quarta-feira, novembro 03, 2010

Coalescence - Capítulo 15: Velhos Amigos

24 de Junho

Eu não tinha certeza, mas parecia que poderia haver algo nisso. Lambi meus lábios rapidamente e novamente peguei uma gota de sabor. Suguei um pouco de ar por cima da minha língua, e me arrependi imediatamente.

“O que você está fazendo?” perguntou Alice com um olhar de estranheza e preocupação em seu rosto.

“Eu posso provar o quão ruim essa coisa cheira,” eu disse com uma cutucada no detestável pêlo do animal sob mim. Ela fez uma careta para minhas palavras nojentas.

“Eu estava lambendo meus lábios tentando conseguir um bom gosto do sangue. Acho que realmente provei algo dessa vez.”

“Sério?” seu sorriso estava triunfante.

“Talvez.” Eu não queria aumentar suas esperanças “Tinha um gosto… doce? Eu não tenho certeza, mas pelo menos tinha gosto,” eu disse com um pequeno sorriso. Não foi nada perto do êxtase visceral de sangue humano, mas era alguma coisa.

“Ah, Jasper, estou tão feliz por você.” Ela pulou em meus joelhos, enquanto eu estava junto ao cadáver, e me beijou completamente.

“Não se apresse em suposições,” eu avisei. Entretanto, a idéia de que havia doçura no sangue, que eu podia provar alguma coisa nele, me deu esperança.

“Eu te disse, carnívoros tem gosto melhor,” ela disse.

“Eu não disse melhor; eu disse alguma coisa. Existe uma diferença. Você ainda tem que admitir, toda sua comida fede demais. Não sei qual é pior: urso, cachorro, ou alce.”

“Cachorro,” ela riu. “Odeio cheiro de cachorro mais do que qualquer coisa – até mesmo de peixe.”

Estremeci com a idéia de provar sangue frio de peixe. “Eu não posso acreditar que você fez isso.”

“Às vezes a curiosidade não é uma coisa boa. Você sabe, isso merece uma comemoração de algum tipo.”

Bati de leve na massa morta abaixo de nós. “Nós temos imediato acesso à tapete com pele de urso.”

“Eca, além disso, é muito irregular. Estou falando sério – merecemos comemorar sua vitória. Acho que um banho de espuma e uma grande cama estão nos planos.”

“Nunca considerei espuma muito como uma recompensa,” eu resmunguei. Predadores letais machos não devem cheirar como uma menina. Isso ia contra a natureza.

“As bolhas de espuma vêm com algumas instruções de Mai-Li,” disse ela com um ronronar em sua voz. “Se nós nos dirigirmos para Vail antes de ir para Denver, podemos nos hospedar em um dos hotéis. Eles estarão quase vazios e nós podemos finalmente conseguir uma cama e banho, e brincar um pouco.” Ela estava tão animada que estava quicando em meus joelhos.

“Você tem certeza?” Por mais que amasse aquele pergaminho, eu não tinha certeza se isso era uma boa idéia. Tínhamos ficado o mês passado nas Montanhas Rochosas, comendo e brincando. Trinta e dois dias era muito tempo para eu ficar sem um humano e ainda manter o meu auto-controle.

“Confie em mim, eu sou vidente,” ela cantarolou.

“Não estou mais acostumado com isso,” Sibilei para Alice enquanto ela assinava o registro para uma estadia de três noites. Vários dos hóspedes olhavam para nós enquanto estávamos na mesa à espera de uma chave.

“Não estou vendo nenhum perigo,” ela sussurrou.

“Isso não pode valer a pena.” Suítes privadas não significam muito para mim, eu estava perto demais de humanos após me privar de seu sangue por tanto tempo.

“Um banho de espuma quente sempre vale a pena. Eu preciso para tirar o cheiro de animais de mim.”

Um carregador de malas muito nervoso veio, pegou nossas bagagens e nos levou, quase correndo, por uma série de corredores para nosso quarto. Alice estava certa, é claro. As pousadas aqui em Vail estavam quase vazias no verão.

Alice sorriu e deu uma gorjeta ao rapaz enquanto ele recuava para fora do quarto e corria de volta pelo corredor tão rápido quanto podia. Nós dois relaxamos enquanto o som dos pés batendo ficava mais distante. Ela andou até a cama e sentou-se nela devagar.

“Esta é a primeira vez que estivemos perto de uma cama em mais de um ano,” disse ela.

“E aquela cabana abandonada em Wisconsin?”

“Não havia lençóis, por isso não conta. Além disso, ela se desfez.”

“Se me lembro bem, toda a cabana se desfez. Ela estava em mal estado quando saímos.” Aquela era uma boa recordação. Olhei para a cama. Ela tinha uma cabeceira pesada, e lençóis luxuosos, mas era sustentada por pernas finas. “Eu não acho que vai durar muito também.”

“Nós podemos quebrar as pernas. Poderia fazer menos barulho dessa forma.” Ela sorriu para mim e encaminhou-se para abrir sua mala. “Além disso, podemos deixar dinheiro se fizermos algum dano. Usei um nome e endereço falso, de modo que não seremos encontrados.”

Ela encheu seus braços com toda espécie de frascos, cada um unicamente perfumado, e entrou no grande banheiro para começar o nosso banho. Peguei o agora bem desgastado pergaminho e olhei para as formas enigmáticas que se contorciam sobre a superfície. Nós tínhamos tentado todas elas até a cinqüenta e um. Havia sessenta posições ao todo, e me perguntei se três dias eram suficientes para tentar as nove restantes. Eu comecei a nos imaginar enquanto tentava decifrar essas formas, e de repente três noites quase não pareciam tempo suficiente.

Ouvi Alice ao meu lado, e olhei para vê-la colocando várias centenas de dólares na mesa.

“Tão ruim assim?”

Ela riu maliciosamente. “Pior do que você pode imaginar.”

Olhei de volta para o pergaminho e pensei sobre a última pose. “Não sei, querida, eu tenho uma imaginação muito boa.”

Ela ficou em branco por um momento e colocou mais quatrocentos dólares na mesa. O meu sorriso era uma milha de largura enquanto ela enrolava seus dedos ao redor da minha gola e me puxava para o banheiro.

29 de junho

Os cheiros eram totalmente familiares para mim, mas eles cheiravam estranhos nesta cidade lotada e fora do lugar em minha nova vida. Ainda assim, minha alegria dobrou no segundo que eu respirei.

Alice congelou ao meu lado e soltou um rosnado baixo.

“Está tudo bem”, eu disse enquanto a puxava para perto de mim. Mesmo que eu soubesse quem era, eu não iria tomar nenhum risco com ela. Nunca. “O que você vê?”

Eu a senti ficar mole, mas não olhei para ela. Até que soubesse onde eles estavam, eu precisava fazer a varredura em nosso redor.

“Não posso acreditar,” Alice gritou de alegria. Ela tentou correr para frente, mas eu a peguei a tempo de puxá-la de volta.

“Não é assim”, eu sibilei. “Nunca assim. Eles são os soldados como eu, e eles não sabem quem você é.”

Nós andamos pela calçada, cercados pelos poucos prédios altos que Denver possuía como seu minúsculo centro da cidade. Era um lugar incomum para se encontrar um vampiro, mas a proximidade dos trilhos de trem pode ter algo a ver com isso. Na verdade, os cheiros nos levavam na direção da área do trem. Eu fui tão rápido quanto ousei pelas estradas escurecidas. Haviam apenas alguns humanos ao redor agora, a maioria deles tendo ido para casa para passar a noite.

