segunda-feira, outubro 25, 2010

Coalescence - Capítulo 10: Antigos Aliados & Cachorros Molhados

[Jasper]

Eu nunca havia sido tocado como Alice me tocou. Permiti Maria me tocar por um total de 70 anos, e ainda assim seu corpo nunca incendiou minha pele como as pontas dos dedos de Alice faziam. Já no final, o toque de Maria me fazia sentir violado, como se ela estivesse me infectando com seu veneno cada vez que ela tentava. Reconheço que ela estava. Mas isso era totalmente diferente com Alice. Alice me trouxe de volta à vida, e minha pele formigava com energia sob seu toque suave. Minha pele ainda queimava por causa dele enquanto fazíamos nosso caminho pelos telhados da cidade de New York rumo à casa de Chi-Yang.

Minha mente e emoções eram uma bagunça sem sentido. Eu estava temendo esse encontro. Não importa o que eu fizesse agora, Alice estaria em perigo. Carlos e seu exército tinham o cheiro de Alice, e ele sabia que nós estávamos juntos. Isso agora teria que terminar em batalha, e eu precisava que os clãs de New York participassem. Mas as ultimas pessoas com as quais eu queria ficar em débito eram os vampiros de New York. Aliar-me com eles era colocar ambos em batalha constante, e eu odiava a idéia disso. Mas essa era a única maneira de protegê-la.

Eu tinha pavor de dever minha aliança à outro clã. Eu tinha finalmente fugido de Maria e encontrado uma certa paz interrompida apenas pela necessidade de alimentação e ocasionais brigas. Tinha encontrando minha liberdade, mas eu não poderia proteger Alice sozinho. De tudo que tinha acontecido, esse fato me fazia rosnar em fúria. A única coisa que eu queria fazer, eu não podia. Senti-me totalmente emasculado enquanto corríamos para ver Chi-Yang e Ivan, e eu não precisava me sentir menos homem enquanto os encontrava.

No meio das emoções e pensamentos rodopiantes, minha mente estava tentando formular um plano de defesa. Eu conhecia Carlos melhor do que qualquer outro oponente, e ele nunca viria à nós diretamente. Ele já conhecia os clãs, e provavelmente ele sabia onde todos eles viviam. E ele viria com um exército. As palavras de Alice correram por minha cabeça como um alerta. Ele nunca iria parar.

Nunca em minha vida eu tinha me sentido mais preso.

Alice podia sentir meus humores vascilando, e ela permitiu o espaço que eu precisava, mas seus olhares preocupados me diziam o quanto a distância lhe estava custando.

Pulamos para a casa de Chi-Yang e corremos para o seu portão. Alice tocou enquanto eu vigiava por qualquer movimento. Carlos teria espiões na cidade até mesmo agora, e mesmo que eu não conseguisse rastrear algum cheiro, eu não abaixaria minha guarda no momento.

Quase no mesmo instante que Alice tocou, nos deixaram entrar.

“Vasily e Lena estão à caminho. Você tem certeza sobre essa ameaça?” Perguntou Chi-Yang em meio às boas-vindas. Alice já tinha ligado para avisá-los.

“Absolutamente.” Eu disse secamente. “Os espiões que você matou antes que chegássemos vieram de Carlos. Ele tem vigiado vocês por meses, possivelmente por um ano. Ele não manda um exército a menos que esteja seguro de si mesmo. Eu já lutei contra ele várias vezes, e ele é um oponente de muito valor,” tentei transmitir nosso perigo tanto em palavras quanto emoções, mas Chi-Yang meramente sorriu em antecipação e nos guiou para o segundo andar. Eu segui, mas cada passo que tomei me arrastava mais perto de uma vida que eu não queria viver.

Mai-Li estava em pé parada próxima à um muito indiferente Ivan. Ondas de fúrias rolavam dele. Perfeito. Um líder de um clã está quase saltitando de alegria, e o outro está selvagemente furioso – que noite essa será, eu pensei amargamente. Escondi minha expressão, mas Alice, tão em sintonia comigo agora, notou a mudança em meu humor. Parecia que eu já não podia esconder minhas próprias emoções dela, o que era bem irritante. Seus dedos roçaram contra os meus, e ela me enviou uma poderosa mistura de confiança e amor.

Permaneci rígido e mandei um ar calmo. Os outros relaxaram apenas um pouco, e eu comecei nosso conto.

“Como vocês sabem, lutei no Sul pela maior parte da minha vida, até mesmo como humano. Lutei para uma criadora de exércitos de nome Maria. De todos seus oponentes, um chamado ‘Carlos a Barracuda’ era o mais letal. Acredito que vocês lutaram com ele ao menos uma vez antes, apesar de que vocês não saberiam. Ele não se junta às lutas ele mesmo.

“A Guerra dos clãs em 1926?” perguntou Mai-Li. Eu assenti.

“Nós fomos atacados em 1912 com um clã que usava táticas similares. Passamos por horror naquela Guerra,” disse Chi-Yang. “Ao invés de atacar abertamente, ambos exércitos usaram um esquema “dividir e conquistar” que quase nos destruiu na primeira vez.”

“Esse seria o estilo dele, e o ataque dele em vocês seria ao redor da época que ele parou de atacar Maria,” eu concordei. “Alice e eu quase fomos destruídos por um grupo de cinco que tem espionado a cidade. Eles são cinzas agora, mas foi uma batalha muito acirrada.” Meu tremor involuntário ocasionou que a mão de Alice se envolvesse apertado ao redor da minha. Olhei para ela, para ver seu rosto perdido na memória. Sorri e segurei firme sua mão em retorno.

