terça-feira, novembro 16, 2010

Coalescence - Capítulo 21: A Razão

[Jasper]

Eu não tinha idéia do que eles planejaram, mas os homens Cullen não estavam tão tensos como deveriam estar. Edward, que eu sabia que estava ouvindo todos os meus pensamentos, estava hesitante e esperançoso. Emmett estava excitado. Carlisle se sentia como Edward se sentia, mas com mais confiança no que fosse que estava prestes a fazer.

Eu estava inseguro, e odiava estar inseguro. Eu precisava saber sem duvidas o que iria acontecer. Precisava saber como isso iria acabar, e Alice não estava aqui para me dizer.

Nós chegamos em uma clareira que estava parcialmente destruída por vampiros brincalhões, ou elefantes furiosos. Eu fui para o outro lado e esperei o que quer que eles tinham reservado para mim.

“Você vai relaxar? Isso não é nenhum tipo de punição,” Edward disse. Eu queria saber se o olhar presunçoso era uma de suas características permanentes. Ele olhou para mim.

“Obrigado por vir, Jasper,” Carlisle disse. Ele se virou e pendurou sua camisa num galho de uma árvore próxima. Eu não tinha notado antes, mas ele tinha algumas marcas de mordida ao longo do seu ombro. Eu não podia imaginar Carlisle em uma batalha. Claro, o velho homem era cheio de surpresas.

Emmett já tinha tirado a sua e estava feliz balançando seus braços e pernas em um estranho movimento de salto. Eu o assistia enquanto lentamente desabotoava minha camisa. Essa seria a primeira vez que os rapazes me veriam, e eu não estava certo de como eles reagiriam.

Emmett continuou o estranho movimento rítmico.

“Você está dançando?” eu finalmente lhe perguntei quando a curiosidade levou o melhor de mim. Edward riu.

“Não. Exercício para aquecer,” Emmett explicou.

“Eles são chamados polichinelos,” Carlisle me informou com brilho em seus olhos.

“Balançando seus braços como se isso vai aquecê-los,” eu lembrei o vampiro ansioso. Certamente ele sabia disso. Edward riu de novo.

“Isso não é para ficar fisicamente aquecido,” Emmett disse como se eu fosse uma criança. “É para esticar os músculos, deixando-os preparados.” Ele começou a tocar seus dedos dos pés em um movimento tão rápido que ele parecia uma britadeira.

“Emmett gosta de se preparar para lutar,” Carlisle riu.

Eu lhe atirei um olhar de advertência. Luta não era uma boa idéia. Eu tinha acabado de tentar matar Emmett durante um jogo.

“É por isso que estamos aqui,” Edward disse. Eu ainda não estava acostumado com aquilo.

“Você precisa substituir os velhos sentimentos de medo e perigo com novos sentimentos e memórias. Nós pensamos que um dia divertido de jogos pode te dar uma boa base para começar,” Carlisle disse calmamente.

Eu não estava pronto. Eu não podia confiar neles.

“Você pode confiar em nós, e você nunca estará pronto até tentar,” Edward disse, sem olhar para mim, como era seu costume.

“Nós não vamos deixar você nos machucar, e nenhum de nós vai machucar você,” Carlisle continuou. “Isso é só para diversão. Eu tenho uma pequena experiência com essas coisas, e vou ter certeza que você não vai nos machucar. Edward saberá quando seu passado interferir, e nós podemos parar. Eu não quero forçar você Jasper, mas gostaria de desafiá-lo a tentar. Você tem que confiar em nós algum dia.”

Concordei com ele e trabalhei para me acalmar. Isso era uma má idéia. Eu abri o ultimo botão da minha camisa e me virei para pendurá-la em um galho fino. Todos os movimentos e sons cessaram na campina. Eu me virei para olhar os outros. Emmett estava me encarando, congelado no lugar, e Edward olhava para longe, assim como todos faziam. A reação de Edward e Emmett para as minhas cicatrizes provou que essa era na verdade uma idéia muito ruim.

Os olhos de Edward se prenderam nos meus. “Eu sinto muito,” ele murmurou, e em seguida suas feições amoleceram um pouco.

Emmett respirou fundo e bateu palmas. “Você está pronto para isso?”

“Provavelmente,” dei de ombros e me agachei para um modo defensivo.

Sorrindo como um menino travesso, ele se curvou para baixo, esperando pelo sinal de Carlisle, e se lançou sobre mim. Imediatamente esquivei do caminho e usei meu movimento para empurrá-lo em uma arvore enquanto ele passava. O tronco da árvore se despedaçou, e o topo dela caiu sobre ele. Esperei ele pular da árvore, mas nada aconteceu de primeira. Em seguida as folhas começaram tremer e a árvore começou a dar risadinhas.

“Você parece tão engraçado quando luta, todo sério e focado. Relaxe, isso é supostamente para ser divertido,” a árvore ria de mim. Ele não duraria muito em uma batalha de verdade.

Sua segunda tentativa foi muito mais precisa, e antes que eu pudesse me mover completamente de seu caminho, ele pegou meu braço esquerdo. Com um movimento rápido, ele me jogou no chão e tentou ter um melhor aperto sobre mim. Chutei minha perna contra o chão, e me encontrei em cima dele. Ele segurou meu braço com força, mas eu era capaz de me mover usando meus pés. Entretanto eu não poderia quebrar seu aperto.

Ele começou a rir de novo. “Te peguei,” ele cantou. Ele irradiava satisfeito consigo mesmo.

Tentando não machucá-lo, eu trouxe um joelho pra cima e bati seu braço fora do meu cotovelo. Era um movimento delicado, porque eu não queria quebrar o braço ali. Ele soltou, e eu sai de seu agarro. Pulei dele e pousei a poucos metros de distância, agachado e preparado para contra-atacar seu golpe.

Para minha surpresa, ele não saltou pra cima, e por um momento eu pensei que tinha machucado ele. Em seguida, ele calmamente se levantou e se virou para Edward.

Ele ao menos sabe como fazer isso?

“Joelhos! Aquilo foi brilhante. Anote Edward. Nós precisamos usar mais os joelhos,” ele disse alegremente.

“Cuidado”, Edward avisou enquanto eu aterrissava nas costas de Emmett.

Levei minha boca para o pescoço dele, e esperei por sua rendição de luta. Ele só estava lá, muito quieto, encarando Edward. “Me diz que ele não está me beijando,” ele implorou.

A clareira estourou em gargalhadas. Emmett bufou e depois começou a rir. Eu me senti rindo com eles, carregado pela alegria ao meu redor, e desci de suas costas. Edward estava quase se curvando com gargalhadas, Carlisle tinha sua cabeça jogada para trás e estava rindo tanto que ele estava tremendo.

Eles realmente não tinham idéia de como lutar.

Emmett se virou para mim, risadas quebrando através de suas palavras enquanto ele tentava falar. “Essa foi a… coisa mais estranha… que alguém já fez comigo.”

“É como uma luta de treinamento termina. Uma vez que o oponente faz um movimento mortal no outro, a prática termina. Como você acaba elas?”

Emmett deu de ombros. “Nós só jogamos até ficar tarde e depois voltamos para casa antes que alguém fique bravo com a gente.”

“Ele quer dizer, antes que Rosalie fique com raiva dele,” Edward interrompeu.

Eu pude ver a necessidade daquilo.

“Que tipo de gente usa um beijo como um movimento mortal?” Emmett perguntou. Ele estava me olhando estranhamente. Edward sufocou outra risada.

Eu não podia acreditar que ele estava pensando aquilo. “Pela ultima vez, aquilo não era um beijo. Eu teria mordido sua cabeça fora. Não olhe para mim assim!”

Emmett começou sua gargalhada jovial de novo, sacudindo seu dedo para mim. “Eu não beijei você. Se estivéssemos numa batalha, teria sido um corte de abate em seu pescoço,” expliquei desesperadamente. Eu não podia acreditar que ele pensou aquilo de mim.

“Ele está apenas se divertindo as suas custas,” Edward disse, seus olhos dançando.

“Como você sabe quem ganhou?” Eu perguntei em frustração. Assim não era como treinamento de luta que ia.

“Normalmente, ela é marcada como luta humana,” Carlisle explicou. “Quando um derruba o outro no chão, eles ganham.”

“Então eles lutam no chão?” Isso explicava como eles acabam sem roupa.

“Ah, não. Assim não é como acontece,” Edward disse com um tremor.

Decidi que eu não podia querer saber o que acontecia.

“Eu os ensinei diversos movimentos mortais,” Carlisle interrompeu, “mas para o jogo eles lutam como faziam enquanto humanos.”

Esse clã acabou de ficar mais e mais estranho.

“Realmente não queremos machucar uns aos outros,” introduziu Edward. “Nós só queremos nos divertir e manter nossas habilidades.”

“E Esme fica chateada se ela acha que estamos jogando muito bruto. Não que beijo seja uma habilidade de combate real.” Emmett adicionou com uma sobrancelha levantada.

Encarei ele.

“Aquilo pareceu um beijo. Agora, me derrube dessa vez.” Ele se lançou em mim.

Eu fui capaz de enfrentar Emmett, embora suas habilidades estivessem aumentando rapidamente. Com nenhum momento da nossa falsa luta eu tive problemas com o meu passado. Talvez fosse porque lutar com Emmett não era nada como uma batalha real, ou talvez fosse simplesmente o humor agradável ao meu redor, mas eu comecei a relaxar e finalmente me deixei curtir aquele dia. Nada tinha acontecido. Ninguém ficou irritado. Na verdade, eu estava começando a me divertir com esse grandalhão. Até agora isso foi simplesmente uma experiência de tática inútil. Que bem possivelmente poderia fazer prender alguém no chão?