Após o cruzamento de duas estradas, entramos numa zona de armazém.

“Alice?” Eu esperava que sua visão pudesse me dar uma pista sobre qual do edifício indefinido eles poderiam ter entrado.

“Fique aqui, eu acho. Não, espere… Passe caminhando pelo prédio 17, e certifique-se de tocar nas paredes. Podemos encontrá-los no cais dessa forma.”

Eu fiz o que ela falou. Aprendi desde cedo a simplesmente confiar na minha companheira sobre estas questões, então andei ruidosamente para um vampiro e toquei as paredes enquanto passava. Quando chegamos à área mais pesada de carregamento, eu me virei para encarar o prédio, e puxei Alice para atrás de mim um pouco.

Trinta e dois segundos mais tarde, a cabeça loira de Peter espiou pela porta. Ele soltou um grito e correu de volta para dentro do prédio. Eu podia ouví-lo dizendo para Charlotte terminar sua refeição rapidamente e sair. Alice tentou fazer seu caminho de volta para o meu lado, mas eu não permitiria isso.

Peter emergiu lentamente da porta escura, seguido por Charlotte. Ambos usavam sorrisos largos, mas prosseguiam com cautela como vampiros normais. Alice estava tão animada que ela teria corrido para eles se eu não tivesse bloqueado ela.

Levantei minhas mãos, e Peter fez o mesmo, caminhando lentamente para frente até que nós ficamos apenas cinco metros de distância. Os aromas familiares dele e de Charlotte passaram por mim, trazendo tanto conforto quanto torturante dor. Como todos os cheiros familiares, seus aromas trouxeram lembranças correndo de volta para mim, e essas memórias não eram agradáveis.

Os olhos de Peter estavam no rosto sorridente da minha companheira.

“Caramba, é bom vê-lo, Comandante,” disse ele enquanto estendia sua mão. Eu dei um passo à frente e agarrei-a firmemente, segurando-a em ambas as minhas.

Mas mesmo quando nós demos nossas mãos, ele parecia estranhamente hesitante.

“É bom ver você também, Peter,” eu disse, transmitindo à ele tanto reforço emocional quanto aquelas palavras poderiam.

Ele tinha a mais estranha expressão em seu rosto enquanto olhava de mim para Alice. “Então, quem é essa?”

Charlotte espiou por trás dele. Ela era toda sorrisos.

Alice saltitou ao meu redor para agarrar a mão dele. Ele ficou tenso, mas não se afastou com o movimento rápido dela.

“Essa é Alice; minha companheira.” Havia tanto orgulho nestas palavras.

“Bem, olha só,” ele disse com um riso silencioso. “Você conseguiu, seu filho de uma mãe. Você conseguiu.”

“Oh, Jasper,” suspirou Charlotte enquanto ela vinha para frente e estendia sua mão para Alice. Alice a segurou, sorrindo de orelha à orelha.

“Quando isso aconteceu?” ele perguntou.

“Um pouco mais de um ano atrás, no dia quatorze de abril.” O meu sorriso era tão largo enquanto eu recordava daquele encontro maravilhosamente bizarro no restaurante.

“Eu tinha desistido de você, tolo velho. Pensei que você iria ficar sozinho para sempre.” Ele estava balançando a cabeça lentamente. Então, ele olhou diretamente para mim e perguntou: “Então, o que há de errado com seus olhos?”

“Nós não bebemos sangue humano – pelo menos eu não, e Jasper está tentando não beber,” Alice respondeu como se fosse a resposta mais normal para dar. É claro que não era normal em nada, e Peter e Charlotte simplesmente congelaram, olhando para nós.

“Me olham muito assim,” riu Alice, que mais uma vez, conhecia os meus pensamentos. “Eu não sou mais fraca do que eu era quando bebia de seres humanos. Sim, é muito difícil. Jasper ainda está lutando com isso.”

“Então, você… mas você não… por quê?” Peter olhou para mim, incrédulo. Eu ri, sem querer.

“O que vocês comem?” perguntou Charlotte com um olhar distante em seu rosto. Ela já tinha adivinhado.

“Animais. Silvestres, não o tipo domesticado. Os animais domesticados não têm gosto nada bom.” Alice estava totalmente séria.

Eles viraram seus surpresos rostos para mim para uma explicação. Eu tive que segurar outra risada.

“Alice não quer matar pessoas. Ela descobriu que poderia viver de sangue animal e tem experimentado uma vasta quantia de animais em sua vida. Vocês se lembram o que alimentar fazia em mim?” Eles assentiram. “Eu estou lentamente tentando mudar minha dieta para ver se consigo lidar com isso. Dizer que é difícil é um eufemismo. Eu ainda preciso me alimentar de seres humanos, mas estou me acostumando com a alimentação de animais. Já passei trinta e seis dias até agora sem um ser humano.” Eles me olharam incrédulos, e senti uma pequena parte de orgulho enquanto eles tentavam entender a minha nova vida. Pela primeira vez, percebi o quão longe eu tinha vindo desde o encontro com Alice.

“Eles não fedem?” a voz de Peter tinha um estranho tom alto. Segurei outro sorriso.

“Demais. Acho que os alces são piores, mas Alice diz que cães fedem mais.”

“Cães?” A pele pálida de Charlotte assumiu uma ligeira coloração verde, que parecia muito estranha em uma vampira. Eu me perguntei se era assim como me pareci em minha primeira caçada.

“Lobos e cães selvagens – não os bonitinhos que convivem com os humanos,” disse Alice, um sorriso puxando os cantos de sua boca. Ela estava se divertindo. “O pior cheiro é de cachorro, mas o pior gosto é de peixe, sangue frio é absolutamente horrível. Eu como estritamente mamíferos, embora carnívoros tenham gosto melhor. O meu favorito é leão africano, mas é difícil obter isso aqui.”

Peter e Charlotte se mexeram desconfortavelmente. Nenhum deles sabiam se levavam Alice em sério ou não.

“Comandante, eu… eu não sei o que dizer. Se os seus olhos não estivessem com uma cor tão estranha, eu diria que você estava brincando comigo, ou, finalmente, estava completamente louco. Mas aí está você com bizarros olhos dourados… e… só não sei o que dizer.” Peter sempre foi um homem decisivo, é por isso que ele era tão bom em batalha, mas agora ele parecia absolutamente pasmo.

“Você sempre disse que eu era um louco,” eu o lembrei.

“Sim, mas na época eu não estava falando sério.” Seu sorriso caloroso se espalhou de volta em seu rosto.

“Precisamos ir para outro lugar,” Alice interrompeu. “Vários homens chegarão em breve, e não há motivo para matá-los. Peter e Charlotte, vocês querem ficar na cidade ou voltar para a floresta? Haverá amanhã algumas trovoadas fortes e nós poderíamos passar algum tempo na cidade.”

“Como você sabe todas essas as coisas?” perguntou Charlotte.

O sorriso de Alice era travesso. “Da mesma forma que eu sabia que vocês estavam aqui.” Ela bateu com o dedo em sua cabeça. “Eu sei um monte de coisas.”

Mais uma vez, eles olharam para mim por explicação.

“Temos muito para conversar,” eu disse enquanto soltava um suspiro. A megerinha tinha feito isso de propósito só para se mostrar. Eu faria Alice pagar por isso. “Talvez o telhado de um dos prédios do centro seria um bom lugar para falar dos velhos tempos e dos novos.”

