos na sala sabiam exatamente o que ele estava pensando.
Inclinei minha cabeça para frente em resposta. As questões de Aro encheram minha mente, e esperei a inquisição começar.
“Você conhece Carlisle, creio eu. Como vai o meu velho amigo?” Aro perguntou. Ele olhou nos meus olhos de ébano, decepcionado, porque ele não podia discernir a minha dieta.
“Carlisle está bem, eu acredito.”
Acredita? “Você é a criação dele, então,” Aro supôs, e abaixei minha cabeça de novo em afirmação. “Diga-me, Edward, ele ainda se abstêm de sangue humano?” Certamente que não, ele pensou.
“Sim. Carlisle nunca se alimentou de sangue humano. Me esforço para seguir seu exemplo.” Pelo menos eu costumava…
Um baixo murmúrio fez seu caminho através do grupo de pessoas.
Aro escondeu seu choque muito bem. Três séculos e meio… Eu o subestimei. “Interessante. Então, o que traz você ao nosso humilde lar hoje, Edward?”
“Eu tenho um pedido.” Parei. A menção das crenças de Carlisle, de repente, fez as palavras extremamente difíceis de dizer. Eu sabia o quanto ele iria desaprovar minha decisão de sair deste mundo.
Aro estudou brevemente minha expressão. “Não sofra com palavras, Edward, há uma maneira muito mais simples. Por favor, venha mais perto”.
Ele ergueu a mão, pedindo para ouvir meus pensamentos. A intensidade de sua curiosidade era evidente. “Carlisle, sem dúvida lhe disse sobre o meu dom.”
“Sim”. Considerei por um momento. Aro veria tudo, minha família, meu amor, minha dor. Ele veria Bella? Tirando a imagem dela do abismo? Uma migalha de alguma coisa… não esperança, mas talvez antecipação… lambeu as bordas de minha consciência quando eu dei um passo à frente.
Talvez isso seja para o melhor – ele não podia evitar de entender se ele visse tudo. E embora possa parecer que eu tinha a opção, os pensamentos de Aro deixaram claro que ele não iria continuar qualquer discussão comigo se eu recusasse seu pedido. Isso traria o fim mais cedo, pensei. Minha mão se levantou para encontrar a dele, seguindo o exemplo de Demetri.
Seu toque era tão leve que eu mal o registrei em minha pele. Aro inclinou a cabeça sobre nossas mãos, concentrando-se intensamente enquanto meu passado se repetia diante de seus olhos. Em sua mente, eu revi a minha vida, os primeiros cem anos voando em alta velocidade. Minha vida humana embaçada passou num piscar de olhos, apenas para ser substituída pelos rostos da minha família imortal enquanto eles passavam repetidamente no eco dos meus pensamentos… então ela apareceu.
Eu não tinha visto o rosto de Bella na minha mente desde o telefonema fatídico, e eu saboreei sua imagem. Aquilo primeiro toque na aula de biologia, sua inocência na campina, o som de seus gritos no estúdio de balé, sua tristeza na floresta – cada memória brilhou tão rápido quanto as outras, mas era como se eu as estivesse vendo pela primeira vez… A dor me encheu quando os retratos dela rolaram através da mente de Aro… mas a dor desapareceu novamente ao som das palavras daquele homem poucas horas atrás.
“Ele está no funeral”.
Tudo voltou ao preto. Ele tinha acabado. Aro abaixou sua mão e olhou para mim enquanto ele passava através da miríade de pensamentos. A curiosidade nos seus olhos foi substituída por espanto. Ele tinha descoberto o meu talento, e ficou impressionado. Mas havia mais… seus pensamentos giravam, tentando esconder a sua outra descoberta de mim.
“Bem, você é uma bela descoberta, não é Edward?” Ele parou e olhou fixamente nos meus olhos. Você pode realmente ler mentes à distância? Ele pensou.
“Apenas o que você está pensando no momento”, eu respondi com indiferença.