Edward, porém, era outra questão. Se eu pensasse muito longe, ele seria capaz de ver meus movimentos. Se eu fosse por extinto, ele era capaz de bloquear e deslocar com velocidade incrível. Eu não podia pegá-lo, e eu realmente queria pegar ele, por causa de sua autoconfiança presunçosa. Havia algo de muito inquietante sobre isso.

Pela quinta vez, tomamos nossas posições em frente um do outro. Um pequeno sorriso dançava nos lábios de Edward, e em minha mente seus olhos cintilaram de dourados para vermelho. Eu vi Edward mudar. Mas ele não disse nada. Senti uma pontada de medo desnecessário se agitar através de mim.

“Pronto?” Edward perguntou. Ele tinha visto. Meus velhos sentimentos de desconfiança voltaram.

Eu fui direto para ele, mas pouco antes de chegar nele, eu deslizei embaixo de seus braços. Senti sua mão deslizar no meu cabelo enquanto eu ia por baixo dele, me virei e agarrei suas pernas por trás. Ele pulou enquanto meus dedos seguravam as pernas de sua calça. Ele virou para trás e se arqueou por cima de mim. Eu virei outra vez, e o segurei pelos braços. Ele estava pronto para aquilo, e trouxe seu pé para me chutar no peito. Ele me derrubou para trás no feno.

Eu puxei o feno embaixo de mim, e o assisti virar grama verde em minhas mãos.

“Esperem!” Edward gritou.

“O que você está vendo?” Carlisle me perguntou.

“Eu não sei.” Eu podia sentir o medo se formando dentro de mim, mas não tinha idéia do porque. Nada tinha mudado nessa campina.

“Você viu o rosto de outro vampiro,” Edward disse calmamente. “Havia feno, como em um celeiro.”

“Pegue minha mão, Jasper,” Carlisle me apressou. Ele estendeu sua mão para mim. A sujeira me lembrava de algo que estava além de mim. Eu lentamente alcancei seu braço estendido, e ele agarrou minha mão e me puxou pra cima.

“Nada aqui vai te machucar. Esta é uma memória que você reconhece?”

Eu balancei minha cabeça. “Foi uma luta, mas não tenho idéia de qual ou porque isso iria ocorrer agora.”

“Então vamos continuar. Talvez com levar você seguramente ainda mais dentro em uma situação nós podemos encontrar a origem disso.” Ele olhou para Edward, que assentiu com a cabeça uma resposta para uma pergunta silenciosa.

Havia algo nele, sua habilidade perigosa; sua calma presunçosa que me fazia odiá-lo naquele momento. A raiva e o medo correram em mim, e fui atrás de Edward com tudo que eu tinha. Corri, gritando minha raiva, e o atingi nele imediatamente. Suas mãos pegaram as minhas, e nós começamos a lutar verdadeiramente. Seu rosto permaneceu calmo, e isso me enfureceu. O calmo e quase presunçoso olhar se dissolveu no rosto do primeiro vampiro que eu assassinei. Grama tornou-se feno e troncos de árvores fundidas nas paredes de um celeiro.

Joshua, o mais velho recém-nascido de Maria, sorriu para mim enquanto eu tentava dominá-lo. Ele tinha me insultado, calmamente me lembrando da minha fraqueza em cada chance. Ele ia me matar. Eu podia sentir isso nele.

Nossos corpos se chocaram, e num movimento de torção, eu estava em seu pescoço repulsivo. Abri minha boca para matá-lo como ele tinha me ensinado, e eu fui jogado para trás e preso pelos braços de outro. Rugi em minha fúria, mas os braços não cederam.

De repente, o rosto de Joshua foi substituído pelo de outro, e reconheci o outro vampiro que eu odiava. Edward estava aqui, e eu precisaria matá-lo. Ele era perigoso, mais perigoso do que Joshua jamais seria. Puxei meus braços e pernas, mas aquele que me segurava não me deixava ir. Ele estava me sacudindo.

Emmett estava me sacudindo.

Eu estava de volta na brilhante área arborizada.

“Vamos lá Jasper, sai dessa. É apenas o irritante e velho Edward. Você realmente não deveria tentar matar Eddie. Isso seria uma coisa ruim a fazer,” ele me repreendeu como uma pequena criança dando birra.

“Estou bem. Solte-me!” Eu disse fortemente. Seus braços me permitiam respirar muito pouco. Ele parou de me sacudir, mas não me colocou no chão.

“Ficará tudo bem, Emmett,” Edward disse.

Ele me liberou, e cai no chão. Eu me afastei deles, mãos pra cima.

“O que você viu?” Carlisle perguntou.

“Foi meu primeiro dia como um vampiro. Joshua, o mais velho e mais letal recém-nascido de Maria, me desafiou para batalha logo após que eu fui levado para a fortaleza dela. Ele era dotado de alguma forma, e tinha sido o favorito de Maria. Poucas horas depois de abrir meus olhos, eu fui forçado a lutar com ele na arena improvisada de Maria. Eu não entendia meu dom ainda, mas eu pude sentir que ele queria me matar,” expliquei, não olhando o vampiro que eu tinha tentado matar a pouco.

“Eles estavam em um celeiro, com outros ao redor deles torcendo. Era como um tipo de esporte,” Edward explicou com um olhar triste no rosto.

“Joshua me desafiou a lutar, sabendo que eu não tinha idéia de como matar outro vampiro,” eu expliquei, enquanto a memória vinha com força. “Foi minha primeira introdução no que se tornaria minha vida. Ele estava sempre calmo, quase frio, e quando ele veio atrás de mim por causa do meu dom, essa foi a primeira vez que eu tive que lutar. Os sentimentos ao redor de mim naquele celeiro eram quase tão perigosos para mim como ele era. Eu o matei, despedaçando uma parte de cada vez. No final, ele tentou implorar por sua vida. Maria apenas colocou fogo nele e sorriu enquanto ele gritava. Eu tinha menos de seis horas de vida.”

“Edward se tornou Joshua?” Carlisle perguntou. Eu assenti. “E agora? Quem ele é agora?”

Olhei para ele estranhamente. “Eu sei quem ele é.”

“Você sabe quem eu sou?”

“Claro que sei quem você é,” eu disse com amargura em minha voz. “Você é Carlisle, e você lidera o Clã Cullen.”

“Não, não sou,” ele disse. “Quem eu sou?”

Em seguida entendi. “Você é a cabeça dessa… família,” eu admiti. E era isso. Essa era a diferença. Edward não era Joshua, nós não estávamos em uma batalha até a morte, e isso não era um clã. Carlisle não era Maria, e eu não tinha razão para temer.

“Assim é melhor,” Edward disse com um aceno para seu pai.

Eu o odiava. Era errado, e eu sabia disso, mas o odiava mesmo assim. Eu o odiava por me conhecer. Eu o detestava por conhecer Alice.

“Não posso evitar,” ele rosnou. “Eu não posso evitar isso mais do que você pode, e você sabe disso.” Eu sabia disso, e engoli seco de volta o ódio amargo, tentando não sentí-lo. Ainda assim, o fato de ele conhecer Alice tão bem, a conhecer intimamente como eu, me impedia de reduzir a fúria que focava sobre ele.

“Você está com ciúmes,” ele engasgou. “Você não está furioso por eu conhecer os pensamentos dela, você está furioso por você não conhecê-los.”

“Alguém me atualize aqui,” interrompeu Emmett, que estava ao meu lado, claramente confuso.

“Um dos problemas aqui é que ele se sente ameaçado por mim,” Edward explicou. “E isso é estúpido.”

“Você tem alguma idéia de como é sofrer através do inferno, apenas para encontrar o céu dado a você em forma de uma pessoa? Você tem alguma idéia de como é ter o centro do universo sendo algo tão bom que você nunca pode realmente entender isso? Ela é como o sol, emitindo luz e vida, e eu sou apenas capaz de girar ao redor dela. Eu não posso nunca chegar perto o suficiente para tocá-la. Mas você pode.” Eu cuspi as ultimas palavras com toda a repugnância que sentia. Não era justo, a repugnância não dirigida apenas nele, mas descontei nele de qualquer maneira. “Você é como ela, capaz de se abster de matar, e você a conhece. Você vê o que eu não posso. Você conhece os segredos mais íntimos dela.”

Edward estava em minha frente, suas mãos cerradas e brancas. Fúria transbordava dele, quente e pesada. “Você é um tolo!” ele finalmente sibilou para mim. Emmett se moveu, parando entre nós.

“Edward,” Carlisle disse gentilmente.

“Não! Não dessa vez,” ele rosnou, apontando um dedo para o seu líder.

“Não meu líder, meu pai. Meta isso na sua cabeça,” ele fervia para mim. “E entenda isso – Eu gostaria de saber o que era amar assim. Eu posso ver isso em todos vocês. Cada vez que vocês olham para suas companheiras, eu sei exatamente o que eu não tenho. Você tem alguma idéia do quanto quero isso? Do quanto eu quero alguém para fazer essa horrível eternidade valer a pena?”

“Você não sabe o quanto é insanamente injusto que você encontrou um amor como aquele? Você é tão indigno dela que é quase uma piada.”

Ele parou em minha frente, respirando rápido e irritado. Suas palavras cortavam em mim, e a fúria que eu sentia saia correndo para fora da ferida.