Quão perto?” Ivan rosnou. Eu podia sentir a raiva de Ivan crescer enquanto ele observava essa conversa. Eu precisaria ficar de olho nele mais de perto. Eu não precisava lutar uma Guerra de duas frentes.

“Dois dos vampiros eu lutei antes. Eles me pegaram fora dos limites da cidade, e eu os guiei o mais longe possível daqui antes que eles me capturassem.” Eu não queria divulgar muita coisa, mas eles precisavam entender o perigo. “Fui ferido, mas nós dois fomos capazes de destruí-los. Por pouco.”

Mai-Li arfou. “Alice, você está bem?”

“Estou,” Alice disse, sorrindo, “mas o que Jasper está dizendo é verdade. Eu os vi chegando. Carlos odeia Jasper e acha que ele é parte de um dos clãs de New York. Destruímos dois de seus exércitos e seu filho. Ele quer vingança.”

“Cinco lutadores. Pensem sobre isso,” eu persuadi. “Essa quantidade de vampiros é um grupo de ataque preliminar, com intenção de perseguir e matar vampiros membros dos clãs que estão sozinhos.”

Mai-Li arfou novamente e sussurrou vários nomes. Alice estremeceu ao meu lado. Ela tinha visto amigos morrerem dessa forma, e entendia o perigo.

“Carlos não quer apenas New York. Ele quer destruir aqueles que o fizeram dano. Todos nós estamos nessa lista. Alice matou seu filho na ultima Guerra de clãs, e eu matei sua parceira.” E ele tem ambos nossos cheiros, eu gemi internamente.

As emoções de Ivan imediatamente mudaram de rumo. Ele finalmente estava ciente do perigo, e como qualquer bom guerreiro, ele estava disposto a colocar de lado seu perigo – por agora. Afinal, “O inimigo de meu inimigo é meu amigo.” Era a única verdade de todas as relações de vampiros.

“Precisaremos saber de suas táticas,” disse Chi-Yang, gesticulando para mim.

“Ficarei feliz em compartilhar tudo que sei. Alice está tentando ver quando e onde eles irão atacar.” A sobrancelha de Chi-Yang se levantou, mas ele não disse nada. “No entanto, precisaremos desenvolver um plano de defesa até a manhã, ou poderá ser tarde demais.”

“Então estamos enfrentando um estrategista poderoso que comanda um grande exército que tem vantagem tática e que está fixado em nossa total destruição?” Ivan perguntou, coçando seu queixo em pensamento.

Assenti. “Praticamente é isso.”

O enorme ursinho de pelúcia me atirou um sorriso de criança. “Ótimo. Do jeito que eu gosto,” ele riu.

“Nevski. Que tal Nevski de Novgorod? Suas estratégias o permitiram confrontar forças maiores, até mesmo o exército Mongólio, usando seu conhecimento sobre as terras para seu benefício.” Vasily disse excitadamente.

“Não estou ciente desse Nevski,” eu disse com precaução. Enquanto fomos capazes de passar por estratégica básica, os outros três homens no lugar pareciam ter genuínos desejos de morte quando o assunto era batalha. A resposta deles para os diversos métodos de Carlos eram simplesmente esperar até que ele atacasse, e então lutar. Simples e estúpido. Como eles sobreviveram por todo esse tempo estava além de mim.

“Ele foi o maior líder da cidade de Novgorod, e ele é o único que derrotou o exército Mongólio,” respondeu Lena com olhos brilhantes.

“Tecnicamente não foi uma derrota, apenas um problema,” argumentou Chi-Yang. Como um membro do império mongólio, ele não iria aceitar a palavra “derrota” de ninguém.

“Ele venceu e você sabe,” cuspiu Ivan com uma pontada com seu grosso dedo indicador.

Apenas me diga o que ele fez,” eu interrompi com um suspiro, esperando evitar outra discussão.

“Ele usou o mapa da terra para sua vantagem. Ele levou a batalha para a área que ele escolheu usando armadilhas bem posicionadas, e então ele deixou os elementos naturais trabalharem em seu favor. Ele derrotou 3 grandes exércitos dessa maneira, e manteve a cidade de Novgorod segura,” disse Ivan, encarando Chi-Yang.

“Ele ainda pagou tributos para nós,” resmungou Chi-Yang.

“Sim, mas a cidade nunca foi para vocês,” sibilou Vasily.

“Vocês podem parar com isso? Precisamos trabalhar juntos aqui. Carlos queria dividir e conquistar, se lembram? Realmente não deveríamos ajudá-lo com isso.” Alice estava frustrada. Ela era tão fofa quando estava frustrada, mesmo que eu fosse esperto o suficiente para não falar isso para ela.

“Então, ele usou uma estratégia falsa para levar os inimigos para a batalha onde ele sabia que tinha a vantagem?” Eu perguntei.

“Ele trapaceou,” disse Chi-Yang.

“Você apenas está bravo porque ele prendeu seu exército na lama.”

“Isso é trapacear.”

“Não,” eu disse com o máximo de autoridade que conseguia apresentar, “isso é boa estratégia.”

Lena entrou no meio do bate-boca masculino, colocando seu corpo entre o mongólio e os russos. “Nevski destruiu o exército do norte enquanto eles estavam no rio Neva porque ele sabia que se eles chegassem em terra firme, eles perderiam a batalha. Ele lutou contra o exército Teutônico atraíndo-os para um lago finamente congelado que aparentava ser terra. Os guerreiros usavam armadilha de metal e caíram na água e se afogaram. Ele nunca lutou contra o exército mongólio diretamente, mas ele conseguiu prender os cavalos deles em um pântano, então assim eles estavam em uma posição muito menos ameaçadora quando ele negociou com eles. Parem já, vocês três!” Enquanto ela falava, os três homens andavam de lá para cá, encarando um ao outro.

