sexta-feira, novembro 05, 2010

Coalescence - Capítulo 16: Conspiração Maligna

Jasper gemeu quando ouviu as exclamações de choque da família. Ele me lançou um olhar de pura irritação, mas apenas sorri para ele. As reações deles eram justamente o que eu queria, e nada poderia me impedir de ficar feliz enquanto eu deixava minha mente vagar para o futuro. Eles iriam abrir os presentes, isso era certeza. Eu podia dizer que eles ficariam eufóricos com eles, mas o futuro mais distante ainda se desfigurava em incerteza. Eu precisaria ser muito cuidadosa daqui para frente, e isso não seria fácil.

“Foco,” Jasper sibilou enquanto ele jogava as bolsas e as botas e livros de Carlisle em mim enquanto ele pegava o quadro.

“Por que você não pegou um trailer ou um carro maior?” perguntou Esme perplexa.

“Eu tentei. Jasper não deixou,” eu disse rolando os olhos.

Jasper riu um pouco alto demais, e Esme recuou. Meu peito apertou com sua reação à ele. Eles realmente estavam com medo dele. Mas quando ele olhou para ela, seu rosto estava calmo. “Você não entende a habilidade da Alice de comprar. Eu tive que manter o limite de Alice em apenas um carro lotado de coisas. Não importaria se nós tivéssemos um ônibus, ela ainda o lotaria. Você não sabe o potencial dela quando se trata de comprar presentes e ‘necessidades’ desnecessárias. Se eu a tivesse deixado fazer as coisas do jeito dela, ela teria trazido uma caravana de caminhões de entrega bem atrás de nós.”

Eu abri minha boca para argumentar, mas pensei melhor. Ele provavelmente estava certo, e nós já tínhamos brigado o suficiente sobre isso.

Fomos até a família e entregamos para cada um seus presentes. Suaves “Obrigados” soaram ao nosso redor, e o rosto de Rosalie se iluminou com um sorriso gigante.

“Eu posso te ajudar a substituir aquela suspensão,” ela riu com um ultimo olhar para o meu carro caído. Ela virou e entrou na casa com Esme atrás dela. Carlisle sorriu e acenou para nós seguirmos ele para dentro. Ele não ia dar suas costas para nós.

Jasper manteve seu braço firme ao meu redor enquanto entrávamos. Eu já conhecia o interior da casa tão bem que parecia que eu estava voltando ao lar, e não que estava vendo-a pela primeira vez. Olhei toda a arte e os móveis familiares, saboreando cada parte disso como se fosse um velho amigo perdido.

Ao meu lado, Jasper andava como um soldado entrando na fortaleza de inimigos. Ele estava cauteloso ao extremo, seus olhos voando pelo cômodo como se ele esperasse um ataque a qualquer momento. Seu braço me segurava firmemente, e ele se curvou um pouco, me protegendo a todo custo. Ele era tão melodramático.

A espaçosa entrada terminava numa ampla escada. De cada lado dela tinha uma entrada para outro cômodo. Nós viramos à esquerda, e entramos num espaço bem moderno. Era aberto e decorado com mobília de estilo artesão. Com exceção de algumas peças de mobília antiga que não combinavam, a sala era um exemplo de como decorar uma casa. Eu já tinha visto esse cômodo uma dúzia de vezes, e ainda assim com uma estranha familiaridade, eu estava vendo-o pela primeira vez. Suspirei de contentamento. Olhei de lado para Jasper, e ele revirou os olhos.

“Por favor, entrem e sintam-se em casa,” disse Esme enquanto ela indicava um sofá do outro lado do cômodo.

Rosalie já estava sentada, a bolsa bordada que eu tinha encontrado há um ano estava em seu colo. Ela estava abrindo um pacote contendo o casaco de pele com um olhar de êxtase em seu rosto.

Esme também abriu sua bolsa, mas ela tomou seu tempo admirando o padrão floral e o detalhe delicado. “São lindas, Alice. Em que lugar você as conseguiu?”

“Em uma loja de roupas no Tennessee. Elas foram uma bela compra, até mesmo para mim.” Sorri feliz pela evidente euforia deles com os meus presentes.

Carlisle tinha desembrulhado o raro quadro feito por Whistler e o estava admirando. “Isso ficará perfeito em seu estúdio, minha querida.” Ele sorriu para sua companheira, Esme ofegou, e ela tinha a pintura em suas mãos em menos de um segundo. “Um verdadeiro Whistler? Como diabos você sabia que amo Whistler?” Ela sorriu para mim, e eu retornei o seu grande sorriso.

“Normalmente, dar presentes para um clã é o primeiro passo para ganhar aceitação. Você trouxe esses por esse motivo?” Carlisle indicou que devíamos nos sentar, o que eu fiz com prazer. No entanto, Jasper escolheu ficar de pé atrás de mim, sua mão suavemente pousada em meu ombro como um lembrete de que eu estava fazendo isso completamente errado. Fiz uma nota mental para lembrá-lo de que sempre fiz as coisas da forma errada, e ele precisava superar isso.