“Sei exatamente o quanto indigno eu sou.”

Na minha frente Edward também pareceu desinflar. “Você quer saber o que ela pensa? Ela pensa em você. Constantemente. Ela sente você, deseja você, e quer te confortar. Ela pode ter outros pensamentos passando pela sua mente, mas por trás de cada um, existe um pensamento sobre você.”

“Eu nunca tinha visto um amor como o de vocês. Nunca. É como se vocês dois fossem dois lados de uma entidade. Sua ligação com ela é quase mágica. Vocês dois são tão entrelaçados que são completamente inseparáveis. Você não tem idéia do quanto eu quero um amor assim.”

Pela primeira vez, entendi a mais pura verdade sobre Edward. Nós entendemos um ao outro. Ele odiava sua vida tanto quanto eu odiava a minha, mas nós estávamos presos aqui, incapazes de mudar. Nós dois carregávamos dons dos quais nós não podíamos escapar. No entanto, eu tinha encontrado meu pequeno pedaço de felicidade nessa vida, e ele permanecia sozinho. Eu entendia solidão.

“Sim, você entende,” Edward assentiu enquanto se afastava. Eu tinha que admitir, sua recusa em usar seu dom para nos ofender mostrava um forte e bom homem que tinha um controle firme do monstro interno. Eu respeitava isso. Seus olhos encontraram os meus, e nós assentimos um para o outro. Eu podia não gostar muito, mas eu podia viver com um homem que respeitava.

“É minha vez,” disse um muito relaxado Carlisle enquanto ele tomava sua posição em minha frente.

“Carlisle…” a voz de Edward estava tensa em aviso.

“Jasper parece bem,” Carlisle disse firmemente, ele levantou a mão e falou com Edward na privacidade de sua mente.

“Não estou bem,” eu sibilei, odiando as palavras enquanto eu as dizia. Elas eram verdade; eu não estava nada bem.

“Quem sou eu?” Carlisle perguntou de novo.

“O líder desse cl- família,” eu admiti. Eu não podia rejeitar um líder de clã.

“Eu não sou Maria, Jasper. Eu não vou machucar os membros da minha família. Nunca.”

“Mas eu posso machucar você,” argumentei. Por que ele estava pressionando isso? Eu não podia controlar minha mente, e eu não tinha idéia do que podia acontecer.

“Você precisa fazer isso, Jasper. Edward e Emmett podem impedir você de me machucar,” ele disse sem problemas.

“Eu não quero fazer isso. Não quero ter a chance de causar dano para você ou seu clã,” eu implorei.

“Você não vai,” disse Carlisle. “Confio em você.”

Meu instinto foi torcido de uma forma que eu não sabia que podia. Eu era a ultima pessoa na terra que ele deveria confiar. No entanto, ele estava lá sorridente pronto para lutar comigo. Naquele momento, eu soube que teria que tentar me controlar. Ele confiava em mim. Ele tinha confiado em mim todo tempo, e por Deus, eu seria digno disso.

Prendi fortemente as emoções e memórias do meu passado e empurrei-as de lado. Minha nova encontrada convicção me deu força suficiente para dominá-las, pelo menos por enquanto.

Ambos, Edward e Emmett, nos assistiam atentamente. Eles não tinham razão para temer, eu seria suave com o velho homem. Edward riu, e no mesmo momento Carlisle se lançou em mim. Era um ataque frontal direto, então eu levantei meus braços e me movi para desviar dele, foi quando ele se virou no meio do caminho, caiu no chão, e chutou meu pé debaixo de mim. Antes que eu caísse no chão, ele estava em cima do meu peito, prendendo meus braços ao meu lado e eficientemente me atirando em minhas costas.

Ambos, Edward e Emmett, soltaram gritos de vitória, e Carlisle olhou para mim com um sorriso muito presunçoso. “Te peguei.”

Eu tinha subestimado o velho homem de novo. Essa era um hábito muito ruim. Sorri para ele sem querer.

Carlisle imediatamente saiu do meu peito e retornou para sua posição de luta. Mais uma vez, ao sinal de Edward, ele atacou, dessa vez eu estava pronto. Ele veio direto para mim, mas observei seu corpo dessa vez, procurando pelo primeiro sinal de uma curva. Assim que ele chegou em mim, eu me esquivei embaixo dele, movendo para virá-lo, mas ele saltou por cima de mim e agarrou meus braços no caminho. A velocidade do seu ataque nos levou ambos para o chão, eu de costas, e ele no meu estômago.

“São duas,” ele riu, seus olhos dançando maliciosamente. “Pronto para a terceira? Você ataca dessa vez.”

Eu estava pronto para atacá-lo? Eu procurei dentro de mim mesmo e meus arredores; nada estava fora do lugar. Engoli boa parte do orgulho amargo e olhei para Edward. Isso doeu. Edward ergueu uma sobrancelha e depois assentiu.

“Me ataque,” Carlisle sussurrou, e eu ataquei. Corri para ele, e virei para minha esquerda enquanto chegava nele. Enganchei meu braço direito no dele, e usei-o como um contrapeso para me jogar atrás dele. Meu braço esquerdo foi embaixo do dele, e eu o peguei.

Eu o peguei do chão e o segurei ali. Carlisle só riu e disse “tio”. Eu o deixei ir.

“Movimento bacana,” Emmett assentiu.

“Nós só temos cerca de mais duas horas antes que eu precise me preparar para ir trabalhar. Talvez nós possamos parar o jogo por um tempo e Jasper nos ensinar alguns de seus movimentos,” Carlisle sugeriu.

“Só se você me ensinar a atacar do chão assim,” eu disse, levantando um sorriso nos meus lábios. Eu tinha feito. Eu podia sentir a tensão saindo enquanto as memórias se extinguiam de mim. Meu passado e todos os seus horrores ainda estavam ali, mas por agora, eles não tinham poder sobre mim.

Por duas horas, eu fui um membro do Clã Cullen, jogando com meus irmãos e meu líder. Por duas horas, eu fui um homem livre. Quando acabou, eu mal podia esperar para voltar para Alice.

Ela estava fazendo isso de novo. Durante os últimos dois dias, toda vez que Alice via seu reflexo, ela fazia uma pausa e olhava fixo por tempo demais. Ela estava tendo uma visão sobre si mesma, uma boa, mas ela se recusava a me dizer o que era. Ela apenas sorria timidamente para mim quando eu perguntava.

“Você sabe o quanto eu odeio isso, não sabe?”

“Odeia o que?” ela perguntou inocentemente. Ela se aproximou, apertou-se contra mim e me beijou.

“Não vai funcionar. Eu ainda quero saber.”

Ela apenas sorriu de novo e saiu do nosso quarto.

Encontramos os outros como sempre fazíamos na grande sala de estar. Emmett tinha montado um jogo de poker para homens jogarem. A chuva havia interrompido os planos de jogar ao ar livre hoje. Isso, e o fato de que as mulheres estavam se dirigindo para a cidade. Elas estavam todas muito animadas sobre uma viagem de compras. Nenhum de nós queria estar em algum lugar perto delas.

“Eu sugiro que apostemos algo bom dessa vez,” Emmett murmurou enquanto ele disparava um olhar para Esme.

“Como o que?” eu esperava que ele não dissesse roupas.

“Você tem dinheiro, certo? Que tal um jogo de poker com pequenas apostas?”

“Eu não tenho muitas moedas. Alice gosta de notas.”

“Não se preocupe, vou pegar as moedas, você pegas as notas,” Ele piscou para mim novamente, e eu tentei segurar um arrepio. Isso ainda era muito estranho.

Alice dançou até mim e me beijou. Ela estava vestida para um passeio, e estava linda. Eu não queria que ela fosse, mas eu com certeza não queria ir com ela também. Nem shopping nem humanos iriam bem comigo hoje. Poker seria uma boa diversão enquanto elas fossem. Nós todos acenamos para nossas companheiras que se afastavam, e depois os outros começaram a ação. Corri para cima para pegar algum dinheiro, e em seguida eu voltei, um barriu cheio de moedas de um centavo estava no chão perto da mesa. Ele estava sujo e cheirava um pouco mofado.

“Nós o escondemos no porão,” Edward disse do piano.

“Vocês têm um porão?” Eu estava surpreso porque não tinha visto isso.

“Nós o mantemos bem escondido,” Carlisle disse enquanto ele colocava alguns dólares em cima da mesa e começava rapidamente a contar as moedas. “Eu encontrei um esconderijo bem seguro para ser útil quando surge a necessidade. É onde nós mantemos nossos verdadeiros objetos de valor como documentos legais.”

Houve um som suave atrás de mim, como uma tampa sendo puxada de uma garrafa. Eu virei para ver Emmett segurando um dos armários da cozinha. Embaixo estava um perfeito buraco quadrado, grande o suficiente para caber seu corpo.

“A queda é só cerca de quinze pés direto,” ele disse enquanto sem esforço segurava o armário. “Mas a sala no fundo é grande o suficiente e é de concreto. Nós construímos a casa em um lugar de modo que a água não seria um problema.” Ele colocou o balcão para baixo delicadamente e se juntou a nós na mesa.

Carlisle começou a embaralhar um dos dez baralhos que tínhamos. Vampiros embaralhando tendem a arruiná-los dentro de poucas jogadas. Emmett e eu empilhamos nossas moedas e o assistimos.

“Espere,” Emmett disse antes que Carlisle pudesse começar dar as cartas. Ele se virou para mim. “Não me interprete mal, mas eu só preciso saber uma coisa. Você tem alguma má recordação relacionada ao poker? Qualquer uma? Eu não vou morrer aqui, vou?”