“Estou surpreso que ele não tenha terminado sendo um de nós,” disse Mai-li, pensando em voz alta.

“Ele era respeitado demais,” suspirou um derrotado Chi-Yang. “E muito temido.”

“Se nós pudéssemos levá-los para um lugar de nossa escolha, poderíamos ganhar novamente a vantagem tática. Você tem algum mapa de New York?” Perguntei para Chi-Yang.

“Antigos sim,” ele deu de ombros.

“Eles devem servir. Carlos enviará grupos de busca contra nós primeiramente, então precisamos aparentar divididos mas estarmos unidos. Dessa forma, podemos atrair os pequenos grupos de busca para nossa locação escolhida, e destruí-los,” eu disse.

“Mas eles já sabem onde vivemos. Se ele teve sucesso com seus espiões, ele saberá de tudo,” protestou Mai-Li.

“Por isso que usaremos a cidade para nossa vantagem, e apenas fingimos estarmos divididos. Se todos nos escondermos em uma casa e esse clã fingir seguir com suas vidas, podemos atraí-los para um lugar de nossa escolha e destruí-los juntos.” Não consegui evitar de sorrir. Isso realmente pode funcionar.

“Eu só estou ficando na casa de outra pessoa se pudermos trazer nossos jogos,” resmungou Ivan.

“E nossa televisão,” choramingou Vasily.

* * *

“Não importa quanta pressão você coloca nisso, ela não vai apertar mais sem explodir.” Minha voz estava cheia de sarcasmo, mas ela merecia.

Alice soltou um suspiro exasperado e deixou a frente da mala quicar. Roupas estavam espalhadas e amontoadas em pilhas na cama.

“Eu sei. Apenas não quero ser pega despreparada,” ela disse enquanto removia as restantes roupas e tentava pela sexta vez diminuir o guarda-roupa que ela queria levar.

“Despreparada? Você precisa de roupas apropriadas para batalha?” Eu perguntei enquanto um largo sorriso aparecia por meu rosto.

Ela olhou irritadamente para cima. “Sim, falando a verdade sim,” ela cuspiu. Ri dela. Porcaria! Ela era tão fofa quando estava furiosa.

“Saias de seda, sapatos de salto alto, e suéteres de cashmere são bons para lutar?”

“Eles são a minha escolha favorita de roupa para lutar, sim,” ela me cortou.

Eu ri mais alto. Eu podia rir, claro, porque minhas peças couberam bem organizadas em uma mochila e uma grande mala que Alice tinha me dado. Suas roupas, no entanto, lotaram duas malas e várias caixas. As duas malas que ela queria levar para a casa não foram grandes o suficiente para caber as peças que ela queria levar. Suas roupas de caça estavam em sua mochila lotada.

“Ok,” ela sibilou enquanto tirava dois vestidos e os colocava na caixa aberta. Nós estávamos enviando essas para sua casa em New Hampshire.

“Agora a caixa que não fecha,” eu indiquei. Ela rosnou para mim. Olhei para seu rosto zangado e sorri novamente. De repente, ela andou para o espelho, deu uma longa olhada, e então bateu seu pé em frustração. Seu rosto se tornou ainda mais como o de uma criança.

“Por que você fez aquilo?” Eu perguntei, surpreso.

“Eu queria ver se realmente sou fofa quando estou zangada.”

“E?”

“Por que eu sempre tenho que parecer com uma criança? Eu não poderia parecer um adulto ao menos quando estou zangada? Supostamente eu devo ser como filha do Satã, uma morta-viva! Mas não, eu fico presa em parecer fofa quando estou furiosa.” Percebi que ela não estava falando comigo enquanto ela andava de lá para cá em frustração. Decidi não me intrometer em sua conversa com os céus.

Ela caiu de novo na cama e esfregou seus olhos. “Desculpe,” ela disse com um melancólico olhar para mim. Dei de ombros.

“Gosto que você pareça fofa quando está brava, se bem que faz ser difícil ficar bravo em resposta.” Quem eu estava querendo enganar? Eu não podia ficar zangado com ela.

“Obrigada,” ela disse secamente. Eu a levantei, e fui para a impecável sala de estar para sentar com ela no sofá.

Estávamos nos mudando, ou ao menos ela estava. Tínhamos menos de uma semana para nos organizarmos para os primeiros ataques que Alice viu, e eu queria estar completamente preparado. Noite passada foi lua cheia, e os primeiros ataques aconteceriam quando a lua estivesse em um quarto. Isso nos deu, no máximo, dois dias para tomar conta de tudo. Além de mudar de seu apartamento e enviar suas adoráveis coisas, Alice tem passado a maior parte de seu tempo desesperada tentando ver Carlos e seu exército. Ela tem sido apenas parcialmente de sucesso, e sua frustração e raiva não eram direcionadas à mim.

Ela se aconchegou em mim no momento que nos sentamos, e eu tomei um abençoado momento para apenas estar com ela. Nada em 80 anos podia se comparar com o prazer de estar com Alice.

“Você realmente não quer ficar aqui, não é?” Ela perguntou depois de vários minutos.

“Se por aqui você quer dizer preso em uma cidade enquanto esperamos sermos atacados por um assassino sarcástico, então não.”