“Alice e eu viemos para encontrar vocês porque seu clã tem feito as mesmas escolhas que ela fez. Você está certo na sua suposição, senhor.” Meu coração afundou por causa de sua afirmação. Eu odiava que essa não era sua escolha também.

Carlisle assentiu, e pela sua postura eu podia dizer que ele estava tentando nos avaliar, especialmente Jasper.

“Seus presentes são inesperados e muito apreciados,” Esme disse enquanto olhava firme para Rosalie.

“Sim, obrigada,” Rosalie disse antes de voltar a admirar o vestido que ela tinha acabado de desembrulhar. Assim como ela deveria, eu considerava-o um dos destaques da atual coleção de Jacques Fath.

“Onde estão minhas maneiras?” Esme exagerou. “Por favor, deixe-me pegar seu chapéu e casaco, Jasper.” Ela estendeu as mãos esperançosamente, e eu prendi a respiração. Jasper tinha escolhido usar seu cabelo solto debaixo da larga aba do chapéu para ajudar a esconder suas cicatrizes. Jasper hesitou por um momento, e então tirou sua mão esquerda de meu ombro, enquanto ele tirava o chapéu e o casaco, e passou sua mão livre no cabelo para penteá-lo para trás. As cicatrizes que cobriam suas mãos e rosto eram inconfundíveis na sala bem iluminada.

Se Jasper tinha assustado Esme antes, agora ele a tinha apavorado. Ela nunca tinha visto um vampiro tão massacrado, e enquanto seus olhos arregalados o varriam, ela ofegou e recuou tomando uma posição defensiva.

Rosalie lentamente ficou de pé com um rosnado escapando seu rosto agora feroz. Jasper não se moveu. Carlisle e ele estavam de pé, encarando um ao outro. Carlisle não parecia mais com um pai. Ele não deixou dúvidas quanto ao seu status como líder de seu clã. Seus olhos eram duros, seu nariz trêmulo e seu corpo estava tenso para luta. Ainda assim, antes mesmo que Jasper pudesse redobrar seu dom, Carlisle se acalmou e relaxou um pouco. Sua postura não mudou, mas seu rosto suavizou enquanto ele avaliava meu companheiro. Jasper forçou sua tranqüilidade na sala, e a tensão começou a diminuir, mas não sumiu completamente.

“Rosalie,” o comando calmo de Carlisle a imobilizou imediatamente, e uma mão levantada indicou para que ela se sentasse. “Seu passado é muito diferente do nosso, Jasper, e minha família nunca tinha visto um soldado antes. Eu mesmo, em todos os meus anos, nunca tinha visto ninguém que sobreviveu a tantos ataques. Estávamos despreparados para você. Por favor, nos perdoe.”

“Está tudo bem, senhor, eu lhe asseguro. Minha aparência normalmente causa reações muito piores,” disse meu cavalheiro do sul. Sua mão retornou para o meu ombro enquanto paz me preenchia. Eu podia dizer que a gentil resposta de Carlisle o tinha pegado desprevenido.

“Mesmo assim, eu estava errada, e sinto muito mesmo. Vocês são nossos convidados.” A voz de Esme carregava tanta ternura que até mesmo Jasper pareceu responder à ela. Para seu crédito, ela sorriu um pouco enquanto pegava o chapéu e o casaco dele e os colocava num cabide perto da porta.

“Eu não me ofendi, madame.”

Carlisle pareceu chegar em uma conclusão, e ele se sentou para abrir seus presentes. Ele estava felizmente surpreso de ver os raros volumes das obras de Shakespeare, mas ficou encantado pelas botas. “Você até sabe o tamanho que eu calço,” ele disse maravilhado. Ele riu e balançou a cabeça enquanto experimentava as botas. Depois, ele cuidadosamente as colocou com os livros de lado, enquanto ele esperava Esme voltar para seu lugar. Rosalie ainda estava absorta em seus presentes.

Esme foi para o lado de seu companheiro e se sentou num segundo. Ela sorriu para ele, que pegou a mão dela antes de relaxar no sofá. Era um gesto pequeno, mas que falava muito sobre o amor deles. Olhei para Jasper, esperando ver uma reação parecida dele. A mão de Jasper nunca saiu do meu ombro, e senti sua observação cautelosa em seu silêncio. Apesar de sua postura ter relaxado, ele não iria desistir da vantagem tática de estar de pé. Sorri para ele para mostrar que eu entendia, e ele assentiu em resposta.

“Seus presentes são maravilhosos,” Carlisle começou, “e estou honrado em aceitá-los.” Ele olhou diretamente para Jasper, e eu sabia que algo mais formal do que simplesmente gratidão estava tomando o lugar.