Em qualquer outro lugar na minha vida, eu teria ficado ofendido. Em vez disso, eu me senti sorrir largamente. “Não. Eu sou muito bom no poker, e minhas lembranças desse jogo são todas bastante agradáveis. As suas, no entanto, estão prestes a se tornarem um pesadelo, e você pode muito bem de fato morrer.” Eu sorri para Carlisle e Emmett, e entrei em um jogo que eu conhecia.

Enquanto jogávamos, eu podia ouvir o piano na outra sala. Edward estava se ocupando enquanto nós desfrutávamos nosso jogo. Seu isolamento dos demais me impressionou enquanto os acordes de uma peça clássica corriam pela casa. Tão difícil quanto era para viver com o meu dom, com o dele seria intolerável. Ele não poderia escapar de nós, e ainda não podia estar conosco. Assim como agora, seu dom o tornava não bem-vindo em muitas situações. Ele sabia os segredos que nenhum de nós queria admitir. Não importa o que ele fizesse, estávamos todos conscientes desse fato, e isso o fazia tanto parte desse grupo curioso e sempre um excluído dentro dele.

A música do piano se transformou em uma música suave e mais leve. Eu pude sentir gratidão emanar dele. Eu não tinha sentido aquilo dele antes. Justo.

De nada.

“Então, o que exatamente as meninas estão comprando dessa vez?” Emmett perguntou indiferente enquanto ele jogava nove moedas. Eu não podia dizer ainda se suas cartas eram boas ou não. Droga, ele realmente era mais complexo do que eu pensava.

“Plantas para o jardim,” Carlisle disse enquanto ele apostava nove moedas. Alguém estava blefando, porque minhas cartas estavam muito boas.

“Nós vivemos em uma floresta. Quantas plantas mais nós precisamos?” Emmett perguntou.

Eu apostei minhas nove moedas.

“Alice quer plantar uma nova horta e tentar sua mão para rosas,” Carlisle respondeu.

“E Rosalie foi junto com elas enquanto elas olhavam coisas verdes? Minha garota não costuma ir às compras para isso.”

“Rosalie está esperando que Alice vá comprar um vestido ou dois com ela,” Edward disse alto do outro salão. “Alice está esperando adquirir muito mais do que um vestido ou dois,” ele terminou sarcasticamente.

“Eu queria ter sabido disso,” Emmett resmungou. “Não posso encontrar dois pares do meu macacão. Eu não tenho idéia de onde eles foram parar, mas eu preciso mais.”

Eu recusei a falar, mas dos sentimentos na sala, todos menos Emmett sabiam exatamente o que tinha acontecido com aqueles macacões. Demorou cerca de cinco segundos para Carlisle quebrar o silêncio e rir. Edward começou a rir baixinho, e eu finalmente cedi também.

“Ah, ela não fez isso,” Emmett rosnou.

Edward deu uma gargalhada. “Ah sim, ela fez.”

“Traidores! Eu amava aqueles macacões. Por que vocês não me avisaram?”

“Porque eles ficavam ridículos em você, foi por isso,” Edward respondeu enquanto ele entrava na sala. “Além disso, foi idéia da Rosalie, e não gosto de ir contra ela sobre a sua roupa horrível.”

Emmett balançou o dedo para mim. “Essa sua mulher é espertinha. Ela chega tão bonitinha e pequena, mas ela tem uma mente perversa. Quando essas duas se juntam, confie em mim, vai ser ruim. Pelo menos Rosalie deve estar feliz agora; ela sempre odiou aqueles macacões,” Emmett disse em derrota. “Bem, se isso faz minha garota feliz, eu suponho que possa aguentar um cós e um cinto.”

Pensei em minhas botas, agora elas estavam salvas no meu pé, e fiquei muito grato pelo acordo que eu tinha feito com Alice. Depois eu me lembrei das visões de Alice no espelho. Elas tinham se tornado constantes, e ela olhava para sua imagem em quase toda superfície reflexiva que ela podia encontrar. Seja o que for que ela estava vendo a alegrava, e isso agora tinha me preocupado.

Edward tossiu da porta, mas não tão rápido para esconder sua risada. Eu fixei meus olhos nele.

“O que?” Isso não era uma pergunta, mas uma exigência.

“Você provavelmente não quer saber o que ela viu,” ele me avisou.

“Dica, por favor?” Emmett perguntou com uma pontada de irritação. Ele odiava não ser uma parte de toda e qualquer conversa.

Edward levantou sua sobrancelha para mim e continuou a sorrir como o gato da Alice no País das Maravilhas. Eu iria ter que perguntar para ele. Eu me virei para Emmett.

“Alice está tendo visões quando ela olha no espelho. O que quer que seja que ela está vendo a faz muito feliz – mais feliz do que a tenho visto ser. Normalmente, quando ela faz isso, ela está vendo um presente ou surpresa que eu tinha planejado para ela, mas eu não tenho planejado nada.”

“Espere, então ela está vendo algo que você não tem planejado ainda? Como você sabe o que você supostamente tem que surpreendê-la, se você não pode ver?”

Suspirei. Eu realmente odiava isso. “É por isso que eu estou perguntando para ele.” Apoontei meu polegar para Edward.

“Mas se ela vê, isso não será uma surpresa,” Emmett refletiu. “Isso é confuso.”

“É Alice,” eu dei de ombros.

“São mulheres,” Carlisle adicionou.

“Na realidade, Alice detesta surpresas, mas ela gosta de tentar descobrí-las,” Edward disse. “É um tipo de um enigma para você, não é?” ele perguntou, olhando para mim.

“Vocês não tem idéia,” eu murmurei.

“Ah, sim, eu tenho,” Emmett disse.

“Bom. Ela se vê vestida de noiva no dia do casamento de vocês,” Edward disse repentinamente.

“O que?!” De repente eu estava sem fôlego.

“Aparentemente, vocês dois estão tendo um casamento. Parabéns,” ele disse, e deu uma gargalhada.

Emmett começou a gargalhar e se empurrou para longe da mesa, quebrando as pernas da cadeira. “Eu achei que a minha situação que era ruim.” Ele rugia de prazer. “Mas você tem que descobrir uma maneira de surpreender uma vidente com seu próprio casamento!”

“Só não entendi o porque,” eu disse me inclinando sobre o armário e olhando para os outros. Se nós fossemos humanos, estaríamos bebendo uísque. Nós todos nos inclinamos sobre o armário da cozinha tentando entender nossas mulheres.

“Ela parece precisar de uma segurança,” Carlisle disse. “Ela quase passa como sendo uma criança. Talvez um casamento a fará se sentir mais segura.”

Eu olhei para Carlisle. Ele estava certo. Ela precisava disso. Assim como ela precisava conseguir um diploma, usar roupas finas e deixar sua marca nos lugares. Ela até tinha me dito o porquê há muito tempo; ela precisava saber que ela era real, que ela pertencia.

“Mas por que um casamento?” eu meditei em voz alta. De todas as coisas inúteis para um vampiro, ser casado por um humano tinha a classificação lá em primeiro lugar.

“Talvez sejam os votos solenes. Há algo maravilho, mesmo para a nossa espécie, em dizer os votos sagrados perante testemunhas,” disse Carlisle.

“Não é sobre os votos para Rosalie,” Edward riu. “Ela precisa do vestido e das flores e dos preparativos. Alice ama todas essas coisas também.”

“Esme se preocupou com o vestido um pouco sim,” concordou Carlisle.

“Rosalie ama ser o centro da atenção,” Emmett disse, “mas para ela, ainda é sobre os votos.” Ele olhou para mim. “Nós temos sido casados já por três vezes. A primeira vez foi logo que meus olhos estavam finalmente amarelos. Aquele foi um ano muito longo.” Ele sorriu maldosamente para mim. “Sabíamos que nós seriamos companheiros no dia que minha queimação parou, mas nós tínhamos que esperar um ano inteiro. Rosie queria fazer tudo certo e, bem, haviam outras questões envolvidas, mas ela precisava daqueles votos. Ela precisava que eu falasse as palavras para ela, diante de Deus e de todos. Acho que o casamento não era necessário para a parte da união em si, mas eu queria dizer aquelas palavras e fazer uma promessa eterna para ela. Isso que fez os casamentos tão especiais; nós os fizemos mesmo não precisando. Nós escolhemos fazê-los um pelo outro. Parece estúpido, mas isso fez nosso amor parecer mais real de alguma forma.”

“Isso não parece estúpido, filho, isso soa certo. Foi dessa forma com Esme e eu. Nós estávamos unidos, mas para honrá-la, honrar o presente de seu amor, eu fiz meus votos a ela para fazê-la minha esposa antes de fazê-la minha companheira por completo. Eu sei que é uma tradição humana ridícula, mas eu costumava ser um humano muito ridículo.” Ele riu de si mesmo e Emmett gemeu. “Por um momento em nosso casamento, eu me senti totalmente humano. Era como se aquele único momento humano tivesse o poder de por um breve tempo trazer de volta à vida o homem que eu fui. Esme se sentiu da mesma forma.”

“Você a honrou com seus votos,” eu disse, mais pra mim mesmo do que para eles. Eu me lembrei da noite que eu tinha dado para Alice os anéis torcidos de prata que meu avô tinha feito. Eu tinha feito isso naquela época sem saber. Eu tinha honrado seu amor com minha promessa inquebrável. Eu podia fazer aquilo de novo por ela. Se isso faria nosso amor mais real para minha companheira, eu ficaria diante de um estádio cheio de pessoas para dizer aquelas palavras. Ela merecia isso. “Posso honrar Alice dessa maneria. Eu gostaria de fazer isso.”