Caius me olhou desconfiado. “O que é isso?” ele rosnou, enquanto Aro gargalhava.
“Edward tem um dom excepcional, querido irmão. Ele consegue ouvir pensamentos, mas sem a necessidade de contato. Que talento maravilhoso.” A voz de Aro ficou mais séria. “Você pode pensar que é limitado, mas ao contrário, seu dom é bastante poderoso.”
“Por que você veio até nós hoje, Edward?” Caius estava mais cauteloso agora.
Aro olhou esperançoso para mim, embora ele já soubesse o porque eu estava aqui. Ele estava me forçando a dizer as palavras. Me virei para Caius. “Estou aqui para acabar com minha existência.”
A expressão de Caius mudou para surpresa. “Você deseja morrer?”
“Sim”. Vários da guarda imediatamente imaginaram minha morte em suas mentes, mais do que felizes em aceitarem meu pedido. Talvez isso não fosse ser tão difícil afinal.
Caius ainda estava cauteloso, embora confuso. Os únicos vampiros que ele viu pedirem para morrer eram aqueles que tinham sido caçados por uma ofensa ou outra. Jane havia torturado esses malfeitores enquanto eles os desmembraram, e muitos pediram para morrer no final. Um pedido silencioso de morte nunca tinha sido ouvida. “Por quê?
“Isso importa?” Eu perguntei, minha voz ecoando sombria através da câmara. As palavras eram familiares, mas eu não podia lembrar de onde.
Caio não se importou com a minha atitude apática e preparou uma réplica mordaz, mas Aro pigarreou, interrompendo-o. Seus pensamentos haviam mudado para um tema diferente. “Você experimentou La Tua Cantante, e resistiu? ele disse.
Os olhos de todos se voltaram para mim, fascinados, enquanto seu mestre sacudiu a cabeça e continuou. “Não, não só resistiu, você a abraçou, a amou, provou ela?” Sua voz se encheu de admiração, mas suas palavras picavam. A descrição italiana que ele usou para Bella, minha cantora, foi tão apropriada, dado como o seu sangue, seu toque, sua alma tinham me chamado como a mais bela música. Logo a multidão começou a sussurrar, incrédulos. Os pensamentos de Aro fizeram o mesmo; os dele eram os únicos que importavam para mim.
“Sim”, respondi. O murmúrio foi ficando cada vez mais alto, e Aro levantou sua mão. A sala ficou em silêncio imediatamente. Que desperdício, ele pensou.
“E embora você tenha deixado Bella com o próprio destino dela, você ainda deseja terminar a sua existência agora que ela pode ter ido embora.”
“Ela foi embora”, disse eu, olhando com mais atenção em seus olhos turvos.
“E é por isso que você deseja morrer?” Caius acrescentou. Ok, deixe ele morrer. Temos problemas mais urgentes a tratar.
“Sim.”
“Mas e as visões de Alice? Ela viu você com Bella no futuro, não viu? Como pode ser isso se a menina está morta?” Os pensamentos estranhos penetraram a mente de Aro novamente, e ele tentou escondê-los como tinha feito antes. Era mais do que curiosidade… Vontade? Ganância?
Caio interrompeu minha concentração. “Quem é essa Alice, Aro?”, ele perguntou impacientemente, espelhando a confusão do grupo.
Os olhos de Aro não deixaram os meus quando ele respondeu. “Alice é mais um membro talentoso da família de Carlisle. Ela tem a capacidade de ver o futuro e previu a morte de Bella. Ela também teve muitas outras visões de Bella, que a mostram muito viva, até mesmo se tornando uma de nós, fato que Edward viu em sua mente”.
Enquanto ele falava, as imagens de Bella com sua roupa de formatura me abraçando, Bella se inclinando para me beijar em um vestido de noiva branco, Bella com olhos de rubi e pele pálida, de braço dado com Alice, essas visões foram repetidas na mente de Aro, fazendo seu ponto. Estremeci, sabendo que elas nunca aconteceriam. Mais ar fez uma viagem inútil através de meus pulmões.