“Obrigado. Estamos honrados de dá-los para vocês,” disse a voz profunda de Jasper, e sua mão se apertou brevemente em meu ombro. Algo importante tinha acabado de acontecer. Eu não entendi toda essa troca, mas uma rápida visão de Jasper comigo carregando um sofá descendo as escadas passou pela minha mente. Mover móveis pareceu ser uma importante parte do nosso futuro aqui, apesar de eu não conseguir imaginar o motivo. Tentei esconder meu sorriso.

“Vocês vieram conosco com a intenção se juntar à nós, pelo qual nós também estamos honrados. Parece que vocês realmente sabem tudo sobre nós, até as nossas medidas.” Ele riu e balançou a cabeça enquanto olhava para nós dois.

“Pelo que parece meu clã está numa séria desvantagem aqui. Antes que dois clãs se unam, é preciso ter um certo grau de entendimento entre eles. Talvez nós devemos começar por aprender o passado de vocês. Por favor, nós conte sobre vocês.” Não era realmente um pedido, e a sensação sutil de formalidade permaneceu em suas palavras. Entretanto, seu sorriso era tão paternal que eu tive que lutar contra a vontade de pular e abraçá-lo. Ele era o único pai que tinha conhecido. Continuei lembrando a mim mesma de que ele não sabia disso ainda.

Carlisle manteve sua atenção em Jasper, claramente o deixando fazer a escolha de liderar. A gentil sabedoria de Carlisle me surpreendeu. Sem saber nosso passado, ele identificou corretamente o nosso presente.

“Sou o mais velho de nós dois, talvez eu deva começar,” Jasper disse olhando para mim. Eu sorri e assenti.

“Meu nome é Jasper Whitlock. Eu nasci em Texas em 1843, e perdi minha vida na Guerra de Galveston durante a Guerra Civil em 1863. Fui transformado por um criador de exército, e lutei para ela como o capitão de seu exército por quase oitenta anos. Durante esse período, eu matei milhares – ambos humano e vampiro. Eu deixei minha criadora há quatorze anos para me tornar um nômade e encontrar paz. Isso não funcionou muito bem, e eventualmente viajei para a costa oeste na tentativa de encontrar um clã para acabar com a minha vida. Eu não tinha mais vontade de existir.” A amargura em sua voz era tangível. “Então em uma manhã, eu fui para um pequeno restaurante na cidade de Filadélfia, e Alice saltou de uma cadeira e quase me matou de susto. Nós estamos juntos faz dois anos.”

A confissão honesta de Jasper sobre seu passado deixou a sala em silêncio. Rosalie estava olhando para ele com olhos arregalados, e eu não podia dizer se era medo ou surpresa em seu rosto.

Esme falou primeiro. “Jasper, sua história é incrível, mas de partir o coração. Sinto muito pelo seu doloroso passado. Eu não posso imaginar estar tão sozinho por tanto tempo.” Sua voz estava transbordando de compaixão. Eu queria correr e abraçá-la.

“Não existe motivo para sentir pena de mim. Escolhi esse caminho assim como ele foi escolhido para mim,” disse Jasper. Ele não estava com raiva, apenas sendo honesto, mas eu podia dizer que a resposta dela o tinha amolecido.

“Obrigada por nos contar a verdade,” Carlisle disse olhando intensamente para meu companheiro. “Eu nunca conheci alguém como você, e estou igualmente maravilhado pela sua história. Nunca ouvi sobre um soldado durar tanto tempo em batalhas do Sul; você deve ser um guerreiro bem habilidoso. No entanto, preciso saber se você apresenta algum risco a minha família. Você ainda se considera um soldado? Você é um perigo?”

Eu prendi a respiração. O futuro se alterou em minha cabeça, contorcendo-se nas palavras do momento.

“Sim, senhor, eu sou. Eu não quero mais ser um soldado, e não quero ser perigoso, mas sou e para sempre serei os dois. Não importa pra quão longe eu corra do meu passado, não posso me livrar do que sou. Eu tenho sido implacavelmente atacado porque carrego as cicatrizes da guerra. Não importa para onde eu vá, sempre sou considerado um inimigo, e então eu sou um. Não luto por causa do meu desejo, mas sim por causa do medo do outros. Independente disso, eu sou um inimigo mortal,” Jasper terminou calmamente, sem nenhum indício de hostilidade em suas palavras violentas. Ele tinha, novamente, simplesmente falado a amarga verdade.

Carlisle sorriu, mas tristeza tocava o canto de seus olhos. Meu coração afundou em seu silêncio eterno enquanto eu me perguntava se isso tinha nos condenado, mas o futuro se repetiu, mostrando nós dois enchendo a garagem com móveis.

“Novamente, obrigado pela sua honestidade. Eu te prometo, enquanto você desejar paz, não vou te ver como um inimigo.”

Ele virou seu rosto dourado para mim. “Você é algum tipo de vidente.” Era mais a constatação de um fato do que uma pergunta. Os dedos de Jasper se contraíram, mas ele continuou imóvel. Eu finalmente podia lhes dizer tudo. A sala estava num silêncio pesado, esperando por mim.

