segunda-feira, outubro 25, 2010

Jovens Corações - Capítulo 07

Andei pelos corredores do hospital rapidamente, ansiosa para encontrar meu avô para que assim pudéssemos ver se encontrávamos mais informação sobre o bebê. Jacob andava ao meu lado, sua mão apertada na minha. Era eu aquela apertando sua mão dessa vez. Ele parecia ser o mais calmo.
“Oi querida, Carlisle chegará em breve.” Minha mãe foi a primeira a me ver. Ela me guiou para um quarto e eu me sentei na mesa.
“Tire sua roupa e coloque esse roupão. Eu vou informá-lo que você está aqui.” Ela me passou um horrível roupão e tocou o braço de Jacob antes de sair da sala.
Coloquei a roupa ao lado e cruzei minhas pernas.
“Você tem que vestir isso, sabia?”
“Não tenho não. Eu posso levantar minha blusa.”
Jacob bufou e ficou na minha frente. Ele arrancou minha blusa por cima da minha cabeça e então me entregou roupão.
“Eu tenho que tirar sua calça à força também ou você irá fazer isso sozinha?”
Sorri e travei minhas pernas ao redor do quadril dele. Ele se aproximou mais da mesa, assim nossos peitos estavam se tocando. “Você não tem que forçá-la, sabia?”
“Não é o que eu queria dizer, Ness.”
“Esperemos que não.” Meu pai rosnou enquanto entrava no quarto. “Vim apenas para ter a certeza de que você está vestindo a roupa. Eu tinha um pressentimento de que você estava sendo cabeça-dura sobre ele.”
Minhas bochechas coraram e libertei Jacob das minhas pernas. “Entendi.” Eu resmunguei.
Meu pai jogou um olhar duro para Jacob e saiu da sala.
Terminei de me trocar e cruzei minhas pernas nervosamente enquanto esperava que meu avô chegasse e me furasse com uma agulha relativamente grande.
Os braços de Jacob se inclinaram para minhas pernas, para mantê-las no lugar. “Você está me deixando nervoso.” Ele sussurrou e deu tapinhas em minhas agora quietas pernas.
“Bem, ao menos você não irá ser furado com a rainha de todas as agulhas.”
Houve um leve zumbido em meu estômago, e coloquei ambas mãos sobre o pequeno movimento.
“Você está bem?” Jacob perguntou enquanto posicionava suas mãos sobre as minhas.
Jacob afagou minha mão antes de colocar as suas embaixo delas, assim eram suas mãos que estavam em minha barriga.
“Ele apenas está nervoso porque você está. Acalme-se e aposto que ele também irá.”
“Você pode parar de chamar o bebê de ‘ele’? E se for ‘ela’?”
“Eu poderia descobrir isso se a agulha conseguir passar.” Meu avô disse enquanto entrava no quarto.
“Seus pais estão do lado de fora. Eles decidiram ficar fora do seu caminho e de Jake, mas eles ainda podem ouvir tudo.”
Assenti, agradecida por não tê-los me vendo tão assustada. Sei que meu pai não gostaria disso.
Deitei na mesa enquanto meu avô preparava as coisas. Decidi que ficar olhando para o teto era bem melhor do que observá-lo e ver o tamanho da agulha.
Ouvi Jacob sugar uma profunda respiração, e apertei sua mão.
“Aqui vamos nós, Renesmee. Você sentirá uma picada enquanto a agulha penetra a pele, então sentirá uma leve sensação de queimação, mas tudo isso é normal. Deixe-me saber se você sentir muita dor e eu pararei imediatamente.” Meu avô olhou para Jacob e acenou para sua mão na minha.
“Mantenha sua mão na dela. Ela é mesmo filha de sua mãe e irá segurar a dor até que não possa mais aguentar. No momento que ela apertar sua mão demais, quero que você me diga.”
“Pode deixar, doutor.” Jacob envolveu ambas suas mãos sobre minha esquerda, seus olhos concentrados em meu rosto.