Peter concordou e bateu suas mãos juntos. “Isso soa como uma história muito boa. Eu não confio nele, mas você não irá mentir para nós, irá querida?”

Alice riu e cruzou seu coração. “Nunca.”

Abaixei minha cabeça e a balancei em derrota. Apesar de todas as minhas advertências, minha companheira os havia ganhado em poucos minutos. Eles a amavam.

* * *

“Em todos os meus anos, eu nunca pensei que iria acabar aqui.” A declaração de Peter foi mais um rosnado, mas era calmo o suficiente para não chamar atenção para nós.

Olhei e vi minha própria frustração espelhada no rosto dele.

“Quanto tempo isso vai levar? Ela faz muito isso?”

“Todas as vezes que puder. Alice gosta de fazer compras, e ela ama dar presentes para as pessoas. Gasto uma enorme quantidade de tempo esperando assim,” eu disse com um suspiro final. Pelo menos eu não estava sozinho dessa vez.

Senti Peter se afundar no banco onde estávamos sentados, seus olhos vermelhos escondidos atrás dos óculos de sol que Alice comprou para este passeio. Eu não precisava deles, mas estar perto, mesmo dos poucos humanos que andavam pelas ruas chuvosas de Denver, fazia minha garganta se apertar. Eu não estava com sede, mas eu não tinha bebido de um ser humano há mais de um mês, e isso estava tendo seu efeito em mim novamente.

Olhei ao redor e acenei para os outros homens que estavam sentados sob os toldos das lojas aqui no pequeno centro da cidade, com seus braços cruzados e ombros curvados como os nossos.

“Quanto tempo demora para encontrar roupas?” Peter perguntou. Ele parecia quase desesperado.

“Quanto tempo se passou desde a ultima vez que você ou Charlotte compraram roupas?”

Ele deu de ombros.

“Ela já fez compras desde que foi transformada?”

“Não. Por que iríamos? Nós apenas roubamos o que precisamos.”

“Então, Charlotte não fez compras em vinte e um anos? Alice vai amar isso.” Minhas palavras estavam pesadas com sarcasmo.

“Ela não pode comprar muito mais. Como diabos eu devo carregar tudo isso?” ele perguntou enquanto balançava sua mão na direção das caixas e bolsas em seus pés. Eu sabia exatamente como ele se sentia. Como um nômade, eu levava tudo que precisava no meu bolso ou em uma pequena mochila. Não havia nenhuma maneira de todos aqueles itens se encaixarem em alguma coisa pequena. Ri dele e de seu desespero, mas não disse nada.

“Então, é isso que você quer?” Ele perguntou depois do que pareceu uma eternidade. Três mulheres mais velhas passaram, e eu segurei minha respiração antes de responder.

“Alice é o que eu quero, e este é o modo de vida de Alice. Ela não aceita a vida normal ou os limites de ser um vampiro. Não há momentos de tédio com Alice em volta.” Ele bufou e se afundou ainda mais no banco. “A menos que ela esteja fazendo compras,” eu adicionei.

“Eu não sei como você faz isso.”

“O que? A dieta ou estar em torno de humanos? Não vou admitir isso para Alice, mas é muito libertador não ter de beber sangue de humanos. Sinto uma falta terrível, e meu controle não é muito bom, mas ser capaz de andar entre eles sem medo de ser reconhecido pelo que eu sou é ótimo.”

“Vale a pena desistir do êxtase?” Eu podia sentir seus olhos vidrados em mim, então me virei e olhei para ele. Eu não iria mentir para meu irmão de vida.

“Eu não sei. Não sei se posso ou jamais serei capaz de abandonar o sangue humano. Tudo o que sei é que não posso desistir de Alice. Esta nova vida, ela é sim incrível. Você não tem idéia de quanto ela me mudou.”

Ele me olhou fortemente e, em seguida, assentiu. Ele entendia isso pelo menos.

Nesse momento, Alice e Charlotte saíram da loja, rindo de alguma piada compartilhada entre si. Meu coração se aqueceu vendo Alice tão feliz com Charlotte. Então o resto de mim se aqueceu enquanto eu notava os brilhantes pacotes cor-de-rosa pendurados em seus braços.

Sim!” Eu sibilei

“O que?”

“Você vê aquelas caixas cor-de-rosa? Aquelas são o que faz ficar aqui esperando valer a pena.” Sorri para ele e não disse mais nada. Isso era algo que ele poderia descobrir por conta própria.

Alice dirigiu para o hotel enquanto o sol se punha, e eu corri para esperá-la por trás do lobby. Embora tivesse sido passado apenas um pouco mais de um dia e eu tinha estado com amigos, eu me sentia quebrado e desgastado. Mesmo antes de chegar à ela, sua presença começou o processo de cura que eu tanto precisava.

Ela correu por trás do escritório do hotel, e pulou em meus braços, e no momento que nossa pele se tocou, eu estava completo novamente.

“Senti sua falta,” ela murmurou. Depois de um longo e profundo beijo, ela me soltou e olhou em volta. “Onde…”

“Nem tente olhar porque você não quer vê-los. Eles estão abrindo caixas cor-de-rosa,” eu disse com um sorriso. Ela retribuiu meu sorriso com uma risada positivamente diabólica.

“Bom para eles. Com esperanças, Peter será um pouco mais tolerante. Ele acha que eu sou uma aberração.”

“Você é, e não olhe com raiva para mim por dizer isso. Você ostentou sua estranheza, e você sabe disso. Além do mais, quando eles terminarem com as caixas, ele estará disposto a te adorar, confie em mim.” Eu me virei para a estrada bem iluminada que percorria o centro da cidade. “Tem certeza de que Las Vegas é um lugar bom para eles?” E para mim?

“Eles vão adorar, e você também. Você já terminou?” ela perguntou, olhando nos meus olhos agora laranja profundo. Peter e Charlotte correram ao longo das linhas ferroviárias, e tivemos que seguí-los em nosso caminho para Las Vegas. Dois homens sem-teto tinham saciado a minha necessidade de sangue por um tempo. Não havia nenhuma maneira que eu pudesse me sentar nos cassinos lotados que Alice descreveu sem beber primeiro.

“Estou bem,” eu disse enquanto sorria para ela. Olhei para nosso carro completamente cheio – Alice mal cabia nele agora – e tentei ver o rosa entre as sacolas.

“Eu as tenho na mala de passarmos a noite,” ela riu enquanto dava a volta para pegar a bagagem. “Achei mais alguns itens em algumas das lojas menores aqui. Você não vai acreditar na mercadoria que eu encontrei nos limites de Vegas!”

“Haverá outras pessoas aqui que usam óculos de sol, por isso não se preocupe em parecer fora de lugar. Ninguém vai se importar de qualquer maneira. Não vou jogar muito, para que eu possa ver todos os problemas e ajudá-los. Precisamos sair deste cassino e estar em casa antes das seis da manhã de amanhã, ou seremos apanhados pelo sol. Alguma pergunta?” Alice recitou as instruções finais para nós, pois estávamos na porta do Cassino Flamingo. Era agradavelmente escuro dentro, e isso esconderia a nossa pele pálida facilmente. Usávamos óculos de sol com nossos trajes sociais e jaquetas e, assim como Alice disse, nós não estávamos sozinhos. Mesmo assim, todos nós caminhávamos com rigidez de pedra enquanto ela nos levava para a sala de jogos.