“Eu sou uma vidente,” comecei, esperando encontrar um jeito enquanto eu falava para transmitir para todos deles o que eu precisava dizer sem assustá-los.

“O que você vê?” perguntou Esme quando hesitei. Seus olhos eram gentis enquanto ela balançava a cabeça me encorajando. Ela sabia, de alguma forma, que isso era difícil para mim.

“Vejo o futuro, ou pelo menos partes dele, e geralmente sei o que vai acontecer depois que uma decisão de algum tipo é feita. Eu vejo a nossa espécie com mais facilidade, mas às vezes posso ver eventos humanos.” Esperei por uma resposta, mas a única foi a respiração rápida de Rosalie. Carlisle e Esme sentaram numa rigidez controlada.

Eu de repente estava muito insegura de como continuar, e quase eufórica com a idéia de compartilhar minha vida. Eu tinha esperado trinta anos para dividir minha história com Carlisle. Tinha sonhado com esse dia desde que o vi pela primeira vez correndo pela floresta atrás de um veado, mas agora que o momento tinha chegado, era difícil.

Os dedos de Jasper acariciaram meu ombro, e sua outra mão surgiu enquanto eu estava sendo lavada em paz. Toquei seus dedos antes de continuar. Eu precisava de seu toque para me apoiar.

“Talvez você devesse começar pelo começo,” ele sussurrou. Eu tinha falado aquelas palavras no dia que nos conhecemos, dois anos atrás, quando tentei lhe contar pela primeira vez sobre mim e meu dom. A memória daquela conversa fracassada me deu força para compartilhar com minha família. Desde o começo – isso eu podia fazer.

“Eu acordei em 18 de Março de 1920, sem um criador ou memória. Eu nem mesmo me lembro da queimação. Simplesmente acordei e era o que sou agora -”

“Como você pode não se lembrar da queimação?” O rosto de Rosalie era de inveja.

“Eu não sei. Realmente não sei de absolutamente nada do que aconteceu antes com exceção de que meu nome é Alice. Eu nem mesmo tenho certeza disso, mas o nome combina comigo de alguma forma.” Olhei para o rosto incrédulo de Rosalie e percebi que eu teria que fazer isso bem devagar.

“Você realmente não se lembra da sua família ou de sua vida de antes?” Esme perguntou. Sua voz cheia de preocupação.

“Eu não me lembro de absolutamente nada. Eu não sei porque ou como fui transformada. A primeira coisa que soube depois que vi o sol era que Jasper era para ser meu companheiro – Vi seu rosto em minha mente. Eu nem mesmo sabia o meu nome ainda, mas eu já o conhecia.” Olhei para ele e senti a maravilha daquele primeiro momento de amor. Pela primeira vez em dias, ele sorriu honestamente para mim. Como eu senti falta do seu sorriso.

Quando eu retornei o olhar, Esme e Carlisle estavam de mãos dadas.

“Sem alguém para me guiar, eu corri freneticamente para o norte, controlada pelos meus instintos e pela minha necessidade por sangue. Eu matei várias vezes, incapaz de parar até que me escondi numa escola vazia.” Ouvi Esme ofegar, então eu sorri para ela de forma tranqüilizadora. “Eu não fiz isso, não se preocupe. Minhas visões me disseram o que aconteceria se eu ficasse naquela escola e esperasse. Eu podia ver a destruição e a morte que iria causar, e aquele conhecimento me deu força para ir embora. Dois meses depois, eu vi Carlisle e Edward caçando veados. Eu não sabia seus nomes ou seus rostos, mas eu sabia que meu lugar era com eles. Me levou dois anos para tentar, mas eventualmente aprendi a viver sem o sangue humano. Entretanto, tenho tendência a cometer erros.”

“Você mesma se ensinou?” Rosalie perguntou. Seu tom era tanto de incrédula como de ofendida.

“Sim, com a ajuda de Carlisle.” Olhei para ele. Seu rosto estava cheio de emoções que eu não podia nem começar a nomear. “Se não tivesse visto Carlisle e Edward, eu teria sido totalmente selvagem. Vi enquanto a família crescia, e sabia cada vez que um membro era adicionado. Até mesmo te vi como uma recém-nascida. Eu vi você jogar Edward numa árvore e então ele te jogar na água.” Eu ri com a memória.

“Eu ainda devo fazer ele pagar por aquilo,” Rosalie disse sombriamente.

“Não, você não deve,” Esme a repreendeu. Eu me perguntei por quanto tempo Rosalie poderia guardar rancor.

“Ele destruiu minha -”

“Chega. Isso foi há muito tempo atrás, Rosalie. Deixe para lá.” Carlisle tinha o jeito mais bizarro de ser gentil e autoritário ao mesmo tempo. Ele acenou para que eu continuasse.

“Antes que eu tentasse beber sangue de animais, um casal nômade me encontrou e passou alguns dias me ensinando o que eu era e como -”

“Espera, você não sabia o que você era? Como você podia não saber?” Rosalie agora soou curiosa, mas ainda ofendida.