“As visões de Alice são baseadas em escolhas. O futuro que ela vê muda com cada decisão.” Neste momento, o meu futuro seria uma névoa turva em sua mente até Aro decidir.
Os pensamentos de Aro tornaram-se mais curiosos sobre Alice. Caius estava alarmantemente interessado em Carlisle, sobre como seu grande clã tinha crescido.
Não, eles não, isto não é sobre eles. Eu fechei a cara. Isto era exatamente o que eu queria evitar.
Os pensamentos de Aro focaram-se novamente em mim. “Mas você nunca viu a visão de Bella pulando do penhasco.” Ele disse.
“Não”, felizmente. Eu tinha pena de Alice, ter que aturar tantos acontecimentos trágicos.
“E você ainda assim está convencido de que Bella está morta?”
“Sim”. A voz no telefone confirmou. Charlie estava no funeral dela – de que mais prova preciso?
“Então, você perdeu a sua companheira, e não tem vontade de continuar vivendo”, resumiu Caius.
“Sim.”
Uma história familiar, Caius pensou, e ele olhou para trás para Marcus. Percebi que foi a morte da companheira de Marcus que o colocou em seu transe, e ele permaneceu nele desde então. Olhei para a figura escura na cadeira, compreendendo ele melhor do que qualquer outro na sala. Ele personificava o futuro que eu estava tentando desesperadamente evitar.
Enquanto Aro estudava o meu rosto de novo ele balançou sua cabeça lentamente. “Isso é inédito, Edward.” Ele fez uma pausa, e ouvi algo novo em sua mente – inveja. Aro queria meu dom… Mais uma vez ele se esforçou para esconder seus pensamentos em outro lugar quando a minha expressão refletiu o meu entendimento. Ele olhou para Caius.
“Precisamos discutir isso.” Caius franziu a testa quando Aro continuou.
“Demetri, por favor, escolte Edward até o portão da cidade e espere lá com ele. Enviaremos Felix para buscá-los quando nós decidirmos”.
Demetri assentiu com a cabeça levemente e estendeu a mão, dirigindo-me para fora. Quando estávamos saindo, ouvi Aro explicar para Caius que a distância era necessária para serem imunes a minha habilidade. Mais uma vez pude ouvir a vontade em sua voz.
Fiquei focado nos pensamentos dos Volturi enquanto saíamos do edifício.
Porque ele se incomodou em perguntar? Caius perguntou.
“Edward está preocupado com as repercussões de levar o assunto em suas próprias mãos. Sua lealdade com Carlisle e seu clã é tão forte quanto a maioria das ligações entre companheiros. Ele tem uma profunda conexão com eles”, Aro explicou, tocando a mão de Marcus enquanto falava, ignorando a torrente do passado de Marcus e lendo a avaliação dele sobre mim.
Caius ainda não conseguia entender a hesitação de Aro. “Eles estão encorajando ele a fazer isso?“
“Não, na verdade, iriam impedí-lo se pudessem Seu clã é bastante diferente – Carlisle criou e atraiu um diverso grupo de talentosos vampiros.” Seus pensamentos se desviaram para Alice,querendo saber sobre a extensão do seu dom.
Eu suspirei – não era isso que eu queria. Seus pensamentos começaram a se enfraquecer rapidamente à medida que nós atravessávamos a cidade.
“Quantos estão no clã dele?” Caius perguntou, com alguma apreensão, mas Aro ergueu sua mão, recusando-se a responder.
Eu poderia dizer que Caius estava disposto a me dar a minha paz – ele me viu como um ser trivial de nenhuma conseqüência. Ele não vê qualquer vantagem na adição de outro leitor de mentes na guarda, mas a minha morte poderia proporcionar útil prática luta.
“Você é a favor da concessão do pedido dele?” ele perguntou.