“Não é apenas sobre honrá-la,” disse Carlisle com um olhar distante. “Ter Esme dizendo o mesmo voto de volta para mim, ver seu rosto brilhar com amor, foi… incrível. Eu precisava ouvi-la dizer aquelas coisas e ver seu amor.”

“Então como você planeja surpreendê-la com isso?” Emmett perguntou.

“Com um casamento?”

“Não. Isso seria uma coisa ruim; eu garanto,” ele riu. “Como você planeja surpreendê-la com a proposta? Ela vê tudo.”

“Eu não tenho idéia,” Eu disse derrotado. “É impossível.”

“Jasper, talvez eu tenha uma idéia ou outra. Deixe eu pensar um pouco,” Carlisle sugeriu. Ele parecia que estava se concentrando em alguma coisa.

Um Conto de Duas Cidades?” perguntou Edward, olhando para Carlisle com um meio-sorriso.

“Eu fico cansado de recitar Ilíada, e acho melhor se eu manter meus planos para mim mesmo. Eu poderia pedir para Jasper me ensinar sua canção obscena de marinheiro, se você preferir.”

“Ah, sim!” Emmett gritou. “Me ensina também!”

Olhei para o rosto sorridente de Carlisle e engoli um pedaço de culpa. Eu tinha sido condenado por mais de oitenta anos. Eu tinha matado milhares, mas a própria idéia de ensinar uma canção obscena para Carlisle parecia moralmente errado. Eu não podia me persuadir a fazer isso.

“Não,” Edward cuspiu rapidamente, com um olhar de nojo no rosto. Ele sentia o mesmo que eu.

Todos nós ouvimos o barulho distante de cascalho sob os pneus do carro das nossas companheiras enquanto elas entravam na estrada de terra.

“Eu sugiro que essa conversa seja esquecida,” Carlisle disse rapidamente. Todos nós concordamos com a cabeça. Esses vampiros estranhos, machos que há duas semanas eu estava disposto a destruir com a menor provocação, eram agora meus co-conspiradores na campanha mais complicada que eu já tinha travado. Juntos nós estávamos combinados para vencer o dom de Alice a fim de atingir a meta de um casamento.

Um casamento.

Era difícil até para minha mente compreender aquilo. Removi os pensamentos rapidamente e me foquei no retorno da minha companheira. Eu comecei a sentí-la, e a sua presença me trouxe a paz que eu precisava. Eu me preparei para o cheiro humano que estaria nelas.

Emmett fugiu, com um olhar de pânico no seu rosto. Ele retornou segundos depois carregando uma pilha de material azul. “Esconde esses para mim, Edward,” ele implorou e os empurrou através do balcão para seu irmão. Edward permaneceu lá e levantou uma sobrancelha para ele. Eles começaram uma série silenciosa e bastante divertida de acordos mentais, eu só podia imaginar o que Emmett estava disposto a dar em troca de suas roupas favoritas, eu havia usado a coisa mais detestável que eu tinha para a segurança das minhas botas.

Eu não tive coração para dizer para ele que Alice teria visto aquele movimento.

Durante os dias seguintes, eu não pude pensar em nada a não ser dar a Alice o que ela queria. Não era só o fato de que ela queria – era o fato que ela, na verdade, precisava. Talvez eu também precisasse. A idéia era absurda. Essa idéia veio de uma vida que eu já não tinha. Era uma coisa desnecessária e inútil, votos redundantes que não podia nos ligar mais do que a mortalidade podia. No entanto, enquanto eu pensava neles, enquanto pensava sobre dizê-los à minha Alice em uma cerimônia presenciada por todos, a atração de tais votos começou a me puxar.

Eu poderia honrá-la. Eu honraria todas suas qualidades, toda sua paciência, todo o seu amor impossível. Eu finalmente fazeria algo digno dela.

No entanto, eu não tinha idéia de como realizar isso. Eu sabia que isso iria acontecer, soube toda vez que observei Alice vendo seu reflexo. Como muito em minha vida, isso iria acontecer porque ela viu, mas suas visões não vinham com instruções.

A única coisa que me manteve são foi sorriso confiante de Carlisle e seu olhar de concentração. Ele estava trabalhando em alguma coisa; eu só queria que ele compartilhasse comigo, embora eu sabia que ele não poderia.

Meu desejo e minha frustração fizeram minha constante necessidade por sangue ainda pior. Desde o Council Rocks, minha necessidade pelo alívio que só o sangue humano poderia trazer aumentava dia-a-dia. Alice e Edward sabiam disso, mas não falavam sobre, felizmente. Seus olhares compartilhados forneciam a própria agonia deles. Eu não queria desapontar Alice, mas toda noite quando Carlisle retornava, eu podia farejar os humanos em suas roupas, e o monstro se debatia contra a vazia dor que só o sangue preencheria.

Para agravar a questão, Carlisle e Esme nos deixaram quinta-feira à noite. Eles só estavam indo para Portland, para uma conferencia médica no fim de semana, mas eles não retornariam até terça-feira, deixando os filhos a própria sorte. Havia algo sobre a saída deles, algum sólido conforto que a presença deles me dava e que agora estava ausente, isso me deixou ainda mais instável.

Desestabilizou a todos nós. Dentro de uma hora da partida deles quinta-feira à noite, Rosalie e Edward estavam discutindo sobre algum problema do passado. Eu podia sentir a tensão crescente no quarto enquanto Emmett entrava na briga, e algo sobre o ressentimento fluindo entre Rosalie e Edward me deixou agitado. Alice sentiu.

“Nós podemos caçar, se você quiser,” ela sugeriu.

Eu quase ri dela. A última coisa que eu precisava era uma caçada sem gosto, sem graça. “Isso não vai ajudar.”

“Que tal uma corrida comigo?” Ela sorriu para mim. Até mesmo isso não poderia diminuir a necessidade por sangue, mas provavelmente me deixaria ignorá-lo por um tempo. Ela passou seus dedos sobre meus lábios, e eles se aqueceram sobre seu toque elétrico.

Sim, isso pode realmente me ajudar ignorar minha outra fervente necessidade.

Sem dizer nada para os vampiros gritando sobre onde estávamos indo, nós corremos pela noite de junho. A lua era praticamente uma pedacinho que subia no céu, e Alice ia em minha frente, rindo de alegria da corrida.

Nós fugimos dos Cullens e fomos para nordeste, para o deserto perto das montanhas. O isolamento era refrescante mais uma vez. Eu segui minha companheira para um dos infinitos pontos escondidos que podiam ser encontrados entre os troncos das árvores antigas aqui. Não era um alívio verdadeiro da necessidade que agora assombrava cada pensamento meu, mas eu aceitaria qualquer alívio que pudesse conseguir. Alice me puxou para o chão macio da floresta, e me falou dos futuros planos com os quais eu não podia focar.

“E que tal Las Vegas?” ela finalmente perguntou. Aquilo chamou minha atenção. “Nós podíamos ir antes das aulas começarem. Seria muito divertido ter Edward lá.”

“Eles foram lá antes?” eu perguntei para mantê-la falando.

“Não. Dá para acreditar? Edward lê mentes pelo amor de Deus. Seria tão fácil se divertir em Vegas e eles nunca sequer consideraram. Eles assumiram que era muito ensolarado para sequer tentarem ir. Não é bobo? Nada importante acontece em Vegas enquanto é dia.”

“Eu teria pensado que Emmett seria um frequentador assíduo,” eu disse. Las Vegas era feita para homens como Emmett.

“Claro, ele tem potencial de se meter em problemas como nenhum outro vampiro, eu sei, mas seria divertido tentar.”

“Divertido. Sim, definitivamente seria.”

“O que isso quer dizer?” ela disse com suas mãos em seus quadris. Sorri para ela. Ela parecia tão fofa daquele jeito.

“Isso significa que eu adoraria ver a reação de Emmett em Las Vegas, contanto que eu não tenha que lidar com as conseqüências.” Eu me perguntei se podia convencê-lo em tentar beber comigo. Uísque e veneno fazia uma diversão maravilhosa quando cuspido e incendiado. Seria preciso escaparmos de nossas companheiras de qualquer forma, mas a idéia tinha potencial.

“Sobre o que você está pensando?” Alice me perguntou com um sorriso. Ela deve ter sentido a minha diversão.

“Emmett, Las Vegas e fogos de artifício,” eu disse sinceramente.

Ela se moveu sedutoramente no meu colo. Seu tórax pressionou contra o meu e suas pernas se envolveram ao meu redor. Eu senti cheiro de couro.

Ela correu seus dedos sobre meus lábios e eu deslizei minha mão por baixo da blusa dela. Tiras de couro estavam de fato entrelaçadas por baixo.

“Falando de fogos de artifício…” ela disse enquanto me beijava.

* * *

Eu teria ficado na floresta até terça-feira, mas Alice viu um grupo de lenhadores em nossa direção e não havia nenhuma maneira que eu pudesse estar seguro ao redor de batidas de coração humano. Mesmo enquanto nós nos vestíamos, eu podia ouvir o ronco e o barulho distante de caminhões madeireiros enquanto eles cambaleavam por seus caminhos em trilhas difíceis, e mesmo essa proximidade me fez virar a cabeça e instintivamente sentir o gosto do ar em busca do cheiro deles.