“Eu não tinha memória,” expliquei de novo. “Nada. Não tinha nada de conhecimento sobre vampiros. Na verdade, eu tinha decidido que eu era um demônio que se perdeu e não conseguia encontrar o inferno. Pelo menos eu já tinha ouvido sobre isso. Não foi até conhecer Charles e Makenna que entendi alguma coisa. Eu estava tão feliz de saber o que era, que não passou pela minha cabeça que ser uma vampira devia ser uma coisa ruim.”

“Você nem mesmo…” A voz de Carlisle tinha um tom estranho. Ele olhou para mim e sorriu. “Algo me diz que essa vai ser uma boa história.”

“Você não tem idéia,” disse Jasper atrás de mim. Uma nota doce de humor coloriu suas palavras.

A família olhou para mim com uma antecipação radiante, e me joguei em meu conto. Eu não escondi nada, e cada aventura nova, cada caminho novo que eu contava trouxe consigo um doce alivio. Esta era minha família, e eu estava me compartilhando com eles.

A família riu e gemeu com a minha vida de antes. Eles se sentaram em um silêncio maravilhoso enquanto eu lhes contava tudo o que o meu dom me mostrou, e meus agonizantes anos quando pensei que Jasper estava perdido para mim. Eles se alegraram com o meu retorno à vida, e meus sucessos na escola. Quando cheguei aos meus últimos dias sozinha, Esme se inclinou em Carlisle, e ele a abraçou de um jeito surpreendentemente íntimo. Tomei meu tempo enquanto descrevia o dia que encontrei Jasper, lhes contando sobre a minha maravilha e tentando frustrantemente usar palavras erradas para descrever o milagre de ser encontrada. O amor de Jasper preencheu a sala enquanto eu recontava nossa história. Eu estava quase dominada pelas minhas emoções enquanto falava da minha última guerra em Nova Iorque e nossa traição pelos clãs. “Três semanas depois, nós começamos a procurar por vocês.”

O sol da tarde estava brilhando seus raios através das janelas enquanto eu terminava. Tinha levado várias horas para lhes contar minha vida.

“Vocês dois são maravilhosos,” disse Esme, olhando para nós em maravilha. “Vocês não fazem idéia do quão feliz eu estou que vocês nos encontraram.”

“Vocês sempre foram minha família. Como eu podia não procurar por vocês?”

Esme se levantou, e caminhou lentamente até nós, seus olhos em Jasper. Ela acenou para ele quando ela parou na minha frente e estendeu suas mãos para mim. Eu peguei-as, e me encontrei sendo puxada para um suave abraço de pedra. A mão de Jasper caiu de meu ombro enquanto eu me jogava no abraço pelo qual eu tinha espero minha vida toda. Não existiam palavras para descrever o primeiro abraço que sua mãe he dá, e por um momento, eu estava perdida nela. Seus braços de pedra me abraçaram gentilmente e uma sensação de paz serena me preencheu. Este era o dom de uma mãe, o dom de encontrar alívio completo em um abraço.

Quando nos separamos, Jasper estava atrás de mim, e Carlisle estava atrás de Esme, os dois homens se olhando enquanto nós compartilhávamos nosso primeiro momento de mãe e filha. Cada um deles nos puxou para eles em uma demonstração de masculinidade territorial. Esme e eu bufamos ao mesmo tempo.

“Suas histórias são incríveis, e estou verdadeiramente honrado que você escolheu se juntar à nós. Enquanto vocês estiverem tentando viver como nós, eu acredito que vocês serão uma adição bem vinda para nossa família. No entanto, não podemos tomar uma decisão firme até Edward e Emmett chegarem…” Carlisle começou, mas Esme o interrompeu.

“Por que não?” ela exigiu, ainda irritada com ele.

“Não podemos decidir sobre a adição de membros na família sem eles aqui,” disse ele gentilmente. Ele olhou cautelosamente para a esposa.

“Eles não terão problema com outro irmão e irmã, querido.”

“Você não sabe disso e -”

“Ah, sim eu sei!” Esme colocou as mãos no quadril e olhou para ele desafiadoramente. Eu a amava.

Carlisle respirou fundo e olhou para sua esposa. “Eu, também, acredito que eles vão receber Alice e Jasper alegremente, mas nós precisamos deixar que eles tenham uma palavra nesse assunto.” Sua voz era firme e definitiva. Ele se virou para nós com um sorriso caloroso. “Enquanto isso, por favor aceitem nossa hospitalidade. O que é nosso é de vocês em todos os sentidos.”

“Vocês gostariam de ver a casa?” A voz de Rosalie me assustou. Ela ainda parecia irritada, mas irritada de um jeito animado. “Esme fez um ótimo trabalho nela, apesar de que ela não gosta.” Ela revirou seus perfeitos olhos.

O rosto de Esme se contorceu numa expressão de orgulho triste. “Foi uma experiência na Escola de Arquitetura. Parecia muito melhor no papel.”