Seus pensamentos desapareceram da minha mente antes de ouvir a resposta de Aro. Porcaria.
A lua se arrastou ao longo dos edifícios, iluminando a cidade com seu brilho enquanto subia. Demetri me levou a uma pequena alcova perto da entrada, onde poderíamos ficar esperarando. Nenhum humano estava acordado nesta parte da cidade, e apenas a curiosidade de Demetri manteve minha mente de estar completamente em branco. Ele tinha suas próprias perguntas, mas não as disse em voz alta, então eu não respondi. O som dos grilos foi no que me concentrei, seus gorjeios rítmicos contavam o fim do meu tempo.
O céu ficou azul-marinho no momento que Felix entrou na área que meu dom alcançava. “Eles decidiram,” avisei a Demetri.
Ele me olhou desconfiado, mas então Felix virou a esquina mais próxima a nós. “É hora”, disse ele.
A sala da assembléia foi limpa desde a ultima vez,que eu estive aqui, só Aro, Caius e sua guarda pessoal permaneceram. Apenas os dois anciãos sabiam qual seria meu destino, os outros vampiros presentes estavam tão curiosos
quanto eu. A maioria desejando o mesmo desfecho violento que eu, vendo minha morte como uma faísca de entretenimento em um bastante lenta e sedentária vida.
“Meu caro Edward, bem-vindo novamente!” Aro disse com entusiasmo. “Sua espera não foi muito inconveniente, eu espero.”
“Hmph”, eu bufei, observando o zombar de Caius.
Menino arrogante, ele pensou.
“Temo que você vai ter que esperar alguns momentos mais”, continuou Aro, quase jovial. “Há uma outra questão que eu gostaria de discutir com você primeiro.” Ele deixou a sua oferta para eu me juntar aos Volturi passar por seus pensamentos.
Eu não hesitei na resposta. “Não, obrigado.”
“Você nem ouviu …” Caius começou antes de Aro levantar sua mão. Antes que Caius pudesse protestar, o seu irmão tocou sua testa. “É claro”, disse ele, revirando os olhos. Você leu a pergunta nos pensamentos descontrolados do meu irmão.
Infelizmente, os pensamentos de Aro estavam longe de estarem descontrolados; eu ainda não podia sentir se ele tinha aceitado o meu pedido.
“Você deve entender a honra que é ser concedido esta oportunidade. Os últimos a receberem uma aceitação tão rápida foram Jane e Alec,” Aro disse.
Jane estremeceu com a comparação de Aro. Ele está oferecendo a ele um lugar na guarda? Claro que não… “Mestre?
“Não se preocupe, querida, seu lugar está bem protegido. Mas talento como o de Edward não cruza o nosso caminho muitas vezes.” O olhar de Aro não vacilou. Há muita coisa aqui para você aprender, você seria bem recompensado pelo seu tempo. Ele imaginou o arquivo que ele tinha compilado em outra parte do castelo, que incluia obras de arte, textos perdidos, e artefatos inestimáveis. Uma breve seqüência de sílabas desconhecidas correu em sua cabeça – em etrusco, eu percebi.
Há tanta coisa que eu poderia lhe ensinar, Edward. Você poderia até ser autorizado a continuar o seu… hábito alimentar alternativo… se assim desejar. Ele me imaginou com uma capa escura como a de Jane estando no lugar que ele viu como o mais alto, à sua direita, dando-lhe os pensamentos de todos ao seu redor.
Ele não tinha intenção de me dar nada mais.
Meu temperamento assumiu. “Não tenho nenhum desejo de ser uma escuta pessoal para ninguém, embora eu posso ver porque a idéia é sedutora.” Sorri para Jane, implicando que os pensamentos dela deveriam ser monitorados. Recebi exatamente a reação que eu queria.
“Seu insolente …” Ela deu um passo para frente, preparando para me dar a dor que eu ricamente merecia. Ela olhou por trás de mim para Felix, esperando que ele terminasse o trabalho, uma vez que ela tivesse a sua diversão.