“Sim, foi isso que eu quis dizer por aqui,” ela falou. “Você realmente acredita que não existem bons clãs?”

“Não,” eu disse com finalidade. “Eu sei de alguns clãs que são benignos, mas nenhum é seguro, especialmente os maiores. Somos competitivos demais, sem piedade demais. Eu tenho apenas outro vampiro no qual confio, e seu clã não é exatamente um bondoso.”

“Peter,” ela disse com segurança. Eu tinha me esquecido do quanto ela sabia.

“Sim, Peter e Charlotte. Ele é um bom homem, ou ao menos era. Ele era o melhor vampiro que eu conhecia, isso com certeza. Não posso compreender porque ele voltou por mim, e realmente não sei se eu teria feito o mesmo por ele. No entanto, Peter seria tão assassino quanto qualquer outro de nossa espécie caso a necessidade aparecesse.”

“Mas você está disposto a lutar por New York?”

“Estou disposto a lutar com eles já que é a única forma de proteger você e nos salvar. Eu farei qualquer coisa para te proteger,” sussurrei enquanto a segurava mais apertado. Fiz uma careta ao pensar em meus novos aliados. Eles eram decentes vampiros, e eles eram muito apegados à Alice, mas havia algo que eles não estavam nos contando. Eu podia sentir suas ambições e satisfação agora que Alice tinha retornado.

“Qualquer coisa? Até mesmo me atirar contra uma parede de pedra?” Ela perguntou, soando um pouco machucada. A imagem de seu corpo voando na parede de pedra iria para sempre me perfurar com dor. Ela acha que eu teria feito aquilo por qualquer outra razão?”

“Amada,” comecei, minha voz era um gentil suspiro, “quase me despedaçou te atirar contra aquela parede, mas foi a única forma de te salvar. Eu tinha que te tirar de perto deles, e precisava que eles pensassem que éramos inimigos. Eu fugi para levá-los para longe de você. Aquilo foi tudo para te salvar. Tudo é para te salvar.” Ela se aconchegou contra mim.

“Você está lutando ao lado de Ivan e Chi-Yang para me salvar também, não está?”

“É a única forma,” eu disse firmemente.

“Mas você não quer estar aqui, certo?” Ela insistiu.

“Não, não quero. Quero estar em algum lugar no qual eu não tenha que lutar constantemente. Eu quero estar em algum lugar sozinho com você. Quero que você esteja segura, mas eu não posso mantê-la segura sozinho. Ao menos, você está protegida. Eles gostam de você de verdade e não querem que você vá embora. Na verdade, acredito que eles querem que você os lidere como Paul fazia.” Ouvi ela arfar.

“Isso é lógico. Você é o mais talentoso de todos eles, e haverão mais ataques depois de Carlos, eu garanto. New York pode ser o melhor lugar para você.”

“Não,” ela disse enquanto balançava sua cabeça. “Não. Eu não quero liderá-los. Eles são meus amigos, mas não liderarei um clã. Eu não quero isso.”

“O que você quer, amada?” Perguntei em seu cabelo, respirando seu intoxicante aroma.

“Quero viver e te amar em paz. Quero ser livre para celebrar a vida. Me disseram uma vez que esse é meu talento, viver e celebrar vida, e eu quero usar esse talento. Sou uma boa lutadora, mas não uma boa vampira. Eu nem me alimento de humanos… Não quero ser atraída de volta para esse mundo de morte.”

“Enquanto você estiver comigo, sempre seremos atraídos de volta para a morte. Até mesmo minhas cicatrizes ocasionam brigas. Se nós não matarmos Carlos nessa batalha, ele continuará voltando por nós. Se nós o matarmos, existirão outros. Muitos outros. Você não pode ficar e proteger New York e viver em paz. Você não pode proteger qualquer clã e viver em paz.

Ela ficou em silêncio em meus braços, mas suas emoções rugiram através dela em uma bagunça completa de antecipação, ansiedade, e temor.

“Você vai ter que me contar uma hora,” eu finalmente ri. Ela soltou um pequeno bufar.

“Sabe, seu talento é incrível, mas também está ficando um pouquinho irritante.”

Ri novamente. “Não é tão intrusivo assim. Não é como se eu lesse mentes ou algo.”

Ela soltou uma forte e até histérica risada. “Sim, isso seria terrível,” ela adicionou com outro risinho. Eu não conseguia imaginar porque essa afirmação era tão engraçada.

“Então, você irá me dizer?” Minha curiosidade cresceu com seu comportamento estranho.

“Jasper, você se lembra quando te falei sobre um lugar seguro que eu conheço?” Ela perguntou com uma hesitante voz.

“Sim,” eu respondi, tão hesitantemente quanto ela.

“É com outro clã, mais ou menos. Eles não são realmente um clã, mais como família. Existem cinco deles. Cinco. Um pai que os criou, uma mãe, três crianças que – “

“Ele transformou crianças?” Minha voz levou consigo cada grama de horror que eu sentia. Crianças imortais era o único pecado imperdoável no mundo vampírico.

“Não, eles eram jovens adultos como nós quando foram transformados; eles apenas agem como crianças. Crianças muito altas e letais.” A boca dela se virou em um sorriso com aquela afirmação.

“Você os viu em suas visões?”

Ela mordeu seu lábio e assentiu. O olhar de ansiedade em seu adorável rosto me recordou de uma criança no colo do papai Noel. Novamente, eu não me atrevia a dizer isso à ela.