“Ficaremos honrados, senhora,” Jasper disse galantemente. Ele era tão cavalheiro. Ele não gostava do olhar auto-depreciativo dela mais do que eu.

Esme sorriu, ainda orgulhosa para nos mostrar sua casa, e começou a nos guiar pelos cômodos. Ela parou para comentar sobre itens de arte e extravagância que ela tinha escolhido como decoração. Suas escolhas eram muitas vezes extremamente sentimentais. A mistura de minimalismo moderno e antiguidade ornamentada criada por um encanto casual.

No entanto, Esme deixou faltar o refinado senso de cor que eu tinha aprendido na faculdade. Suas escolhas eram leves e quase uniformemente neutras. O lugar precisava de alguns pontos de cor. Comecei a fazer uma lista mental das áreas que precisavam ser enfeitadas.

Depois de um tour pelos seis cômodos do piso principal, incluindo uma biblioteca incrível que fez Jasper ofegar e uma sala de música que estranhamente prendeu sua atenção, subimos as escadas para o segundo andar.

O segundo andar ostentava uma sala de estar cheia de jogos e uma televisão, e três quartos espaçosos. Jasper imediatamente foi para a televisão antes de eu o puxar de volta.

Entramos primeiro no quarto extravagante de Rosalie. Ele foi feito numa mistura estilo barroco que desafiava explicação. Ela usava alguns móveis esculpidos e peças douradas que estavam cobertas com incontáveis bugigangas. Ela pareceu colecionar uma grande quantidade de itens adoráveis, mas que não combinavam, que lotaram o quarto e o fazia nadar em cores berrantes.

A pobre garota precisava de mim mais do que eu imaginava.

“Os humanos pensam que éramos insanos, mas Esme finalmente me ouviu e deu para cada quarto o seu próprio banheiro,” se vangloriou Rosalie. “Depois de caçar e brincar pela floresta com Emmett, nós definitivamente precisamos de um só nosso.”

Jasper fez uma careta e eu sorri nervosa. Se Rosalie sabia o quanto eu tinha a visto brincando, eu não acho que ela teria nos recebido tão bem em seu quarto. Na verdade, estou completamente certa de que ela teria tentando me matar.

Em seguida, ela nos mostrou o quarto de Esme e Carlisle. Este tinha sido feito com móveis no estilo artesão moderno com linhas claras que eu tinha notado no andar de baixo. Novamente, as cores eram quase completamente neutras, mas funcionava bem contra a simplicidade da mobília.

Finalmente ela nos levou para um quarto sem cama. A primeira coisa que notei era o belo pôr-do-sol que as enormes janelas emolduravam. O muro ocidental era quase que completamente feito de janelas grandes que abriam horizontalmente. Como a casa estava em uma pequena elevação, dava pra ver um vale no qual um pequeno riacho borbulhava. O efeito era maravilhoso. Mais importante, o quarto era composto por um sofá, estantes, e cômodas que iríamos mover depois de escurecer.

“É isso,” suspirei, enquanto olhava ao redor para os itens no quarto. Este quarto era decorado com cores mais escuras do que os outros, tudo muito masculino. Borgonha, marrom escuro, e ocre misturadas com madeira clara aqui.

“O que foi, querida?” Esme estava atrás de mim, parecendo confusa. Eu não tinha idéia de como, mas mudar a mobília desse quarto tinha tudo a ver com a nossa permanência aqui. Aquele futuro, nós de pé rodeados pelos móveis no sol da manhã, se repetiu em minha mente novamente. Como diabos eu deveria convencê-los de que precisávamos esvaziar esse quarto?

“Vi esse quarto em minhas visões,” eu disse, tentando encontrar um jeito de lhe dizer o impossível.

“Você viu o quarto de Edward? Por quê? É tão feio.” Rosalie parecia tão confusa quanto eu.

Eu não conseguia entender porque eu precisava mudar os móveis de Edward. Por que minhas visões estúpidas não vinham com instruções?

“Eu gosto do quarto,” disse Jasper sincero. “Tem uma bela vista.”

“Edward é solteiro,” Esme explicou, “e eu queria que ele tivesse acesso fácil à floresta. Ele fica… sobrecarregado às vezes por ficar perto de dois casais.”

Oh.

“Sua casa é simplesmente de tirar o fôlego, Esme, e especialmente este quarto. Você fez um maravilhoso trabalho com ele,” eu a elogiei. “As janelas são perfeitas, e o vale é surpreendente desta vista. Eu acho que é um quarto maravilhoso.”

“Obrigada, querida.” Esme sorriu.

O rosto de Rosalie foi de pensativo para inspirado. “Este podia ser o quarto deles,” ela disse com um intenso sorriso perverso. “Seria perfeito para eles!”

“Rosalie, não comece com Ed-”

“Não estou sendo má com Edward, estou sendo prática. Eles precisam de um quarto, e desde que são duas pessoas, não pode ser um quarto pequeno. Além de que, tudo o que o Edward faz aqui é ouvir sua música, e ele pode fazer isso em qualquer lugar.”