Eu me preparei para o final, mas ele também me foi negado.
“Pare! “Aro ordenou, congelando todos na sala. Astuto, ele pensou. “Se essa é sua decisão, então que assim seja.” Seu humor amigável resfriou. “Nós negamos o seu pedido. Terminar a sua vida seria… um desperdício”, ele concluiu. “Você está livre para ir, Edward.”
Ele esperou por uma resposta, mas tudo que viu foi as minhas costas quando eu me afastei.
Eu te disse, Caio pensou.
Aro tentou uma última vez. “Ah, e o meu caro Edward, eu sei o que você está planejando. Se você agir contra nós, você encontrará o destino que deseja. Mas esteja avisado: Você vai ter que renunciar a filosofia natural da sua família para fazê-lo. Se você achar que isso seja… intragável… Eu ficaria feliz em estender a minha oferta para você.” O sussurro de um pensamento seguiu o aviso, outra alternativa ao que parecia, mas ele se silenciou antes que eu pudesse obter o seu pleno significado.
“Veremos sobre isso”, retorqui, em seguida, bati a porta atrás de mim.
Os pensamentos dos Volturis tornaram-se um zumbido monótono na escuridão da minha mente quando saí do castelo. Eles enviarão alguém para me acompanhar em breve, eu não tinha dúvida. Fiquei perto dos edifícios enquanto o céu se iluminava com a aurora que vinha. A cidade estava despertando, e enquanto andava sem rumo, eu assisti trabalhadores limparem as ruas e recolherem o lixo em preparação para o festival do dia. Logo as ruas deveriam estar preenchidas com seres humanos inocentes, alheios à espécie superior ao seu redor. Elas seriam as testemunhas que garantiriam o meu destino.
Me aproximei da praça principal com sua fonte enorme e torre do relógio, e localizei um canto sombreado. Instintivamente, meu corpo se enrolou em uma bola no pé do muro de pedra. Eu tentei lembrar o rosto de Bella novamente, mas a imagem não vinha. Depois de tudo eu tinha feito, ela finalmente me deixou completamente, e me virei para necessidades mais urgentes. Como eu iria acabar com essa existência sem sentido?
Qualquer número de feitos sobre-humanos chamaria a atenção o suficiente para que os Volturi tivessem que agir rapidamente. Mas Aro estava certo, a ação mais decisiva seria caçar – expor esses humanos ignorantes para os monstros que viviam lado a lado com eles. A guarda não teria outra escolha assim. Seriam poucos minutos antes que eu me tornasse cinzas.
Tentei me controlar contra o terror que eu iria infligir. Matar não era tão difícil – eu tinha feito inúmeras vezes antes, há muito tempo. Minha memória voltou enquanto as centenas de rostos, os das minhas vítimas, apareceram em minha mente com perfeita clareza conforme eu me lembrava o monstro que era há oitenta anos. Eu os encurralando, um por um, ouvindo seus pensamentos, enquanto suas preocupações se tornavam medo. Medo se tornava horror quando colocava minhas mãos sobre eles, suas considerações finais geralmente se tornando arrependimento enquanto eu drenava suas vidas.
Alguns congelavam, algumas lutavam, alguns imploravam por misericórdia, mas não fazia diferença. Todos eles sucumbiram a mim, meus dentes cortando sua carne quente com facilidade. Tantos naqueles poucos anos – eu não tinha pensado sobre esse período da minha vida há muito tempo. Quão difícil seria para ressuscitar esse assassino?
Não foi a mesma coisa – você sabe disso. Minha voz interior, a consciência que tinha me levado de volta para Carlisle no final, me lembrou que eu não havia caçado qualquer ser humano. Inocentes tinham estado a salvo de mim, apenas os criminosos precisavam temer. A fim de garantir os meus objetivos aqui, no entanto, essa distinção não poderia ser aplicada. Eu teria que matar publicamente, violentamente, sem piedade, e indiscriminadamente – matando especialmente os inocentes.