Sorrisos,” ela sibilou, e imediatamente puxamos nossas bocas em sorrisos felizes, que coincidiam com os dos seres humanos ao nosso redor. Alice disse que as pessoas só estariam felizes no início da noite, à meia-noite, poderíamos fazer cara feia com toda a ferocidade da nossa espécie, e ficaríamos parecidos com os seres humanos aqui.

Nós começamos nas mesas de roleta, e fiel com sua previsão, ninguém pensou nada sobre nossa aparência estranha. Na verdade, todos os seres humanos eram muito mais atraídos para nós do que com medo de nós. O fluxo constante de bebida só fez aumentar a tensão sexual ao longo da noite, até o ponto que eu mal pudesse suportar estar no jogo de poker lotado, isso encerrou a minha noite neste cassino.

Alice estava certa. Se ficarmos em qualquer cassino por muito tempo, atraímos atenção indesejada. Um grande homem em um fino terno veio à Peter e eu durante o nosso jogo de poker e nos perguntou se ele poderia nos pagar algumas bebidas ou nos mostrar outras mesas de jogos. A oferta era agradável, mas a ameaça era real.

Peter simplesmente sorriu desafiadoramente e disse: “Meu Deus, você parece saboroso.” O homem ficou vermelho fogo e depois mortalmente branco, enquanto Alice tentava sem sucesso conter suas gargalhadas.

“Ele não sabia como sair daquela,” ela ria enquanto sacávamos os nossos ganhos e saíamos.

Em cada cassino, Alice nos ajudou a ganhar, mas não muito. Embora ela pudesse facilmente ter falido o lugar, nós estrategicamente perdíamos de modo que não parecêssemos suspeitos. Ainda assim, no momento em que fomos para o cassino El Rancho, estávamos todos vários milhares de dólares mais ricos, e os sorrisos nos rostos de Peter e Charlotte eram reais.

“Alice, você é o vampiro mais maravilhoso do mundo, e amo você. Eu realmente amo,” Peter riu enquanto caminhávamos pela estrada cheia ao amanhecer.

“Eu nunca tinha me divertido tanto,” disse Charlotte enquanto ela se esquivava de um casal muito bêbado. “Eu não sei o que é melhor, jogar ou assistir os humanos.”

“Vocês serão capazes de ficar até o Dia da Independência?” perguntou Alice. “Os fogos de artifício são maravilhosos.” Ela estava gostando tanto da companhia deles que ela realmente não queria que eles fossem embora.

“Isso nos dará mais duas noites de jogos, certo? Acho que podemos lidar com isso,” ele sorriu. Peter realmente não gosta de ficar no mesmo lugar por muito tempo. Ele havia sido espião-chefe de Maria e assassino, e ele nunca perdeu o sentimento de paranóia que seu passado lhe deixou. “Você não vê nenhum problema, vê Alice?”

“Nenhum, exceto que você vai ter bolsos lotados quando sair. Você já pensou em comprar um carro?” ela riu. Fiquei espantado com a rapidez com que eles vieram a confiar em Alice.

4 de julho

“Eu amo esta cidade. Em nenhum outro lugar da terra eu posso ter aspecto de um vampiro e parecer normal.” Peter estava cercado por humanos e totalmente relaxado. Agora que era noite, ele não precisa usar seus óculos de sol. Vários dos seres humanos em torno de nós tinham os olhos mais vermelhos do que os dele.

“Se você acha que isso é divertido, volte em alguns anos”, disse Alice em voz baixa. “Não apenas existirão mais cassinos, mas as ruas estarão pavimentadas, assim a poeira não vai ser tão ruim.” A poeira era uma das razões para tantos olhos vermelhos, a outra era a falta de sono. Os seres humanos aqui nem sequer acordavam até o anoitecer. Esta cidade no deserto era o local perfeito de férias para vampiros, e com o dom de Alice, era também um lugar incrivelmente lucrativo.

A multidão que se acotovelava não nos incomodava. Mesmo aqui, os humanos sabiam o suficiente que era melhor ficar longe de nós. Na maioria das vezes. Humanos bêbados são muito estúpidos para saber o que é melhor para eles, mas nos divertíamos demais os assistindo para destruí-los.

“Você está bem?” Alice perguntou baixinho. Eu fiquei rígido e verifiquei meu controle.

“Estou sim. Você viu alguma coisa?”

“Não,” ela inclinou sua cabeça para o lado, sua posição normal para checar o futuro. “Não, você está bem. Eu não tinha certeza de como era difícil para você aqui na multidão.”

“Contato que eu coma com cuidado, eu não tenho tantos problemas,” eu a lembrei.

De repente um foguete riscou o céu, e a multidão aplaudiu quando o primeiro dos fogos de artifícios explodiu. Nós todos “Ahhhh” em nossa aprovação. O belo espetáculo durou mais de 30 minutos, e valeu a pena nosso tempo. Depois fizemos nosso caminho lentamente para os carros. Estávamos partindo hoje à noite para que pudéssemos dirigir através do deserto no escuro para esconder a nossa pele.

Peter e Charlotte gastaram algum dos seus ganhos em um Chevy de modo que eles não teriam de carregar o guarda-roupa novo deles. Cinco dias com Alice, e eles estavam sobrecarregados com mais roupas e livros do que eles poderiam possivelmente carregar. Eu sentiria falta deles, mas eu estava estranhamente em paz. Uma parte do meu passado tinha retornado e se encaixado perfeitamente em minha nova vida.

“Se nós encontrarmos o clã de olhos dourados, você quer que contemos à eles sobre vocês?” Peter perguntou antes de subir em seu carro novo. Alice tinha desenhado para eles os retratos dos Cullens em guardanapos quando ela lhes contou sobre a família, e eles os guardaram no porta-luvas. Peter e Charlotte prometeram manter os olhos abertos por eles em suas viagens.

“Não, não diga nada se você encontrá-los. Eu não quero que eles saibam sobre o dom de Alice.”

“Um dom como o dela será difícil de esconder. Você tem certeza de que eles não vão usá-la?”

Meu instinto se apertou. “Espero que não.”

“Eu não sei se conseguiria levar Charlotte para um novo clã. Depois de ver o que Maria e os outros fizeram, eu não confio neles. Nunca ouvi falar de um clã bom. Nunca.” Peter manteve sua voz muito baixa para Alice e Charlotte ouvirem.

“Eu sei. Não gosto disso, mas Alice os vê. Ela até tem nos visto com eles, e ela me garante que ficará tudo bem. Eu tenho que deixá-la tentar.”

Peter apertou a minha mão antes de deslizar para dentro de seu carro. Charlotte abraçou Alice e me mandou um beijo, e então eles foram embora.

“Você sente falta disso?” Alice perguntou, enquanto ela os observava se distanciando.

“Falta do que?”

“Ser livre e cair na estrada como Peter. Você sente falta?” Ela não estava com raiva ou medo, apenas curiosa, e assim eu lhe respondi com sinceridade.

“Não sei se você percebeu ou não, mas Peter não é mais livre. Você os atacou, e agora eles têm um carro carregado de coisas inúteis.” Eu beijei sua cabeça. “Acho que poderei sentir falta uma vez que encontramos a família, mas por agora, tudo o que sinto é pena deles. Eu tenho aprendido a ser capaz de gostar de ser uma parte do mundo humano, isso me faz sentir um pouco menos maléfico, um pouco mais vivo.” Senti o ânimo dela ficar mais leve com as minhas palavras.