Um barulho súbito e uma risada travessa foram o único aviso que eu tive enquanto Alice corria com minhas botas. Eu gritei em protesto aterrorizado, e voei através da floresta atrás da minha companheira maligna, os caminhões e seus humanos foram esquecidos pelo momento.

Ela correu em um caminho sinuoso que nos levava cada vez mais perto da casa dos Cullens. Seus gritinhos de prazer me zombavam enquanto eu tentava pegá-la. Eu corri focando exclusivamente nela, e nos calçados ameaçados que ela segurava. Sim, mas eu não estava focado o bastante.

Um movimento de luz a minha esquerda me chamou atenção enquanto nos aproximávamos de Eugene. Não foi nada, na verdade, e em qualquer outro dia eu o teria ignorado. Nesse dia, eu não podia.

Fazendo seu caminho lentamente por uma colina recém plantada abaixo estavam três trabalhadores em um caminhão antigo. Não havia ninguém por perto na luz minguante de uma noite de domingo. Sem pensamento consciente, eu estava correndo na direção deles, tão rápido para qualquer das minhas presas me verem. Eu ouvi um som que deveria ter me parado no meu trajeto, mas agora o monstro estava no controle, e a voz da minha companheira não fazia nenhuma diferença. Tudo que eu sabia era o calor vermelho da caça e o doloroso vazio que estava prestes a ser preenchido.

O motorista me alimentou primeiro, enquanto os outros dois gritaram em terror. O caminhão desceu pelo morro, atirando o corpo do primeiro enquanto eu drenava o segundo. O terceiro pulou da cabine, mas eu estava nele antes de ele cair no chão. Ouvi Alice implorando. Ouvi o barulho do metal batendo na floresta. Senti o terror das minhas vítimas me rasgando enquanto o vazio era preenchido e a besta saciada.

E então percebi o que eu tinha feito, sem sequer um único pensamento coerente. Eu olhei dentro dos olhos tristes de Alice, vermelho para dourado, e gritei.

Ela não me seguiu dessa vez que corri.

Fui surpreendido que foi Rosalie. De todos os Cullens, ela era a ultima que suspeitei que quisesse me encontrar aqui, a não ser é claro que fosse para me confrontar. Ela veio até mim lentamente, o que era sábio, circulando primeiro antes de pisar por entre as árvores. Ela não entrou timidamente, mas sim olhou direto nos meus olhos vermelhos.

“Eu não era quem você estava esperando, era?” ela disse com um sorriso.

“Não. Eu sabia que Alice mandaria alguém, mas nunca imaginei que seria você. Imenso risco você está tomando.”

“Na verdade não,” ela sorriu de novo. “Eu tenho reforços. Se Alice ver alguma coisa, Edward e Emmett estarão aqui.”

“Por que você?”

“Eu não sei. Alice viu que você não fugiria se fosse eu. Acredito que é porque eu tenho muito em comum com você. É muito chato que as visões de Alice nunca digam à ela porque algo vai acontecer.”

Balancei minha cabeça para ela. “O que eu tenho em comum com você? Você com frequência perde o controle e mata sem pensar?”

“Não, eu sempre pensei nos meus assassinatos com muito cuidado,” ela disse com um sorriso frio como gelo. “Isso surpreende você?”

Levantei uma sobrancelha. Ela não parecia do tipo assassino, embora ela sentisse assim.

“Tenho outra surpresa para você. Eu nunca provei sangue. Nenhuma única vez,” ela riu. Foi mais como um barulho de estalo, como vidro quebrando, do que uma voz. Eu fui apunhalado com uma dor intensa que me cortou tão depressa que engasguei.

Ela inclinou a cabeça para o lado e eu a encarei, perguntando como ela manteve aquilo escondido.

“Oh, certo,” ela acenou pra si mesmo. “Eu vou tentar manter isso por dentro.”

Olhei para Rosalie, ainda me recuperando da dor e pura fúria que emanavam dela. Tentei lhe dar paz e felicidade, embora eu não os sentia pessoalmente. Suas emoções eram muito parecidas com as minhas, feridas purulentas que causavam dor constante. Eu não podia deixá-la sofrer quando eu poderia parar isso. Eu uma vez tinha sido um homem melhor do que isso.

Os olhos dela se arregalaram, e então ela olhou para longe. “Obrigado”, ela disse.

Assenti, embora eu soubesse que ela não viu.

“Como estava dizendo, nós somos parecidos, eu acho.”

“Como assim?” No entanto eu sabia. Eu sentia aquelas mesmas coisas dentro de mim.

“Nós dois nos odiamos porque nós sabemos exatamente o quão malignos realmente somos. Ambos fomos transformados por causa do que nós poderíamos dar aos nossos criadores, e não porque nossos criadores se importavam conosco,” ela disse, rancor cortando suas palavras.

“Se você nunca provou sangue, você não é nada parecida comigo.”

“Não? Eu acho que sou.” Ela se moveu ao longo de um espaço sob a luz das estrelas e olhou para elas. “Eu matei os homens que me mataram os torturando até a morte. Fui muito cuidadosa e nunca rompi a pele deles. Foi como um jogo para mim. Eu quebrei seus ossos e ri enquanto eles gritavam. Eu me diverti, e faria isso mil vezes mais.”

“Que homens te mataram?” Eu perguntei sem entender suas palavras, mas sabendo muito bem cada emoção que ela sentia.

“Eu fui noiva para me casar com um homem chamado Royce.” Ela sibilou o nome dele como um palavrão. “Eu mal o conhecia, mas ele tinha o que eu queria: dinheiro e a capacidade de me dar uma casa cheia de crianças. Uma noite eu encontrei com ele e seus amigos. Eles tinham bebido. Estava escuro e frio, e não havia ninguém para me ouvir gritar.”

Olhei para seu rosto. Ela era mais bonita do que qualquer outra da nossa espécie, e enquanto ela olhava para as estrelas, ela estava encantadora. Encantadora e vazia. A dor se alastrou nela novamente, e eu a tranqüilizei o melhor que pude.

“Obrigada,” Ela sorriu um pouco, mas não se virou para mim. “Carlisle chegou e me tirou da rua. Ele tentou me salvar, mas quando ele percebeu que não podia, ele me transformou pensando que era o melhor. Foi o melhor dele, não o meu.” Ela virou seus olhos duros para mim. “Você sabe por que eu queria ser rica? É porque eu era bonita. Eu era mais bela do que qualquer uma, e meus pais me transmitiram que eu deveria ter riqueza por causa da minha beleza. Eu tinha que estar perfeita todos os dias, e eu amava a atenção que eles me davam. Eu não era só filha deles; eu era a chave deles para uma boa vida e posição social elevada. Eu era uma coisa para ser usada. Ninguém nunca me perguntou o que eu queria, porque meus desejos não importavam. A coisa lamentável é que eu estava bem com aquilo, até orgulhosa. Eu achei que merecia tudo aquilo.

“Fui violentada porque eu era bonita. É por isso que Royce gostava de mim, e por isso ele deixou aqueles homens me tocarem. Eu era linda, e também era uma coisa para eles: um brinquedo para brincar e depois destruir.

“Carlisle me encontrou e me trouxe para casa porque eu era bela. Ele queria uma companheira para Edward, alguém para fazer Edward feliz como ele e Esme, e para evitar que ele os deixassem novamente. Ele me condenou a este inferno por causa da minha beleza.” Sua voz se tornou nada mais do que um sussurro no vento da noite.

“Você também foi transformado porque tinha algo que alguém queria. Você foi transformado porque beneficiava outro. Você odeia seu dom, Jasper?”

“Às vezes, mas eu preferiria tê-lo a não tê-lo. Odeio o que o meu dom me fez fazer. Odeio que ele me trouxe para esta vida, mas eu não odeio o que ele é,” eu disse, tentando dar sentido para isso.

“Meu rosto e corpo foram a minha bênção, e eles ainda foram também a minha maldição. Ninguém nunca me perguntou o que eu queria ser. Nunca. Nem mesmo Carlisle. Eles todos só me usaram. No final, nada disso importava. Eu nunca poderei ter uma casa cheia de crianças, e Edward e eu, mal podemos suportar um ao outro.”

“Você sabe por que eu não gosto de Edward? É porque ele foi o primeiro a não me querer pelo meu rosto. Ele conhecia todos os meus pensamentos e desejos, e quando eu estava lá queimando, ele me rejeitou. Ele se recusou a me amar.”

“Sinto muito pela sua dor,” eu disse, e eu sentia mesmo. “Eu não sabia de onde toda essa raiva e ódio vinham.”

“Você ainda está tentando fazê-los melhorar, não está?”

“Sim. Você quer que eu pare?” eu perguntei.

Ela balançou a cabeça, e olhou para as estrelas de novo e relaxou. Comecei a sentir outras coisas dela. Coisas familiares.

“Você me faz lembrar minha avó”, eu disse. Ela olhou para mim curiosamente, mas não disse nada. “Minha avó tinha sido ferida durante toda sua vida por causa de sua aparência física. Ela era alta, e grande, e de nenhuma maneira bonita. Ela se tornou forte sob a pressão constante de sussurros e olhares. Você tem aquela força também.”

Um pequeno sorriso brincou nos lábios dela. “Obrigada… essa pode ser a coisa mais doce que alguém já me disse.”

“É preciso uma mulher especial para suportar o que você passou e ainda encontrar uma maneira de viver e ser feliz.” Ela sorriu para mim, e por um momento, eu pude ver a jovem mulher que queria uma vida simples e uma família feliz. Tão rápido como o sorriso veio, ele caiu do rosto dela.