Eu embalava meu rosto em minhas mãos quando a voz de Carlisle voltou para mim. Você é mais do que aquele monstro, Edward. Isso é o que lhe dá a capacidade de amar.
Não, tem que ser dessa maneira, não há amor em mim mais, eu disse a mim mesmo.
O sol nasceu, lançando faixas brilhantes de luz em toda a fonte na minha frente. Lojistas chegaram ao redor da praça, abrindo toldos e varrendo calçadas. Alguns empurraram carrinhos de souvenirs na praça, se preparando para mostrar ao público todos os tipos de enfeites comestíveis e souvenirs de plástico. Logo a área estaria repleta de pessoas, inundadas com o aroma rico de seu sangue. Eu poderia fazer isso…
Quantos teriam que morrer? Tentei imaginar entrando no meio da multidão e começando a carnificina. Os Volturi estavam esperando que eu fizesse alguma coisa – mesmo agora, eu podia ouvir os pensamentos de vários da guarda, enquanto eles assistiam a praça, à espera. Talvez apenas um ou dois seres humanos teriam de morrer…
Eles não podiam morrer rapidamente no entanto, apenas quebrar o pescoço deles não seria suficiente. Eu tinha que mostrar o que eu era em toda a minha monstruosidade mortal – meus dentes em sua garganta, permitindo que seu sangue arterial espirrasse sobre a multidão antes de eu tomar aquele primeiro gole. Os gritos seguiriam quando a multidão percebesse o que eu estava fazendo, e eu teria que correr atrás da minha segunda vítima. Gostaria de terminar a primeira – embora a sua vida fosse condenada uma vez que meus lábios atingisse sua pele, então não havia nenhum ponto em prolongar seu sofrimento. Seria ainda mais eficaz selecionar uma mulher ou uma criança para atacar, mas eu não podia nem sequer fazer a mim mesmo considerar isso. Apenas homens crescidos iriam morrer hoje.
Eu estava de pé, assistindo a um homem empurrar uma vassoura na entrada do beco onde eu estava enfurnado dentro. Ele seria perfeito, pensei, e tentei imaginar a pulsação de seu sangue na minha boca, o alívio enjoativo quando eu lhe bebesse a vida. Ele olhou para mim, o meu candidato a vítima, e ouvi o medo correr através de seus pensamentos ao me ver. Encarei de volta, engolindo secamente, por uma vez não sendo capaz de reunir o veneno que vinha com a caça.
Ele se afastou rapidamente, pensando em sua família enquanto ia, apavorado, mas confuso.
Você não é um monstro, Edward, você subiu acima disso, a voz de Carlisle me censurou.
Afundei minhas costas contra a parede novamente, derrotado. Meu pai estava certo – eu não era mais aquele monstro. Infelizmente, eu descartei a idéia de uma matança. O que mais posso fazer?
Eu poderia fazer algo estilo Superman – lançar um carro através de uma parede ou pular de um prédio, mas não seria vampírico suficiente. Neste dia – a celebração da eliminação do sobrenatural de Volterra – eu tinha que demonstrar esse aspecto. Eu tinha que mostrar a essas pessoas que eu não era humano. Mas como?
Enquanto eu lutava para encontrar a melhor maneira de terminar a minha existência, minha mente se encheu de palavras novas.
Tenha misericórdia de mim, Senhor, pois estou em perigo, meus olhos se enfraquecem com a tristeza, a minha alma e meu corpo com a dor. Minha vida é consumida pela angústia e os meus anos pelo gemido; minha força falha por causa de minha aflição e os meus ossos se enfraquecem … Porque ouço a difamação de muitos, há terror por todos os lados, eles conspiram contra mim e conspiram para tomar minha vida.