“Amo você, Jasper. Eu gostaria de poder de alguma forma te dizer o quanto,” ela disse enquanto caminhávamos e entrávamos no carro. “Você vai gostar de fazer parte de uma família também. Apenas espere e verá.”

Tentei não fazer cara feia com sua declaração, e decidi ir na dela.

“O que eles fazem no Dia da Independência?” Por mais que ainda odiasse o fato de que eu precisaria compartilhar Alice com eles, suas vidas eram fascinantes para mim.

Ela se sentou no carro e ficou muito quieta. “Mesma coisa: Fogos de artifício, e muitos deles. Eles fabricam os seus próprios.” Ela parou por alguns instantes antes de rir. “Emmett quase colocou fogo na floresta,” ela engasgou, “e Edward destruiu a roseira de Esme. Me lembre de não passar raiva nela,” ela riu de novo. E não pude evitar de sorrir.

“Mais alguma coisa?”

Eu a senti sair de foco novamente, e quando ela voltou foi com um grito de triunfo.

“A casa deles! Eu vi, Jasper! Esme queria que os meninos colocassem fogo nela, porque ela não está feliz com a residência. Ela fez uma casa moderna, no estilo de Frank Lloyd Wright, e ela a odeia porque é moderna demais.” Ela revirou seus olhos e balançou a cabeça em frustração. A fascinação de Esme com estilos antigos era uma fonte de aborrecimento constante para Alice.

“Você viu mais alguma coisa? Eles estão nas montanhas?”

“Não, mas é definitivamente em uma floresta espessa. Então não acho que precisamos nos dirigir ao norte do Canadá. É realmente uma bela casa, eu não vejo o problema de Esme com ela,” ela bufou.

“Qual a direção?”

“Se dirija para o Sudeste, para as Montanhas Rochosas. Nós vamos fazer o nosso caminho para o norte e então oeste.” Ela começou a desenhar a casa para mim em seu já bem gasto livro de desenho.

“Nós vamos encontrá-los, Alice.” Por mais que eu odeie esse fato, nós iremos.

22 de dezembro de 1949

Eu sabia que era melhor não rir dela, mas o olhar no rosto de Alice era hilário. Ela estava tentando estar feliz, e falhando miseravelmente. Nós originalmente viemos nessa esta pequena loja para ver se eles poderiam fazer botas para Carlisle, tamanho 42 – largos, mas eu tinha vindo para obter as botas que eu queria. E Alice estava fora de si.

As botas de Carlisle eram clássicas; marrom escuro, lisas, e com aparência muito profissional. Minhas botas eram totalmente de vaqueiro. Eu as tinha encomendado com couro preto para combinar com o meu chapéu. A frente não era tão pontuda como a maioria, mas ainda tinha a ponta de aço que eu queria. As costuras e desenhos nos lados eram belos, e estas botas eram exatamente o que eu imaginava uma bota ser.

Para Alice, eram uma profanação da moda. Pelo olhar em seu rosto, eu precisaria estar vigilantemente as protegendo dela. Eu me perguntei por quanto tempo eu poderia usá-las e como diabos eu conseguiria ocultá-las de uma determinada vidente.

“Esse é realmente o melhor presente de Natal que você poderia me dar,” eu ofereci, tentando obter algum perdão dela. Ela apenas grunhiu. O pobre dono da loja parecia como se ele fosse borrar suas calças ou desmaiar a qualquer momento. Eu realmente não podia culpá-lo. Encarar uma Alice com raiva era uma perspectiva assustadora.

“Estou indo esperar no carro,” ela disse enquanto pegava as botas de Carlisle e marchava para fora.

Perfeito.

“Você tem a outra encomenda pronta?” Eu perguntei calmamente. O vendedor simplesmente assentiu com a cabeça enquanto me entregava a caixa que continha os meus sapatos velhos. Ele não gostava de me olhar no rosto.

“Não tenho muitos pedidos para esses tipos de coisas, mas ficaram bem.” Eu podia sentir o seu orgulho aumentando apesar do medo. “Elas ficaram… muito… adoráveis.”

Ele me entregou um pacote apertadamente embrulhado, e eu entreguei-lhe o seu pagamento e uma bela gorjeta. Seu rosto se iluminou instantaneamente. Duvido que ele recebesse muitas gorjetas como essa nessa cidade empoeirada de Montana. Eu ainda não tinha visto o produto, mas não precisava. Eu amava as coisinhas de renda que Alice constantemente encontrava, mas elas eram facilmente despedaçadas. Sorri enquanto pensava sobre os itens de forte couro no embrulho. Claro, eu estava trapaceando. Lingerie de couro era mais um presente para mim, mas eu esperava que ela fosse ver isso de forma diferente.

“Esse é o meu presente de Natal?” ela perguntou enquanto arrumava os pacotes no banco de trás. O porta-malas estava cheio o suficiente para estourar.

“Sim.”

Ela apertou os olhos e suspirou. “Como você fez isso?” ela perguntou em frustração.

Eu fiz a nota mental. Se eu não visse, ela não podia também. Prático.

“Eu encomendei, mas não vi ainda.”

“Ah, bem, obrigado”, disse ela secamente. Seu sorriso era forçado – ela detestava surpresas.

Ela dirigiu lentamente através das montanhas nevadas enquanto nós íamos para uma cabana que ela conhecia. Nós iríamos passar nosso segundo Natal no alto Bitterroot Range. Eu não podia esperar.

Sem aviso, as mãos dela caíram do volante, e eu tive de agarrá-lo para não derrapar para fora da estrada escorregadia. Puxei o corpo de Alice do assento do motorista e tomei o seu lugar ao volante. Esta visão foi longa, e me preocupava tê-la ausente por tanto tempo.

Quando ela voltou, sua alegria inundou o carro.

“Eu os vi! Eles estão passando o Natal perto da casa nova deles.”

Onde perto da casa?”

“Eu não sei, mas eles estavam assistindo o pôr do sol! O pôr do sol!”

Eu estava confuso. “E?

“Eles viram o sol se pondo sobre o oceano. Eles estão na costa oeste!”

16 de maio de 1950

“Eu costumava amar balançar das árvores, quando eu era um menino. Isto é muito melhor!”

Alice pulou através de toda a extensão da ponte para juntar-se à mim em um dos enormes apoios. Eu podia sentir o metal vermelho balançar abaixo de nós enquanto os carros passavam, mas nenhum deles nos notou aqui.

“Adoro o cheiro do mar,” ela riu enquanto encarava o sol se pondo. Ele tinha virado o céu acima de nós em um vermelho que combinava com a cor da ponte, mas o sol estava agora passando atrás da névoa que estava se aproximando. São Francisco é um lugar acolhedor para vampiros, especialmente no final da primavera, e essa ponte foi o melhor brinquedo que já tinha encontrado.

Vimos o sol se pondo, deslizando seu caminho no céu enquanto o vento assobiava, os fracos sons do tráfego e o constante chiado e zumbido da ponte teceram-se em um estranho concerto que nos rodeava.

“Podemos ficar aqui por um tempo, mas apenas se você prometer não comprar nada mais. Eu nem sequer caibo mais no carro.” Era verdade. A pintura que Alice tinha comprado para Esme era linda, mas a estúpida coisa continuava batendo em minha cabeça quando nós virávamos pelas curvas. Alice estava tão preocupada em ver a família que muitas vezes ela não percebia.