“Como você sabe que ele não está criando um exército, Alice?” Eu tentei perguntar isso calmamente, mas minha natureza desconfiada fez as palavras parecerem duras.

“Eu os tenho visto quase por tanto tempo quanto eu tenho visto você,” ela deu de ombros. “Esses são aqueles que comem animais como eu. Eles são boas pessoas, não apenas um bom clã. Ele vivem e riem juntos. O nome do criador é Carlisle, e ele é um médico.”

Ela estava tão em fervorosa, como se todo o mundo dependesse em eu entender a possível idéia que nossa espécie podia viver como uma pacífica família. No entanto, em todos os meus anos, eu nunca, nunca, encontrei um clã bondoso. Isso não estava em nossa natureza, e não era uma possibilidade. Ainda assim, olhei nos olhos de Alice, eu não podia negar que o que eu assumia que era nossa natureza era totalmente desconhecido para o pequeno anjo ao meu lado.

Então suas palavras fervorosas foram absorvidas.

“Espere, você disse um médico? Como isso é possível?” Eu arfei. Seu eu não tivesse aprendido a confiar em Alice, eu teria me preocupado sobre sua sanidade.

“É verdade – Eu o vi trabalhar algumas vezes. Pense nisso, Jasper! Um vampiro trabalhando como um médico. Isso não prova algo de sua bondade?”

“Talvez. Tenho que admitir, é brilhante – é o disfarce perfeito,” ponderei. Eu nunca fui capaz de estar perto de humanos sangrando, mas se eu pudesse suportar o cheiro, um hospital seria o lugar perfeito para se alimentar.

Não é o disfarce dele. Todos eles tem olhos com os meus,” ela cuspiu. Suas mãos estavam em seu quadril, e seu queixo levantado por ela estar irritada. Lutei contra um sorriso.

“E o resto deles? Todos eles são bondosos assim?” Eu perguntei.

De repente, ela estava animada e seus olhos brilharam. Esperança transbordou dela.

“Edward foi o primeiro filho de Carlisle, mas ele parou de ser bom por um tempo. Agora ele está de volta, e ele vai para a escola. Esme foi a segunda, e ela se tornou a parceira de Carlisle. Ela sempre está trabalhando em sua casa ou em suas flores. Rosalie foi a terceira e Emmett o quarto, e eles se tornaram parceiros também. Eles vivem juntos e amam uns aos outros,” ela terminou atentamente.

“Eles parecem perfeitos,” eu disse cauteloso, sem certeza do que pensar sobre esse estranho grupo de vampiros. Eles pareciam maricas. Eu não podia imaginar qualquer vampiro fazendo qualquer uma dessas coisas que ela mencionou.

“De fato, eles parecem bons demais. Nenhum deles age como vampiros?”

“Apenas no sentido de que eles estão sempre atrasados na época. Sério, eles se vestem horrivelmente! Eles tentam se encaixar, mas eles estão ao menos 5 anos atrás na moda. É como se eles nem se importassem.”

Ela olhou para mim com olhos arregalados e uma cara muto séria. Tomou todos meus 80 anos de treinamento para segurar a risada que estava crescendo com uma intensidade explosiva dentro de mim.

“Você quer me dizer que a única semelhança que eles possuem com outros de nossa espécie é um senso ruim de moda? Você vê isso um traço vampírico?” Minha voz tremeu com o esforço de segurar o humor que estava tão evidente na situação.

“Isso não é o suficiente?”

Foi a gota dágua. Eu não podia mais segurar. No momento que a risada começou, ela pulou do sofá e me deu um tapa do braço, mas eu não podia parar. Para ela, a pior parte desse clã de desajustados não era que eles eram uma abominação como o resto de nós, mas sim que eles se vestiam mal para isso.

“Jasper!” Ela gritou com uma batida de seu pé. A batida do pé no chão me pegou de novo, e uma fresca onda de risadas me fez ganhar outro tapa.

“Desculpe… Eu… sinto… muito,” arfei, tentando falar as palavras entre soluços. Levantei minhas mãos em sinal de derrota.

“Você apenas não sabe o quão estranho é ter um enorme clã descrito dessa forma. A única tendência vampírica é que eles tem um senso fashion ruim? Você tem idéia do quanto maluco isso é?”

“Você não estava exatamente bem vestido quando eu te encontrei,” ela disse em um bufo enquanto cruzava seus braços. Nessa ela me pegou.

“Essas pessoas são importantes para você, não são?” Perguntei enquanto minhas risadas paravam.

“Eles me ensinaram mais sobre viver essa vida do que qualquer outra pessoa. Não me lembro de alguma vez ter uma família, a de Carlisle sempre pareceu a família que eu deveria ter. Eu sei que soa estranho, mas eles são seguros e felizes. Você não preferiria ficar com um clã seguro e feliz?”

“Eu preferiria ficar com nenhum clã. No entanto, se você insiste que eles são bons, então acredito em você.” Ela queria que eu fosse encontrá-los com ela. Entendi o que os sentimentos divididos que ela tinha antes significavam. Ela queria que eu a acompanhasse e encontrasse o clã deles. O único problema com isso era que se eu fosse me juntar à qualquer clã, não seria um cheio de vampiros maricas que cuidam de jardins. Não. Se fossemos nos juntar à um, ele precisava ser um forte com lutadores veteranos como os de New York. Ao menos eles podiam se defender.

“Você ainda não quer conhecê-los, né?” Ela disse tristemente.

“Não, amada. Eu quero você segura.”

“Eles são seguros,” ela disse, me interpretando mal. “O líder desse clã usa sapatos mocassim e suéteres de lã pelo amor de Deus.”