Um versículo do Salmo… a última coisa que eu poderia esperar para estar no centro dos meus pensamentos, e ainda assim as palavras eram completamente apropriadas. Carlisle ficaria orgulhoso. Eu repetia as palavras, querendo saber como Deus responderia a uma oração feita por um vampiro.
Em resposta à minha pergunta, a imagem de Bella reapareceu na minha cabeça em uma explosão de brilhante luz. Fechei os olhos e me agarrei a ela. Ela estava na nossa clareira, com seu rosto brilhando, seus cabelos tocados de vermelho.
“Meu tipo de dia”, disse ela, sorrindo. “É tão leve … tão aberto.” Claro, seu céu estaria cheio de sol. Ela sempre foi minha luz, meu sol.
Então, a dor voltou, queimando minha pele e ardendo meus pulmões. Os murmúrios de pensamentos ao meu redor desapareceram enquanto eu lutava para respirar através da agonia. Eu não merecia nada menos.
“Eu sinto tanto sua falta”, eu engasguei. “Eu sinto tanto… se eu soubesse …”
“Edward”. Ela traçou o meu olho com um dedo, devagar, com cuidado. “Eu não sabia onde você estava.”
A culpa me consumia, digerindo os meus ossos endurecidos em um poço de ácido. “Mas você prometeu que ficaria segura por Charlie.”
Ela franziu o cenho. “Eu caí.” Ainda altruísta, Bella tentou desviar minha pergunta não-feita.
“Por que?”
“Você não vai querer ouvir.” Ela colocou um renegado fio de seu cabelo para trás da orelha. “Você é a única coisa que me machucaria se eu perdesse.”
Será que ela morreu acreditando a mentira, a invenção horrível de que eu não a amava? “Eu nunca deixei de te amar, Bella”, eu sussurrei.
“Bem, isso muda as coisas“, disse ela, lembrando-me que ela tinha acreditado.
Todos os “e se” caíram em mim numa fria avalanche de arrependimento. Se eu tivesse voltado, se eu nunca tivesse ido embora, se eu não tivesse sido tão egoísta… ela estaria viva agora. Eu tentei tirar consolo no fato de que ela tinha encontrado sua eternidade. Mas eu poderia ter tido ela para sempre…
Bella me repreendeu com um aceno de cabeça. “É tarde demais”.
“Eu sinto…” Muito? Que absurdo eu poderia ser? Eu a matei. Apesar de tudo o que fiz, eu a matei. Uma palavra simples não poderia captar o alcance do meu pecado, ou o meu remorso. Meus olhos ardiam enquanto agulhas sem lágrimas os perfuravam. Como eu poderia sequer pensar que eu merecia algo tão simples como a morte?
Pela primeira vez, Bella não discutiu. “Parece razoável”. Rodeada por delicadas flores silvestres que não eram nada em comparação ao seu esplendor, ela levantou sua perfeita e angelical mão e me convidou para acompanhá-la. Como se eu pudesse. “Mostre-me o que você quis dizer, sobre o sol.”
Minhas mãos deslizaram do meu rosto, e inspecionei meu braço, assim como ela tinha feito naquele dia na clareira. Naquele dia ela se maravilhou com o brilho desumano da minha pele. Na minha mente, Bella acenou com sua cabeça suavemente, enquanto pequenos arco-íris refletiam dançando em suas bochechas, me dizendo o que eu tinha que fazer. Ela estava me guiando para a minha paz final.
A visão mudou e eu me lembrei do último beijo, no seu aniversário. A maciez de seus lábios, a sensação de seu cabelo em meus dedos, sua respiração pesada e pulso acelerado – tudo isso voltou. Enquanto o beijo terminava, uma nova e infantil questão rastejou para meus lábios.
“Você pode ficar comigo, Bella, até o fim?” Eu não tinha o direito de perguntar, depois de lhe roubar sua vida, mas não importa o que sofri, eu continuava um monstro egoísta.
Bella, sempre altruísta, apenas sorriu. “Eu não estou indo a lugar nenhum.”

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