O olhar petulante no rosto de Alice me disse que ficar aqui não poderia ser uma opção. Ela estava disposta e determinada à comprar nas lojas próximas. Compras podem valer a pena, porém, se nos mantiver longe da família por mais alguns dias. Nós tínhamos encontrado o local que Alice tinha visto em sua visão, Carmel perto de Monterey Bay, mas não encontramos mais nenhuma evidência deles. Eu tinha que admitir, eles eram muito bons em desaparecer. Estar tão perto havia frustrado Alice e me aterrorizado. Eu não podia apreciar a vista magnífica do oceano sabendo que estava prestes a perder a minha companheira.

Olhei para a luz moribunda e outra vez me perguntei quanto tempo eu tinha. Alice sentiu a minha angústia, é claro, e me abraçou.

“Vai ser ótimo. Eles irão te amar,” ela disse. Suas palavras não fizeram nada para aliviar o meu sentimento de iminente perda. Eu sabia que eles não me amariam. Apenas Alice alguma vez tinha feito isso. O que eles fariam é tirar a atenção dela de mim, e apesar de isso ser completamente egoísta, eu não poderia suportar isso.

“Aposto corrida até a praia,” ela disse para me distrair, e eu me vi correndo pelos cabos, tentando alcançá-la. Minhas longas pernas rapidamente me levaram à uma distância para agarrá-la, mas seu corpo de repente ficou mole, e antes que minha mão pudesse pegá-la, ela caiu. Mergulhei atrás dela e fui capaz de pegar sua perna e, em seguida, segurar um dos fios de sustentação com minha mão esquerda. Vários cabos arrebentaram de suas espirais internas, mas o apoio aguentou, e eu joguei Alice sobre meu ombro e saí em disparada pela grossa corda de metal. Ela ainda não tinha acordado, então rapidamente corri para o próximo suporte, e a deitei gentilmente. Minha voz falhou com o pânico que sentia enquanto esfregava seus braços e chamava o nome dela.

Ela abriu os olhos, com um sorriso brilhante espalhou por seu rosto, a ser seguido por uma expressão de absoluto espanto.

“O que aconteceu?” ela perguntou enquanto se sentava. Eu a abracei apertado antes de responder.

“Você apagou e caiu. Eu quase não te peguei a tempo.”

“Ah, Jasper, eu sinto muito.” Seus olhos estavam arregalados quando ela percebeu o quão perto da catástrofe nós havíamos chegado. Se ela tivesse caído na estrada, nós teríamos que matar qualquer um que tivesse visto a sua queda.

“Não é culpa sua,” eu disse enquanto beijava sua cabeça. Perguntei-me novamente quantas vezes ela tinha quase matado alguém por causa de suas visões. Eu me encolhi enquanto pensava sobre como ela poderia facilmente ser morta em uma batalha se as visões chegassem no momento errado.

“Eu os vi Jasper. Eu os vi claramente,” ela disse sobre o vento e ruídos metálicos que agora tocavam meus ouvidos como um prelúdio discordante. “Emmett estava sentado no chão rugindo em gargalhada enquanto ele tentava segurar um carro. Rosalie e Edward estavam em lados opostos da garagem, olhando um para o outro, e entre eles estava uma ferramenta enorme. Ela estava dobrada e torcida de modo que parecia que se encaixava perfeitamente sobre uma cabeça. Só que não sei na cabeça de quem ela foi usada.” Ela começou a rir da memória, e eu tive que rir. A família parecia estragar um monte de boas ferramentas dessa forma.

“Entretanto, essa não é a melhor parte,” ela continuou. “Esme veio e começou a repreendê-los e lhes disse que eles eram tão barulhentos que toda a cidade de Eugene podia ouvir. Eugene! Jasper eles estão em Oregon!” Ela riu de novo, e me beijou com força em sua alegria. Eu tentei ficar feliz com ela. Tentei tomar sua alegria e forçá-la para ser a minha própria, mas tudo que eu conseguia pensar era que meu tempo tinha acabado. Olhei para fora da baía, com os olhos de um vermelho mais brilhante do que a ponte, e tentei compreender a perda de parte de Alice para os Cullens. O ressoar dos cabos da ponte tornou-se o badalar dos sinos da morte.

Eugene, Oregon – 20 de maio de 1950

Olhei para fora da janela do carro e tentei ignorar o laranja dos meus olhos no meu reflexo. Estávamos finalmente fazendo o que eu temia. Nós estávamos dirigindo para a casa dos Cullens para conhecer a família de vampiros de olhos dourados que Alice já amava.

Alice e eu tínhamos caçado logo que chegamos em Eugene, tentando obter a mudança da cor de meus olhos. Ela se recusou a nos deixar ir perto da casa até que Edward e Emmett tivessem ido embora, porque eles não nos aceitariam de bom grado, embora eu soubesse que ela significava que eles teriam medo de mim. Dois jovens vampiros do sexo masculino não reagiriam bem à alguém como eu.

Quando ela viu que os meninos saíram para um jogo de beisebol da faculdade e uma viagem de caça, alugamos um pequeno quarto de hotel para nos limpar e nos vestir. Ela usava um vestido francês e um chapéu combinando, e eu estava agora ostentando um terno italiano e chapéu fedora (veja aqui).

Eu me sentia ridículo.

A mão de Alice se estendeu para endireitar a minha gravata pela centésima vez, e eu rosnei um aviso claro.

“Relaxe,” disse ela com um enorme sorriso grudado em seu rosto.

“Relaxe você.” Olhei seus joelhos pulando rapidamente enquanto o carro tremia com os calcanhares dela batendo. Isso soava como uma britadeira no espaço pequeno.

A mão dela voou ao meu colar novamente, e eu a agarrei. “Se você tocar minhas roupas de novo, vou arrancar esse terno e bater na porta deles pelado!”

Os olhos dela se arregalaram e seu sorriso desapareceu. “Você não iria!”

“Olhe no futuro e veja,” eu sibilei. Depois de um momento, ela arfou alto e cruzou os braços para manter suas mãos paradas.

“Sinto muito,” ela disse enquanto seus pés começavam a bater rápido novamente. “Estou muito animada!”

“Eu sei. Acredite em mim, eu sei.” Eu tinha parado de tentar acalmá-la duas milhas atrás. Não havia uso nisso, e eu queria salvar o meu dom para quando fosse mais necessário. Carlisle seria instantaneamente defensivo como o único do sexo masculino, e eu queria ter certeza de que poderia acalmar qualquer situação, se preciso.

“Alice, eu preciso saber que estamos claros em como abordar um clã. Você não pode simplesmente correr e abraçá-los.” Por mais que ela negasse, eu sabia que no fundo, esse era exatamente o seu plano.

“Eu sei o que fazer,” ela bufou. “Nós falamos disso uma centena de vezes, mas eles não se importam, Jasper. Nenhuma dessas coisas importarão para eles.”

“Elas importam para mim”, sibilei enquanto contornávamos a última esquina e encontrávamos a moderna casa. Fomos de carro porque Alice disse que ouvir o som do motor os avisaria da nossa abordagem. Ela sentiu que chegar silenciosamente e surpreendê-los podia não ocorrer bem. Entre seu constante bater de calcanhares e o ranger do nosso carro enquanto ele ia sobrecarregado na estrada de terra, eles tinham estado nos ouvindo já por milhas.