“Você quer saber por que eu sinto tanto ódio?” ela perguntou tristemente.

“Não é por causa do que aqueles homens fizeram com você?”

“Não, é por causa do que eu fiz comigo mesma,” seus olhos focaram o horizonte, mas só viam seu passado. “Eu estava pronta para realizar todos os meus sonhos, ter tudo que eu queria, mas por causa da minha beleza, tudo foi levado embora. Royce me atacou e me deixou para morrer. Carlisle me mordeu e depois pediu desculpas, enquanto eu estava deitada gritando. Repetidas vezes, ele disse que estava arrependido e que eu deveria tentar lembrar do meu passado. Eles me disseram para me concentrar nos rostos dos meus familiares, mas tudo o que eu podia ver eram as faces dos homens que me violentaram. Repassei várias vezes aquela memória horrível, e me refugiei em minha raiva justificada. Aticei o ódio que eu sentia, até que ele estava tão quente como fogo em minhas veias. Eu odiava aqueles homens. Eu odiava Carlisle e Esme e Edward. Odiava a beleza que tinha amaldiçoado minha vida, e quando eu acordei, toda raiva estava congelada dentro de mim. A coisa realmente triste é que eu sabia o que estava fazendo quando fiz aquilo. Eu queria sentir raiva. Eu tinha direito a ela.”

“Se você odeia tanto os Cullens, como você vive com eles?”

“No inicio, eu era uma excluída. Eu tentei machucá-los, puní-los pelo o que eles fizeram para mim. Esme e Carlisle são difíceis de odiar, entretanto, e o amor deles finalmente me atingiu. Aprendi a amá-los do meu jeito. Edward e eu estamos nos damos tão bem quanto podemos.”

Ela respirou fundo e olhou para mim. “Você quer saber a pior parte? Toda vez que eu vejo meu reflexo, eu me sinto feliz. É triste se eu pensar nisso. A coisa que eu deveria odiar mais ainda me faz feliz. Meus pais fizeram um bom trabalho em me ensinar a ser vaidosa, não é?

“Você tem que viver assim para sempre?” Eu perguntei, mas soou mais como uma declaração.

“Foi horrível no começo, mas quando encontrei Emmett, ficou melhor. Eu não penso mais sobre isso. Não realmente. Eu apenas olho meu reflexo e meu companheiro e fico feliz com o que vejo.” Ela sorriu contente. “A única coisa que me deu alegria antes de Emmett vir foi matar meus agressores. Nada nunca se sentiu tão maravilhoso para mim, e desejo todo dia que eu ainda tivesse um pouco mais deles para matar. Não foi a necessidade por sangue, entretanto, que me deu tanta alegria; foi mais profundo do que isso. Ouvi-los gritar me deu a sensação mais extraordinária que eu já conheci. Foi euforia total, e por um momento, eu estava no paraíso. Todo dia, eu quero poder ter essa sensação de volta. Você sabe como é necessitar dessa sensação, não sabe?

Assenti, espantado que essa bela criatura realmente fosse como eu. Eu tinha sido danificado eternamente pelo o que eu tinha feito, e ela danificada pelo que tinha sido feito à ela.

“Eu não queria matá-los. Verdadeiramente não, mas eu precisava tanto do sangue que doía mais do que a queimação do veneno jamais poderia. Pensei que nada poderia ser tão ruim quanto a nossa sede física, mas acontece que eu estava errado. Eu nem sei se deveria tentar me alimentar de animais. Sinto como se eu estivesse indo contra a minha natureza, e não tenho certeza se vale a pena.”

Ela me olhou estranhamente. “Vale a pena. Tem que valer.”

Balancei minha cabeça. “Eu quero acreditar nisso, mas não sei se é verdade.”

“A pior parte de matar aqueles homens foi quando Royce finalmente morreu. Não havia mais ninguém. Soube naquele momento que eu nunca iria sentir esse tipo de euforia novamente. A única vez que tentei chorar nesta vida foi quando eu percebi que não tinha mais ninguém para matar. Eu ainda quero isso, aquele sentimento.” Ela virou seus lindos e frios olhos para mim. “Acho que é uma boa coisa que meus pais me ensinaram a não me importar mais do que com minha aparência. Se eu pensasse muito sobre o que sou, eu acho que seria muito mais perigosa.”

Eu não a respondi, porque eu tinha certeza que ela não estava falando mais comigo. Finalmente ela se mexeu e disse, “Você tem muita sorte, Jasper. Você não está congelado como eu. Você acha que está, mas você pode superar esses sentimentos. Eu sei que você pode, porque você já superou muito nas duas semanas que nós conhecemos você. Todos nós sabemos como é sentir a necessidade de sangue, é o que todos nós somos. Ninguém te culpa.

“Você precisa saber, vale a pena. Eu apenas conheci alguns outros vampiros, mas sei que estar livre da necessidade de matar vale tudo,” ela disse ardentemente.

Ficamos olhando um para o outro por um momento. “Eu não quero que você nos deixe, Jasper. Carlisle diz que precisamos uns dos outros, e acho que ele está certo. Por mais que eu não queira admitir, você me faz sentir melhor. Quando você está conosco, você nos faz mais feliz.”

A maioria das pessoas no lugar dela teria desistido. Eles teriam matado pelo prazer disso e tomado suas vinganças sobre todos. No entanto, ela viveu nesta família e construiu uma vida para si mesma, apesar de toda aquela dor. Se ela podia fazê-lo, talvez eu pudesse também.

“Rosalie, você pode ser a mulher mais forte que já conheci, e eu estou feliz por fazer você mais feliz.”

Ela sorriu para mim. “Você sabe, acho que não me importaria de você ser meu irmão. Você se parece comigo. Poderíamos ser irmãos, mas você tem que ser um Hale. Eu me recuso em usar outro nome.”

Algo sobre o jeito que ela disse isso me orgulhou, como se eu fosse de algum modo suficientemente bom para ela.

Ela sorriu para mim, e andou silenciosamente de volta para os outros. A floresta estava vazia, exceto por Alice. Ela estava lá, me amando como sempre. A única coisa que eu não iria nunca merecer era a única coisa sobre a qual eu nunca tive dúvidas.

“Funcionou,” eu falei pela noite. “Você fez bem.”

Ela surgiu no final da floresta escura, brilhando maravilhosamente na luz das estrelas. Ela não tinha certeza de si mesma.

“Ficarei bem,” eu disse, e pela primeira vez em muito tempo, eu acreditei nas palavras.

Ela sorriu e lentamente se aproximou de mim. Mesmo depois de cometer assassinato, ela me adorava. Rosalie disse que valia a pena. Viver livre do poder do sangue valia a pena.

Eu soube, ali mesmo, porque me casar com minha companheira era tão importante. Carlisle estava certo. Não era só por ela, mas era por mim também. Eu tinha virado as costas para qualquer coisa que me prendesse. Eu tinha vivido como o monstro egoísta até eu conhecer Alice. Aqueles votos só significariam alguma coisa se eu os aceitasse como compromisso. Aceitar essas palavras frágeis como a promessa e objetivo da minha vida não era apenas um presente para Alice; eles também eram uma promessa para mim. A promessa que eu finalmente aceitaria o amor dela por mim.

“Foi só um erro Jasper,” ela disse enquanto caminhava para meus braços. “Eles não estão zangados, eu também não estou.”

“Eu sei,” sussurrei no cabelo dela. “Sinto muito. Eu vou tentar mais duro.”

“Não tente por mim, nunca mais. Por favor, não faça isso por mim. Faça só o que você quiser fazer, e seja só o que você quiser ser.”

Olhei para ela, e soube que eu iria realmente fazer agora o que queria fazer. Eu queria me ligar à ela, para que eu pudesse inteiramente acreditar.

“Não se preocupe, amada. Eu estou exatamente onde quero estar, e estou fazendo o que quero fazer.”

Emmett sorriu feliz enquanto o raio relampejava sobre o campo.

Carlisle e Esme estariam de volta a qualquer momento, mas a tempestade significou que nós poderíamos jogar baseball perto de casa, e isso era algo que nenhum Cullen queria perder. Alice nos assegurou que eles iriam ler o bilhete que deixamos e se juntariam a nós aqui.

Tomei a minha posição e mantive a cabeça abaixada. Ninguém havia sequer mencionado meus olhos vermelhos desde o meu retorno ontem, mas mesmo assim eu não queria enfrentá-los. Eu estava grato que era baseball agora, porque no meu humor atual, eu não podia imaginar ser tocado, muito menos jogado no chão. Nós começamos nosso jogo com o aquecimento tradicional, inútil, mas calmante.

Nós jogaríamos dois a dois, com Rosalie arremessando, até Carlisle e Esme retornarem. Eu fiquei grato pela ausência dele. Eles haviam sido informados do meu acidente e já me perdoaram, mas eu detestava a idéia de vê-los novamente com os olhos vermelhos.

Se Edward sabia dos meus pensamentos, ele escondeu bem.

Alice e eu tomamos o campo. O primeiro arremesso de Rosalie foi um strike, mas o segundo Edward bateu. Alice já estava nas árvores antes do bastão bater contra a bola. Ele não tinha chance. Ela o pegou antes de ele correr pela curva da segunda base.

“Droga!” ele gritou enquanto Alice o acertava com a bola com força o suficiente para derrubá-lo. “Tem que haver alguma regra contra ver onde a bola vai ir,” ele gritou de frustração.