Esse era exatamente o meu ponto.

Eu assisti a linda e graciosa forma de Alice ficar totalmente ereta. Ela parecia por tudo como uma infantil fada sem asas, parada em meio as árvores. Havia algo poderosamente fascinante sobre ela aqui no estado selvagem, e meus olhos continuavam a passear em meio às sutis curvas de seu corpo enquanto ela se preparava para caçar.

Eu sabia que ela estava apenas parcialmente ciente de mim. Seus olhos iriam perder o foco por breve momentos enquanto sua mente procurava sua presa. Eu estava ansioso para ver essa caçada, e eu estava contente com a desculpa para olhar o corpo de minha companheira tão intensamente. Em qualquer outra situação, o foco que eu estava dando à ela teria sido inapropriado. Claro, meu corpo estava mais que disposto para focar nela não importa onde estivéssemos, um recente acontecimento que segurava uma doce promessa para o futuro.

Eu estava tão ocupado olhando para seu corpo estável, que não notei os olhos pretos me encarando até que ela limpou sua garganta. Meus olhos estalaram de volta para seu rosto. Eu não podia dizer sobre sua feição, ou de suas emoções, se ela estava aborrecida ou não, mas o pequeno curvar de sua boca indicou que ela estava gostando de ser assistida tão intensamente.

“Você está me deixando nervosa,” ela brincou com outra curva de sua boca. “Eu nunca cacei com outra pessoa, e isso é um tanto distrativo.” Seu olhos suavemente correram ao longo do meu corpo, e então ela olhou para longe. Se nós tivéssemos mais tempo, eu teria ido à ela para testar o novo interesse do meu corpo nela. Eu não sabia se meu estado emocional estava preparado para ter Alice como minha parceira inteiramente, mas meu corpo estava me dizendo em termos incertos que estava. Meus dedos formigaram com a necessidade de sua pele.

Logo antes que eu pude agir em meus desejos, ela de repente saltou para frente e começou sua rápida corrida. Deixei um palavrão voar enquanto eu a seguia. Por que meu corpo e minha mente escolheram este lugar para chegar a um acordo? Isso era enfurecedor.

Ela correu por um tempo, indo mais fundo na floresta e ganhando altitude, até que ela de repente se jogou para frente nos braços de um urso preto. Eu tive que parar a mim mesmo de ir ajudá-la. Mesmo que eu estivesse inteiramente ciente de sua indestrutibilidade, eu não podia evitar o sentimento de pânico de vê-la altar para os braços de um predador.

Claro, em segundos, o urso estava no chão, inconsciente pela perda de sangue. Meu estômago se contraia e se apertava enquanto eu a via comer. Não porque isso era perturbador; não, isso era muito mais fácil de assistir e encarar do que caçar um humano. Na verdade, a completa falta de emoções era um incrível alívio. A leve sensação de enjôo, que era nova para mim, veio de uma barganha que eu havia feito com Alice. Se eu tentasse caçar com ela, e experimentar sua comida, ela não pediria para comer fora da cidade novamente até que fosse seguro. E essa era a hora de cumprir com a minha parte da promessa. Engoli em seco e tentei parecer indiferente, mas Alice apenas riu quando ela saltou e olhou para mim.

“Não é tão ruim assim,” ela disse, rolando seus olhos, “e a caça é divertida.”

Cheirei o animal morto e engoli seco novamente.

“Isso fede. Como você agüenta o cheiro dessa coisa?” O forte odor não era atraente. O único cheiro agradável veio do sangue escorrendo no corte no pescoço do urso. Eu me curvei para frente, e lambi.

“Isso não tem gosto,” eu disse categoricamente. “Como você pode comer quando não tem gosto?”

“Tem gosto de sangue, e você sabe disso. Além disso, você prometeu,” ela bufou para mim.

Eu tinha prometido. Eu estava agora me arrependendo dessa promessa mais e mais. Eu tinha esperança que tentar um predador seria pelo menos similar à comer um humano, mas nada do sangue desta criatura me atraia. Eu vivi pelo gosto do sangue por oitenta anos. Era minha única fonte de prazer e felicidade. A pequena esperança que eu tinha de finalmente viver em paz comigo mesmo estava indo embora rapidamente com cada respiração enquanto eu continuava a cheirar a coisa vil, morta em meus pés.

“Oh, pelo amor de Deus, Jasper! Não é tão ruim assim.”

“Você cheirou essa coisa? Como isso pode não ser ruim?”

“Você tem sido um soldado por setenta anos, e você está com medo disso?” Ela balançou uma pata para mim. “Você não está nem um pouco curioso?”

“Não. Nunca fui.”

“Frango.” Ela estava tentando me provocar. Suas palavras não me tentaram; seus olhos sim. Por trás da leve provocação, os olhos de Alice esmaeceram em tristeza. Eu olhei para ela, reforçando minha decisão, e sorri.

“Então, onde está minha refeição?”

Ela ergueu um pequeno dedo, e deixou seus olhos saírem de foco. Ela se mexeu uma vez, e seus olhos voltaram para mim, analisando minha presença.

“Estou te incomodando?” Eu perguntei, me divertindo. Felizmente, Alice estava tendo os mesmos problemas com foco que eu estava.

“Na verdade está. Eu não estou acostumada a ter uma audiência. Se você tirasse esse olhar de seu rosto, seria mais fácil,” ela cortou.

Eu tentei, mas quando vi sua carranca para mim, eu gargalhei. Ela bufou para mim, então me virei enquanto ela procurava o que eu seria forçado a caçar.