“E para onde ele iria, então? Eu não vou chutar o Edward para fora de seu quarto.”

“Não queremos ser um incômodo,” acrescentou Jasper. Ele estava olhando atentamente para Rosalie, e ele tinha um pouco de pânico no tom de sua voz, mas eu não tinha certeza do motivo. “Nós nem temos certeza que todos vão concordar em nos deixar ficar, então não tem necessidade de causar problema.”

“Não é incômodo, acredite em mim,” disse Rosalie com mais emoção do que era necessário. “Edward pode ficar na garagem até construirmos uma adição. Tem eletricidade, então ele pode tocar sua musica tão alto quanto ele quiser, e ele não pode reclamar sobre o barulho alto lá de fora. Além de que, só vai levar alguns dias até acrescentar outro quarto para ele. É o destino; Alice viu isso.” Ela parecia um gato que tinha pegado o rato.

Eu sabia que tudo isso era parte de seu rancor e da relação de ódio deles, mas nessa hora, eu não podia me importar menos. Rosalie era a minha pessoa favorita no mundo naquele momento.

“Realmente amei este quarto,” sorri para Esme. “Este cômodo tem tudo o que eu sempre quis. É perfeito para nós – quase como se você o fez pensando em nós. Se Edward não for ficar muito bravo, adoraríamos ficar com ele. Nós mesmos podemos mover os móveis.”

Esme parecia incerta sobre o plano, mas eu podia dizer que ela estava considerando. Ela odiava dizer ‘não’ para alguém.

“Sei que Carlisle não vai gostar disso, mas você mesma disse que os garotos vão recebê-los bem,” disse Rosalie com determinação.

“Se eles ficarem bravos, nós podemos mover tudo de volta,” eu persisti. A mão de Jasper se apertou ao redor da minha em um aviso que eu preferi ignorar. “Sei que estou pedindo muito, mas, por favor, Esme, este quarto é tão perfeito, e eu esperei tanto para estar aqui.” Eu totalmente estava choramingando. A mão de Jasper subiu, se fechou em meu braço e o apertou. Eu o lancei um olhar irritado e ele me encarou.

“De qualquer forma, ele não passa muito tempo aqui. O que ele pode fazer aqui que ele não pode fazer na garagem?” Rosalie me lançou um sorriso brilhante. Agora éramos irmãs em uma bizarra conspiração.

“Bem, eu estava planejando em dar à vocês o escritório, mas faz sentido dar para vocês dois um quarto maior. Se você realmente o amou tanto, acho que podemos esvaziar o quarto para limpá-lo e deixá-lo pronto. Desse jeito nós podemos pintá-lo antes de encomendar os móveis.” Esme parecia decidida, mas não feliz. Eu odiava pressioná-la desse jeito, mas nosso futuro dependia, por alguma razão inacreditável, de tirar esses móveis desse quarto.

“Eu não tenho certeza de que isso…” Jasper começou, mas Rosalie o interrompeu rapidamente.

“Vai ser perfeito. Confie em mim.” Ela o lançou um sorriso de tirar o fôlego, e alegremente agarrou duas pinturas cubistas da parede antes de sair saltitando do quarto.

“Rosalie, seja cuidadosa com esses.” Esme me lançou um sorriso apologético antes de ir atrás de sua filha.

“O que você está fazendo?” Jasper sibilou quando ela saiu.

“Na verdade não sei, mas nós precisamos ter esses móveis na garagem ou as coisas terminarão mal.”

“Você não pode estar falando sério.” Ele cruzou os braços e me encarou.

Pulei e o beijei no nariz. “Estou falando muito sério. Se não tirarmos os móveis de Edward daqui, haverá uma briga.”

Ele imediatamente ficou bravo. “Haverá uma briga? Você se esqueceu de mencionar a briga.”

“Só vai acontecer se nós não movermos todas essas coisas até as dez da manhã. Relaxe meu amor, isso vai ser do jeito que tem que ser,” sorri para ele e abracei seu corpo rígido.

Assim é como as coisas devem acontecer? Nós devemos enfurecer o filho mais velho de um líder de clã usador de mocassim?” Suas palavras transbordavam sarcasmo. Sorri alegremente e lhe passei uma mesa de canto. Ele permaneceu parado com seus olhos fechados, respirando profundamente por apenas um momento antes de marchar pelas escadas.

Depositamos nossas bagagens do lado de fora da garagem enquanto Rosalie e Carlisle se ocupavam em esvaziar o grande lugar. Esme já estava pendurando os dois quadros. E pela aparência do chão molhado, ela já tinha começado a limpeza.

“Você tem certeza sobre isso, Alice?” Carlisle perguntou depois de mover um carro. Ele ainda estava calmo, mas parecia estranhamente atormentado.