Alice esguelou quando ela viu a porta da casa ser aberta e três de nossa espécie sair. Senti a sua incontrolável alegria, e agarrei seu ombro em alerta.

“Lentamente, como eu disse.”

Ela mostrou a língua para mim, mas abriu a porta em uma velocidade humana. Eu tinha parado o carro na beira da floresta, para que pudéssemos abordar lentamente. Eles precisavam ver que não éramos uma ameaça, ou que eu não era uma ameaça. Ninguém tinha medo de Alice.

Caminhamos para a frente do carro, e paramos com as mãos levantadas e palmas para fora. Olhei para o rosto de Carlisle, e para o seu estado emocional, e fiquei chocado. Em ambos corpo e espírito, ela de alguma forma era dourado, como o sol, e tão aconchegante quanto o mesmo. Não havia nenhuma da raiva, da ferocidade natural de nossa espécie nele. No entanto, um feroz senso de proteção brotou nele assim que ele viu meu rosto, mas ele não se tornou agressivo. Ele deu um passo defensivo na frente das duas mulheres, Rosalie, que estava rosnando, e Esme, que estava sorrindo nervosamente, e levantou suas as mãos em resposta. Notei sapatos mocassim em seus pés.

Alice estava certa quando disse que eles não eram como qualquer outro clã. Eles estavam divididos entre curiosidade e felicidade ao ver os olhos de Alice, e completo medo por me ver. Eu nunca tinha visto um clã que parecia tão inofensivo. Claro, eu tinha sido enganado uma vez por um vampiro que parecia inofensivo e nunca me permitiria ser enganado novamente.

Cuidadosamente analisei o humor das pessoas ao meu redor. O medo deles de mim era considerável, e Carlisle estava agora em guarda. Não se sentia como se eles fossem nos atacar, mas o potencial estava lá. Eles facilmente se tornariam agressivos, especialmente Rosalie, se fizermos o movimento errado.

Muito lentamente, eu coloquei meu braço para trás da minha companheira – e peguei um punhado de seu vestido. Ela se virou e atirou para mim um olhar maligno e uma dose de raiva, mas eu não me importei. Que Deus me ajude, ela não iria saltar sobre essas pessoas.

“Eu sou Jasper, e esta é minha companheira, Alice. Viemos visitar vocês, e não apresentamos ameaça. Há presentes para vocês em nosso carro,” eu disse enquanto mandava o mais forte impulso da paz que eu podia.

A resposta de Carlisle sorrindo foi… reconfortante. “Eu sou Carlisle Cullen, e esses são dois membros do meu clã. Vocês são bem vindos aqui. Sua oferta de presentes é amável, mas desnecessária, eu lhe garanto.”

Uma pontada muito forte de aborrecimento emanou de Rosalie quando ele disse isso.

E assim começamos a caminhar para a casa e os rostos curiosos de uma família de vampiros. Alice estava exuberante. Mais do que isso, ela estava cheia de esperança e do sentimento de lar, e eu estava feliz por ela. Meu anjo tinha encontrado o seu lugar entre sua espécie. No entanto, minha única esperança era que eles não me veriam pelo que eu era, um demônio pendurado no calcanhar de um anjo e na esperança de entrar no céu com ela.


[Alice]

Nós estamos aqui. Eles estão aqui. Isso é exatamente como deveria ser.

O resultado não estava certo ainda, e o futuro imediato ainda estava uma bagunça ilegível por causa das decisões ainda não-feitas, mas essa era a forma como deveria ser, a sensação mais serena de pertencer me preencheu. Este era o meu lugar. Depois de tanto tempo, eu tinha encontrado o meu lugar.

Eu estava tão envolvida em minha própria felicidade que quase corri para frente apesar do aperto de Jasper em mim – Porcaria.

Eu queria correr, para lhes dizer o quanto eu sentia falta deles e abraçar a todos. Claro, se eu fizesse isso, eu estaria em minhas roupas de baixo porque Jasper não estava disposto a soltar o meu vestido. Além disso, eles provavelmente achariam que era estranho.

Ainda assim, enquanto o cascalho rangia lentamente debaixo dos meus pés, eu podia sentir-me tremendo de crescente excitação.

Meu sorriso ameaçou quebrar meu rosto enquanto eu olhava para cada um deles. Esme, a única mãe que eu tinha conhecido, me olhava com bondade. O rosto de Carlisle mantinha ar de maravilha e um olhar de boas vindas que eu nunca tinha visto em um da minha espécie. Rosalie parecia… irritada. Encarei isso como um bom sinal, porque ela sempre parecia irritada. Cada um deles encarou fortemente os meus olhos com surpreso reconhecimento.

Parecia ter levado uma eternidade, mas finalmente atravessamos o quintal e começamos a subir os degraus da entrada da frente. Seus perfumes me atingiram, os doces aromas da terra todos misturados em um cheiro incrível. Tive um vislumbre futuro da nossa conversa dentro da casa enquanto meu pé pisava no degrau mais alto.

Carlisle veio e Jasper entrou em minha frente, protetor como sempre. No movimento mais humano de todos, Carlisle estendeu sua mão. Jasper congelou. Vampiros não apertavam as mãos quando se conheciam.

Muito lentamente, Jasper tirou sua mão das minhas costas e pegou a de Carlisle. Carlisle olhou curiosamente para os olhos laranja-queimado e seu rosto marcado, mas sorriu calorosamente.

Esme avançou e estendeu sua delicada mão. Ela ainda estava por trás de Carlisle, mas sorriu um pouco, apesar de seu evidente nervosismo.

“Olá,” ela disse com um pouco de hesitação.

Rosalie assentiu sem sorrir.

Então foi a minha vez. Tentando me conter, estendi uma mão trêmula para o homem que me ensinou a viver. Ele a agarrou com ambas as suas, e meu braço se tornou caloroso de alguma forma. Eu tive que lutar para não envolver meus braços em torno dele.

“Você está tremendo”, ele disse delicadamente, a melodia maravilhosa de sua voz perfeita me confortou.

“Ela está quicando,” Rosalie corrigiu com um sorriso divertido.

“Estou tão feliz por estar aqui. Você não tem idéia de como é maravilhoso finalmente conhecê-lo.” Minha voz soava sem fôlego, mesmo para mim.

Carlisle me olhou estranhamente enquanto soltava minha mão. Eu relutantemente a deixar ir. Agora que nós tínhamos os encontrado, eu precisava tocá-los para me certificar de que eles eram reais.

O rosto sorridente de Esme me cumprimentou enquanto suas mãos envolviam as minhas. “Finalmente?” ela perguntou.

“Oh, sim, Esme.” Eu ri, de repente eufórica em meu alívio. “Eu estive observando vocês toda a minha vida! Eu os vi e esperei por trinta anos para conhecer a todos vocês.”

Todos os vampiros na varanda congelaram enquanto eu ria em alegria. Ao meu lado, uma voz muito profunda sibilou, “Alice!”

“Bem… isso é… meio… estranho?” Rosalie disse. Seu lindo rosto estava pensativo enquanto ela tentava entender a minha declaração.

A mão de Esme caiu da minha, e Carlisle passou protetoramente na frente dela. “Como você sabe meu nome?” ela perguntou.

Jasper estava atrás de mim, freneticamente enviando tanta paz serena quanto podia, mas ele estava tão irritado comigo que a cada onda de calma era seguida de gelada frustração. Claro, talvez ele estivesse mandando isso só para mim.