Senti quando ela veio para mim, e ela deu um rápido pio de prazer e bateu suas mãos.

“Lobos!” Ela disse iluminadamente. “Bem, pelo menos, a maioria são lobos. Muitos deles cruzaram com cães agora, mas o sangue tem o mesmo gosto. Me siga.”

Nós seguimos para o norte, até que peguei um inconfundível cheiro de cachorro. Cachorro molhado. Meu estômago deu outra cambalhota enquanto eu me endurecia, e combinava com seu ritmo para ir para a matança. Nós estávamos neles antes de eu estar preparado.

Normalmente, eu não penso quando mato. Eu fico focado somente no esmagador prazer do sangue e na necessidade de bloquear os sentimentos de minha presa. Mas dessa vez, eu tinha que ficar na caça. Os lobos nos sentiram e começaram uma rápida corrida para escapar. Eu nunca tive que correr atrás de minha presa, e isso, pelo menos, era prazeiroso. Meus instintos de caçador acharam meu alvo, e eu pulei por ele, meus dentes achando sua lugar enquanto meus braços se envolviam em volta do torso. O velho lobo lutou em vão por um momento, e então caiu mole em meus braços. Seu sangue quente me encheu, mas isso era tudo. Não havia uma invasão de intenso prazer, nenhuma alegria intensa no sabor e no sentimento, nenhum clímax. Eu estava alimentado, mas não em êxtase.

Eu também não estava em dor.

Olhei para o corpo molhado e fedido no chão e imaginei se a barganha havia valido isso. Imaginei se havia alguma maneira de eu um dia ver um animal como uma boa substituição para a pura indulgência que é o sangue humano.

Então eu vi o sorriso brilhante de Alice, e imaginei se havia alguma maneira de não ser.

“Dourado é uma boa cor para seus olhos,” ela disse em triunfo.

“Isso aconteceu tão rápido?” Eu perguntei surpreendido. Ela assentiu.

“Eu não lembro que cor eram meus olhos,” eu disse calmamente. Eu tenho sido um vampiro por tanto tempo que nas poucas embaçadas memórias como sendo humano, eu tinha olhos avermelhados. As ramificações desse fato me atingiram, e sentei pesadamente no chão. Eu tinha até perdido as memórias de minha humanidade para encarnar o mal de minha existência. O corpo de Alice se pressionou ao meu lado, se moldando a mim. Sua mão achou a minha, e ela propositalmente me mandou conforto.

“Eu não sei se posso fazer isso,” eu disse, sem olhar para ela. “Minha barriga está cheia, mas a sede permanece. Eu não sinto… satisfação. É como se eu não tivesse comido de forma nenhuma. Tenho vivido por sangue, pelo incrível prazer que ele proporciona, por muito tempo. Eu não sei se eu posso fazer isso,” gemi miseravelmente. Alice se moveu para sentar na minha frente, empoleirada em minha perna estendida.

“A sede não vai embora, não como acontece com sangue humano. Eu apenas aguento a dor da queimação para evitar a dor da morte. Mesmo que eu escorregue, no entanto. Eu odeio quando deslizo,” ela olhou para baixo, e eu pude sentir o profundo remorso atrás de suas palavras.

“Mas isso fica mais fácil com a prática. Isso tomará um tempo, mas por favor Jasper, por favor, não desista. Você comeu, e isso não te causou dor. Não é alguma coisa?” Seus olhos estavam enormemente tristes enquanto ela olhava para mim. Ela tinha esperança, como eu tinha, que isso de alguma forma magicalmente funcionaria. Eu a abracei forte, e e amaldiçoei nosso curto tempo novamente. O amanhecer estava chegando, e nós precisávamos voltar. E me atingiu que, pela primeira vez em oitenta anos, eu seria capaz de perambular livremente entre os humanos nesse dia nublado. Em resposta para minha nova liberdade, o vampiro dentro de mim rosnou com antecipação. Ele não tinha sido convencido de maneira nenhuma.

“Eu não vou desistir. Prometo,” eu disse, embora as palavras se sentissem falsas e ocas enquanto elas caiam de minha boca. Passei meus braços ao redor dela, em uma tentaviva de me ancorar à simples coisa boa que era Alice. Mas parecia que essa bondade, a coisa que eu ansiava em pegar para mim, ficava além de meu alcance.


[Alice]

Se Jasper tivesse sido um pouco mais intenso em seu olhar, eu teria jurado que ele era capaz de ver através de minhas roupas. Seus olhos percorreram de cima a baixo meu corpo, não olhando para meus olhos até que decidi que ele precisava olhar para outro lugar. Eu deveria ter ficado brava pela sua óbvia atenção ao meu corpo, mas ao invés de me fazer ficar brava, isso me deixou excitada.

Limpei minha garganta audivelmente, e seus olhos dispararam para cima em meu rosto.

“Você está me deixando nervosa,” eu reclamei enquanto tentava não sorrir. “Eu nunca cacei com alguém, e isso é bastante distrativo.” Ele não respondeu, mas continuou a me olhar com uma estranha intensidade. Voltei a procurar o futuro quando uma rápida visão de um urso preto passou pela minha mente. Eu estava correndo instantaneamente. Eu nunca tinha caçado com ninguém antes, e o sentimento de estar sendo seguido era enervante, mesmo que eu soubesse quem era. Apenas tomou poucos minutos para eu pegaro urso, e então com poucos movimentos rápidos, o jantar estava servido.