O riso alegre de Alice cantou em alegria através do campo. “Eu não vou correr atrás dela até que você realmente acerte a bola a partir de agora. Melhor?”

“Não realmente,” ele disse enquanto voltava de mau humor para a primeira base.

Depois foi a vez de Edward. Eu o assisti enquanto caminhava para bater, muito mais seguro de si do que Emmett, porque ele tinha a vantagem da velocidade.

Rosalie jogou uma bola curva, mas Edward ainda fez uma batida forte. Fiel à sua palavra, Alice esperou até o barulho do bastão acertando a bola antes de se mover. Ela disparou através do campo e facilmente interceptou a bola dentro da linha das árvores. Edward, no entanto, estava chegando na terceira base rápido. Corri na direção dele e ela me jogou a bola, mas eu estava atrasado apenas por um fio. Ele mergulhou para a base enquanto eu pulava nele. Nós nos chocamos com o som de uma bola de canhão, e ele riu enquanto rolava no chão.

“Um!” Emmett riu quanto ele nos colocou em pé. Joguei de lado a bola que eu tinha esmagado, o couro voando pelo vento enquanto ela ia para frente.

Emmett sorriu quando ele tomou o bastão de novo. A bola de Rosalie foi curva, mas ele bateu na rápida bola dela e se dirigiu para a primeira base.

Alice sabia antes do tempo, mas não podia se mover até que o bastão fizesse contato, então nós dois corremos para a bola enquanto Emmett passava pelas bases. A bola estava muito perto de ser alcançada antes do pé dele pousar na pedra de granito que nós utilizamos como base. Em desespero, Alice lançou a bola para ele novamente. Desta vez, Emmett facilmente a desviou com um chute, e a bola se dividiu com a força.

Edward bateu a bola muito alto, e eu a peguei para nossa segunda eliminação. Nós marcamos Emmett novamente para a terceira eliminação e, em seguida, foi a nossa vez de rebater. Eu me diverti com o jogo, e comecei a esquecer meus olhos vermelhos enquanto entrava na brincadeira infinita dos irmãos.

Alice e eu marcamos duas vezes antes de minha rebatida ir muito alta e ser pega por Edward. Eu juro que ele usou a visão de Alice para chegar nela.

Ele sorriu para mim, para confirmar a minha suspeita. Antes que eu pudesse comentar, duas figuras emergiram das árvores. Carlisle e Esme chegaram sorrindo para todos nós. Nem o rosto nem as suas emoções mostravam qualquer ressentimento em relação a mim.

Carlisle trouxe uma bolsa com bolas novas.

“Já era hora,” Emmett cumprimentou-o com um tapa nas costas, e começou a abrir a bolsa e despejá-las na bolsa com as outras bolas. “Agora que vocês dois chegaram, nós podemos finalmente parar a dupla de trapaceiros aqui.” Ele apontou Alice e Edward. “Alice você é quem arremessa!”

“Sempre arremesso, nunca rebato,” ela murmurou enquanto tomava o lugar de Rosalie. Como este era nosso primeiro jogo com eles, seu humor azedo deve ter vindo de uma visão.

“Eu não me preocupo quando você está com o bastão,” Emmett disse. “Eu me preocupo quando você está no campo.” Ele detestava de verdade o fato de que Alice soubesse para onde a bola iria antes da batida. Eu não disse nada – Emmett tinha razão sobre isso.

“Você pode ser a lançadora, mas eu estou eternamente presa como juíza,” Esme disse enquanto ela tomava posição como apanhadora.

“Isso é porque você é a única com quem não vamos discutir,” Edward riu.

Carlisle tomou o lugar de Alice sem nenhuma palavra, e nosso jogo recomeçou.

Carlisle era um bom jogador. Ele era o batedor mais forte depois de Emmett. Depois de mais dois turnos, a equipe de Edward estava ganhando, e nossa quantidade de bolas estava ficando baixa. Emmett foi desenterrar outra bola, mas ele parou enquanto a levantava.

Ele olhou curiosamente para a coisa e, em seguida gritou: “Ei, Jasper, é sua.”

Olhei para ele em confusão enquanto ele atirava a bola para mim, mas mesmo enquanto a bola atravessava o campo, eu podia ver as palavras, “Para Jasper,” escritas em uma letra forte em toda a sua superfície. Era a caligrafia de Carlisle. Eu peguei a coisa e me virei para olhar para ele.

“Eu pensei que você deveria comparar esse jogo com boas lembranças”, disse ele com um sorriso e um sentimento de orgulho.

Olhei para a pequena bola e percebi que a coisa tinha sido re-costurada. Alguma coisa estava dentro dela. Ouvi Esme tomar fôlego e senti sua alegria crescer em saltos infinitos.

“Foi a única maneira que eu pude pensar em surpreender Alice,” Carlisle murmurou com um sorriso pequeno.

E foi aí que eu soube.

Sua viagem para Portland e a decisão de trazer bolas extras tinham sido parte de um plano. Eles haviam feito isso por ela. Por mim. Eles fizeram isso por nós. Eu iria fazer o desejo secreto de Alice se tornar realidade.

“É melhor você se apressar,” Edward disse com um aceno para Alice, cujo rosto tinha acabado de ficar fora de foco.


[Alice]

Assisti curiosamente enquanto várias emoções passavam pelo rosto de Jasper, e tentei descobrir porque uma bola de baseball as causariam. Parecia uma bola normal: branca e redonda. Uma visão passou, me mostrando que Jasper rasgaria a coisa no meio, e de novo eu me perguntava a importância de uma velha bola de baseball. Comecei a andar na direção dele, observando enquanto compreensão clareava em seu rosto. Ele olhou para mim com os olhos arregalados e um sorriso crescente. Minha mente se encheu com ele ajoelhado diante de mim por alguma razão, e de repente ele estava me sacudindo.

“Não Alice, dessa vez não,” ele disse, suas palavras grossas com seu sotaque. Um sorriso, largo e infantil, tinha transformado seu rosto.

“Não olhe,” ele suplicou.

“Eu vou tentar não olhar.”

Ele segurou a bola e olhou para ela ternamente antes de rasgar a coisa pela metade. Corda e enchimento flutuaram no vento. Assisti a bagunça emaranhada voar para longe e depois cairem no chão com a chuva. A chuva de repente caiu em torrentes, e relâmpagos atravessaram o céu, pondo tudo em nossa volta em brilhante contraste.

Eu olhei em volta para os rostos dos meus familiares enquanto eles se aproximavam. Emmett e Rosalie estavam curiosos. Edward estava radiante, como Carlisle, que segurava Esme. Esme cobriu seu rosto sorridente com as mãos e parecia como se quisesse chorar.

Virei-me para o meu companheiro e tentei segurar a visões que estavam puxando a minha mente. Jasper estava alegre, segurando as duas metades da bola como se segurasse um tesouro. O cabelo de Jasper estava pregado em seu rosto, e ele parecia exatamente como no primeiro dia que nos conhecemos. Relampejou novamente, e alguma coisa na bagunça emaranhada e molhada dentro da bola brilhou.

A mão de Jasper tirou a coisa brilhante da bola em um instante, e ali em suas mãos estava um anel de prata lindo ostentado com diamantes. As pedras das laterais eram menores do que a grande circular no meio.

O anel se abaixou, e Jasper estava ajoelhado.

Ele estava propondo casamento.

Ele estava propondo casamento.

Para mim.

Jasper ficou no chão diante de mim, não dando atenção onde os outros estavam. Seus olhos focaram apenas em mim, e eu estava perdida nele. Ninguém mais no mundo importava agora. Eu já não sentia a chuva ou ouvia trovão, eu só conhecia a beleza do meu companheiro e o anel que ele segurava entre nós.

“Minha bela Alice. Alice, que não tem outro nome. Alice, que não tem passado,” ele começou, sua voz trêmula. “Alice, que faz as coisas de forma errada para que elas saiam certas. Alice, que me ama, embora, eu não nunca merecerei esse amor. Alice, que é… que é minha companheira.” Sua voz falhou, mas ele segurou o anel com uma mão enquanto puxava minha mão esquerda do meu lado. A bola que eu estava segurando caiu despercebida no chão. Ele olhou do anel para mim, seu rosto cheio de maravilha.

“Alice, você é o centro da minha vida e minha única salvação. Você se tornou minha única fonte de esperança e alegria. Você aceita nesse momento ser minha noiva e casar comigo para toda a eternidade?”

Eu estava perdida nele. Sua alegria era tão absolutamente completa que eu era incapaz de pensar por um momento. Apenas olhei para ele, coberto de lama e ensopado, e soube que ele tinha se ajoelhado por mim. Ele tinha feito isso porque ele me amava.

Eu deveria dizer algo; algo inteligente e maravilhoso. Mandei meus lábios se moverem e dizer-lhe o que seu amor e alegria tinha feito por mim. O que eles tinham feito comigo. Mas a minha boca não se mexia. Meus lábios abriram, e uma única e pequena palavra saiu. “Sim.”

Ela soou fraca e estrangulada enquanto tentava escapar de minha garganta apertada.

O anel estava instantaneamente em meu dedo, e eu fui levantada em seus braços.

Ouvi Emmett soltar um urro. Ouvi gritos contentes dos outros. Senti seus braços ao nosso redor. Ouvi as palavras que eles diziam, mas eu não as entendia.

Nesse momento, tudo o que eu entendia era nosso amor, irradiando entre nós, e a serena alegria de ser escolhida por ele novamente.

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