“Como você ficou sabendo sobre nós?” Rosalie perguntou com um rosnado profundo. Ela já estava em um agachamento parcial.

O rosto de Carlisle manteve a calma, mas agora ele estava claramente em proteção da sua família enquanto mantinha seus braços bem abertos.

“Sentimos muito por incomodar vocês. Nós iremos embora agora,” Jasper disse rapidamente enquanto seus dedos se enrolavam em volta dos meus ombros, e ele começou a me puxar para longe da casa que me levou trinta anos para encontrar. Ele estava rosnando em resposta à Rosalie e desesperadamente tentando me afastar da família que eu tinha confundido bastante. Enfiei os saltos do meu sapato no chão e tentei me libertar dele, mas um salto quebrou com a pressão, fazendo-me tropeçar um pouco. Jasper se aproveitou disso e começou a me arrastar para fora dos degraus.

“Pare,” eu bufei quando me virei para encará-lo. “Eles não vão atacar porque eu disse uma coisa estranha.” Bati meu sapato bom para enfatizar meu ponto e para quebrar o outro salto. Não há nada pior do que calçado desigual.

Seus olhos estavam fixos em Carlisle, que tinha descido os degraus com Esme ao seu lado.

Senti o rosnar crescente na barriga de Jasper quando os dois machos se entreolharam. Por que ele tinha que ser tão cabeça-dura?

Carlisle deve ter percebido a ameaça de Jasper, porque ele parou e puxou Esme para trás dele.

Isso não deveria acontecer.

Coloquei minhas mãos sobre o peito de Jasper e amaldiçoei-me por obrigá-lo a vestir tantas camadas de roupa. Eu precisava tocá-lo.

“Eles não vão nos ferir, meu amor. Por favor, acredite em mim,” eu disse com uma voz tranqüila e firme. Ele olhou em meus olhos por um momento, e então voltou seu olhar para Carlisle. Ele ainda estava tenso, eu podia sentir através da roupa, mas ele parou o seu recuo. Me virei para Carlisle, desejando que ele entendesse o nosso comportamento estranho. “Fomos traídos antes por outro clã. Meu companheiro é desesperado sobre me proteger.”

Carlisle parou por um momento, e então lentamente baixou os braços e se levantou. Esme caminhou para seu lado. Ela olhou para o marido, eles deram as mãos e lentamente caminharam na direção de Jasper. Até eu sabia que isso era a coisa errada a se fazer para os vampiros, mas de alguma forma era tão certo quando eles fizeram.

“Nós não queríamos assustá-lo, Jasper. Nem eu ou qualquer membro de minha família tem qualquer intenção de fazer dano à qualquer um de vocês.” O sorriso de Carlisle voltou, reconfortante e aconchegante.

“Também entendo a necessidade de proteger sua companheira. Jasper, se você sentir que precisa ir embora, por todos os meios faça. Por favor, saibam que nós acolheremos o retorno de vocês em qualquer momento. Vocês, obviamente, acreditam em nosso… estilo de vida de certa forma, e nós gostaríamos de conhecê-los.” Esme estava concordando ao lado dele. Ela estava olhando atentamente em nossos olhos, e para as cicatrizes de Jasper.

Jasper não estava mais rosnando, e aproveitei a oportunidade e coloquei minha mão na sua enquanto ela repousava em meu ombro. Ele estava claramente dividido e muito ansioso. Enviei-lhe meu amor antes de encará-lo. Nosso futuro repousava sobre esta decisão, e a decisão tinha que ser dele.

“Eu confio em você. A escolha é sua.”

Ele olhou fixamente para mim, estranhamente dividido. Ele queria algo, mas eu não sabia o que.

“É seguro?” ele perguntou, tão silencioso que quase não percebi. O meu sorriso era largo enquanto eu assentia com a cabeça.

Esme deu um passo hesitante em direção de Jasper. “Por favor, não vá. Por que vocês não entram e nos contam sobre suas vidas? Como Carlisle disse, vocês estão livres para ir embora, mas sei que nós amaríamos conhecê-los.” A voz de Esme era tão acolhedora como a do seu marido.

Carlisle se juntou à sua esposa. “Vocês foram traídos e quase destruídos por causa do dom dela?” ele perguntou, dando Jasper a chance de falar.

Jasper olhou pra mim, e uma dor estranha passou pelo rosto dele antes que ele olhasse para Carlisle e simplesmente falasse: “Eu não posso permitir que ela se machuque.”

“Seu dom deve ser realmente muito forte. Dons poderosos são responsabilidades fortes de se carregar,” disse Carlisle suavemente e com um olhar de compaixão.

“Sim, eles são,” eu disse, atordoada com a compreensão de Carlisle. “Eu não deveria ter dito o que disse, mas eu realmente tenho esperado trinta anos para encontrá-los. Vi você e Edward caçando quando eu era apenas uma recém-nascida, e assim você me ensinou a caçar animais, mesmo sem me conhecer.” Eu ri da realidade ridícula que era a minha vida. Eu estava falando rápido demais, mas agora que eu tinha dito a verdade, ela derramou como água rompendo uma represa. “Assisti vocês todos esses anos, e vi você construir sua família. Eu sei quando você acrescentou Esme, Rosalie e Emmett. Você não tem idéia do quanto eu tenho ansiado por este dia – o dia que eu iria encontrar minha família.”

Ouvi Rosalie assoviando baixinho, mas ninguém se moveu ou falou durante o que pareceu uma eternidade. Carlisle estava imerso em seus pensamentos, e Esme olhava para seu companheiro para orientação.

Finalmente, Carlisle se aproximou de mim e colocou suas mãos sobre meus ombros. Jasper enrijeceu, mas não recuou.

“Você me honra,” ele sussurrou. Então ele se virou para Jasper. “Você está certo de ser tão protetor. Vocês vieram para cá na esperança de se juntarem à nós?”

“Sim senhor,” Jasper disse, olhando direto no olho dele.

“Isso muda as coisas um pouco,” Carlisle disse após uma pausa.

“Por favor, entrem e conversem conosco. Eu te dou minha palavra, minha promessa, que não vamos machucá-los. Vocês são os primeiros da nossa espécie em pedir para se juntarem à nossa família, e acredito que nós precisamos entender melhor uns aos outros. Quero saber mais sobre você e seu dom Alice, e o perigo em que vocês estiveram. Se não estou enganado, suas cicatrizes falam de uma vida longa e dura, Jasper, vida com a qual também estou curioso. Vocês parecem já saber muito sobre nós, mas tenho certeza que vocês têm várias perguntas que gostariam de nos fazer também.” Sua voz permaneceu absolutamente calma e tranqüilizante.

Jasper relaxou, tanto fisicamente como emocionalmente.

“Temos vários presentes para sua família. Eu estaria em dívida com você se vocês os aceitassem. Por que não vamos buscá-los primeiro?” Jasper acenou para mim, e nos movemos lentamente de volta para o carro enquanto a família seguia à distância. Eu realmente não acho que eles se preocupavam com isso, mas Jasper sim, e isso era razão suficiente.

Quando Jasper destrancou o porta-malas, ele se abriu com um estalo alto. Ouvi Esme suspirar e Carlisle soltar um muito calmo “Oh, meu Deus.”

“Eu realmente gostaria que Emmett estivesse aqui,” Rosalie riu. “Ele não tem direito de reclamar sobre os meus hábitos de compras depois disso.

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