Eu bebi profundamente, aproveitando o quente sabor sangue dele, e então um som de engolir me trouxe de volta de meus devaneios. Olhei por cima do animal quase drenado para ver Jasper parado por perto, cheirando o urso e parecendo enojado. Eu não sabia que vampiros podiam ficar verdes.

“Não é assim tão ruim,” eu disse rolando os olhos, “e a caçada é divertida.”

Ele cheirou o urso, parecendo mais verde que antes, e engoliu em seco.

“Isso fede. Como você agüenta o cheiro daquela coisa?” Antes de eu poder responder, ele se curvou e lambeu sangue do pescoço do urso.

“Isso não tem gosto. Como você pode comer quando isso não tem gosto?” Ele parecia positivamente enojado.

“Tem gosto de sangue, e você sabe disso. Além do mais, você prometeu,” eu lembrei à ele.

Ele não se moveu ou mudou de expressão. “Oh, pelo amor de Deus, Jasper! Não é tão ruim assim.”

Ele respirou profundamente mais uma vez e olhou para mim com uma cara incrédula. “Você cheirou essa coisa? Como isso não pode ser ruim?”

“Você tem sido um soldado por setenta anos, e você tem medo disso?” Eu provoquei enquanto eu levantava a pata da fera morta. “Você não está pelo menos curioso?”

“Não. Nunca fui.”

“Frango.” Eu cintilei meus olhos para ele e o desafiei a caçar.

Ele engoliu em seco e mordeu a isca. “Onde está minha refeição?”

Eu tentei ver minha próxima refeição, chamando as visões para me mostrarem. Normalmente quando caço, eu me foco apenas nos cheiros e nos movimentos ao meu redor, e posso facilmente achar minha presa. Então eu simplesmente me tornava o caçador.

Hoje, porém, meus focos e instintos estavam no homem alto que estava por perto, me assistindo com um olhar de nojo curioso em seu rosto. Era mais nojo do que curiosidade. Eu suspirei.

“Estou te incomodando?” Sua voz era presunçosa.

“Na verdade está. Não estou acostumada a ter uma audiência.” Eu sabia que eu deveria apenas ter caçado no zoológico. “Se você tirasse esse olhar de sua cara, seria mais fácil.”

Ele mudou e fez seu rosto em uma máscara de emoção. Então ele riu.

Deixei sair um exasperado e irritado bufo de ar, e então voltei para focar minha mente em achar nossa presa. Decidimos que eu ia caçar antes de nos juntar aos outros então isso estaria fora do caminho, e ele tinha prometido provar um animal. Eu esperava fazer Jasper apreciar o quão divertido e fácil era caçar animais, mas não estava funcionando tão bem até agora. Jasper continuava desgostosamente distante. A presa que finalmente veio em minha mente me deu um surto de alegria. Lobos. Eles eram deliciosos.

“Eu não vou desistir. Prometo.” Mas eu sabia que ele já havia desistido. Tentei não deixar a frustração que eu senti me superar. Eu não queria mandar isso para Jasper, não com o desapontamento tão claramente escrito em seu perfeito rosto. Quando seus braços me cercaram, foquei somente no orgulho que eu ainda sentia. Na verdade, ele nunca caçou assim, e eu estava apenas feliz que ele estava disposto ao menos provar sangue de animal. Entretanto, eu não podia negar o desapontamento que sentia. Era ridículo ter esperança que isso do nada funcionaria para ele. Eu havia passado um inverno inteiro sozinha, e isso me tomou todo o tempo para me acostumar com a plenitude que o sangue de animal trazia. Mesmo em seus braços, a mera menção da comparação entre o sangue sem gosto e sem graça que acabei de tomar e o gosto rico e quase erótico de sangue humano fez minha boca encher de veneno. Eu sabia que ele comeria novamente quando voltássemos para a cidade. Ele simplesmente teria que fazer isso. Refoquei minha mente em quão orgulhosa eu estava dele, e fui recompensada com uma rápida, mas nebulosa visão de nós caçando nas montanhas juntos. Pelo menos isso é possível agora, e isso teria que ser suficiente.

Talvez Carlisle, com toda sua experiência e anos de prática, poderia ensinar Jasper melhor que eu. Eu tentei seguir esse pensamento com uma visão da família, mas por alguma razão, aquelas visões haviam falhado e parado quando encontrei Jasper. Era quase como se achar ele os havia removido de meu caminho por alguma razão, e esse fato me incomodou. Eu queria ambos, meu companheiro e minha família, porque nessas visões, eu parecia tão livre e feliz.

Naquelas visões, tão vagas e longes, os olhos de Jasper tinham estado dourados.

“Me desculpe,” ele disse enquanto me aconchegava mais fundo em seu peito.

“Você não tem do que se desculpar. Isso leva tempo, Jasper. Nós não podemos apenas mudar o que somos, mas com tempo e prática, você ganha controle do monstro que vive em todos nós.”

“Fica melhor,” ele disse, parte como uma questão e parte como um desejo. Levantei minha cabeça e o beijei ao longo a linha do queixo. Esperei ele me afastar, mas seus lábios de repente estavam pressionados contra os meus.

Sua mão foi para trás de minha cabeça e seus dedos se entrelaçaram em meu cabelo. O beijo foi tão apaixonado e desesperado, e maravilhoso. Quando ele finalmente se separou de mim, eu ainda estava disposta a continuar.

“Temos que ir,” ele suspirou roucamente. Resmunguei uma resposta não muito de damas, e sua profunda gargalhada preencheu a floresta que se iluminava rapidamente ao nosso redor.

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