“Oh, sim,” eu disse com um sorriso radiante. “Isto é exatamente o que previ. Isso e fazer compras. Não se preocupe, nós vamos colocar Carlisle em sapatos adequados logo logo.”

“Você conhecia Rousseau?” Jasper perguntou, incrédulo. Seu tom me tirou de uma visão agradável de Esme e eu comprando móveis.

Estávamos parados em nosso novo quarto, agora vazio com exceção de nossa bagagem. Esme e eu ficamos conversando sobre o esquema de cores enquanto Jasper e Carlisle ficavam em um tensa, porém entediada, guarda de perto. O surpreendente anúncio de Carlisle veio depois de Esme perguntar sua opinião sobre as escolhas que tínhamos decidido. Ele tentou tirar o corpo fora oferecendo uma opinião ao comentar que ele era como seu “velho amigo, Rousseau” e preferiu um quarto branco, uma tabula rassa.

“Certamente. O continente Europeu estava vivo com novas idéias e pensamentos na época, e eu me imergi em aprender lá. Também conheci Kant, e estava presente na morte de Voltaire. Aqueles foram bons tempos,” Carlisle sorriu pela memória antes de olhar para Jasper. “Estou surpreso que você saiba sobre eles.”

“Meu pai era um advogado e meu avô era um clérigo. Acredito que ouvi sobre eles durante minha juventude.”

Carlisle olhou para ele. “É uma coisa difícil ter treinamento religioso como aquele e se tornar um de nós.”

“Sim, senhor, é,” Jasper concordou.

“Eu era o filho de um clérigo anglicano, nascido no inicio do século XVII, numa época em que os humanos viam o mundo mais claramente e acreditavam em coisas como vampiros. Infelizmente, também era época de um profundo fervor religioso e fanatismo. Meu pai era um homem duro, um dos fanáticos, e eu fui criado sob seus ideais rigorosos. Se tornar um vampiro não era parte de um daquele ideais.” Ele riu pela ironia óbvia.

Esme voltou para o lado de seu marido e lhe entregou uma amostra de cores que tínhamos criado usando seus lápis tom pastel.

“Eu acho que devíamos deixar vocês dois se acomodarem até Edward e Emmett retornarem,” ela disse com uma piscadela. “Você disse por volta das dez?”

Assenti e olhei para aquele futuro certo. Edward dirigiria pelas ruas com o teto do carro abaixado e com um olhar de dor em seu rosto enquanto Emmett gritava uma música qualquer. “Eu não posso esperar para descobrir que música Emmett está cantando,” eu ri. “Seja qual for, está deixando Edward louco.”

Carlisle e Esme apenas olharem para mim.

Carlisle balançou a cabeça, novamente maravilhado. “Isso vai levar um tempo para se acostumar.”

“Mas é uma coisa maravilhosa de ter por perto,” Esme disse com um sorriso. “Só para que você saiba, Emmett tem o hábito de deixar Edward louco. É um passatempo dele. Nos vemos pela manhã,” e com isso, eles viraram e saíram do quarto.

Olhei pela janela e vi que o sol estava começando a clarear a neblina ao redor da casa. Rosalie estava lá em baixo tocando piano distraidamente enquanto ela esperava pela manhã e pelo retorno de seu companheiro.

Tinha levado apenas alguns minutos para esvaziar o quarto de Edward, mas levou a maior parte da noite para deixar a garagem pronta para seu retorno. Esme não queria deixá-lo muito bravo, então todo o local foi limpo e pintado e então mobiliado assim como o seu quarto tinha sido. Rosalie agora estava alegremente esperando a chegada deles.

Me virei para o Jasper. Ele tinha ficado sozinho no quarto, com os braços cruzados e olhando para baixo. Ele parecia perdido. Eu fui até ele e o abracei. Seus braços me envolveram mas ele não me apertou.

“Me diga o que você está pensando, Jasper. Me dê seus sentimentos, meu amor.”

Ele ficou rígido e inflexível por um momento, e então, com um pequeno suspiro, suas próprias emoções fluíram em mim. Incerteza, frustração, raiva. Não, não apenas raiva, uma fúria terrível. Jasper era uma panela fervendo de emoções que se agitavam violentamente dentro dele. Ele estava com tanta dor, e ele tinha escondido isso de mim.

Meu peito doía em silêncio por ele.

“Estou poderosamente com raiva,” ele finalmente disse. Isso estava bem claro.

“Eu sei. Vamos lá fora comigo?” perguntei, esperando que colocar alguma distância entre a casa e nós pudesse deixá-lo relaxar. Meu companheiro estava machucado, e eu precisava acalmar isso de qualquer jeito.

“Sim,” ele parecia satisfeito com a sugestão.

Deslizamos pela silenciosa janela aberta e saltamos na névoa tênue. Eu só tive uma visão enquanto meus pés aterrissavam na grama abaixo, estávamos dirigindo para longe desta casa na luz fraca do amanhecer.

Meu coração morto congelou, e me perguntei se eu tinha de alguma forma perdido minha família.

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