Olhei para longe dele, focando no teto acima de mim. Se eu olhasse em seus olhos, ele saberia imediatamente que eu estaria com dor no momento que a sentisse. Eu não queria meu avô parando, não importa a razão. Se ele pudesse conseguir qualquer coisa que nos ajuaria a aprender mais sobre meu bebê, então eu deitaria ali e aguentaria qualquer tortura que precisasse. Suponho que esse é o motivo pelo qual ele indicou que eu era mesmo filha da minha mãe.
A agulha machucou, mas mantive meus olhos focados e minha mão relaxada na de Jacob. Meu braço direito agarrou o lado da mesa, eu tive a certeza de manter o aperto leve, mas teve vezes que senti o metal se dobrando com a forma de minha mão.
“Como estamos indo, Ness?” Meu avô me perguntou.
Bem. Eu lhe disse silenciosamente. Eu não tinha certeza de como encontrar minha voz. A dor estava tomando toda minha concentração.
“Não, Renesmee. Preciso que você me diga em voz alta.”
“Bem.” Eu disse entre dentes cerrados.
“Carlisle, tire a agulha. Ela está com dor.”
Não!” Gritei sobre a demanda de Jacob. “Estou ok, de verdade, continue.”
Depois do que parecia uma eternidade, a agulha estava fora de minha pele e meu avô soltou um pesado suspiro.
“Eu assisti minha esposa sofrer por nada?”
“Sua criança está protegida, Jacob. Não existe maneira que eu penetre.”
“Então como eu darei a luz?” Perguntei, lembrando das histórias de quando nasci.
“Farei uma cesareana antes que você entre em trabalho de parto. Assim como tínhamos planejado para Bella.”
“Olhe como isso terminou bem. Você nem estava lá.”Jacob resmungou.
“Não chegará à esse ponto.” Minha mãe disse, entrando na sala.
“Como você sabe?” Jacob se ergueu, ultrapassando ela.
“Jacob,” a voz de meu pai lhe deu um aviso enquanto Jacob e minha mãe se aproximavam um do outro. As mãos deles fechadas em punhos apertados.
“Porque aquilo foi minha culpa. Eu não deveria ter estado em pé, e não deveria ter me inclinado por aquele copo quando ele caiu. Eu teria aguentado esperar até que Carlisle chegasse em casa.”
“Você não sabe disso, Bella! Você nem sabia quando ela ia nascer.”
“Você está colocando a culpa de tudo em mim?” A voz da minha mãe se elevou enquanto ela ficava mais furiosa.
“Você acharia mesmo isso!”
“Porque você faria isso!”
“Se afaste, Jacob.” Meu pai entrou no meio dos dois, suas costas viradas para minha mãe enquanto ele o encarava.
Saí da mesa e me coloquei entre meu pai e Jacob.
“Nessie,” meu pai puxou meu braço, mas eu fiquei onde estava.
“Não é culpa de ninguém que eu nasci como nasci… Coisas acontecem. No momento minha gravidez não é como a de minha mãe era. Eu não sou minha mãe, sou eu mesma. Parem de fingir que sou uma humana fraca que não pode carregar minha criança por toda a gravidez sem ela me dar uma surra. Eu não tenho machucados. Se lembrem que eu era a forte dando uma surra nela. Acho que sou forte o suficiente para carregar alguém como eu. Meu nome é Renesmee, e não Bella.”
A sala estava em silêncio, silenciosa demais enquanto todos os olhos estavam em mim. Eu não podia esconder as lágrimas que deslizaram por minhas bochechas e caíam pelo pelo queixo até minha blusa.
“Sinto muito. Sinto tanto, Ness.” Os braços de Jacob estavam apertados ao meu redor enquanto ele me segurava contra seu peito. “Você está certa.”
“Você está certa,” meu pai afagou minhas costas, e senti as mãos de minha mãe em meu cabelo.
“Ninguém disse que você era eu.”
“Ninguém teve que dizer, mãe. Todos estão assumindo isso.”
“Eu pararei. Prometo.” Ela disse calmamente.
Soltei um soluço, minhas lágrimas de raiva se tornaram lágrimas de culpa. Eu me senti horrível por explodir da forma que fiz.
“Agora o que?” Jacob perguntou, afagando desamparado minhas costas.
“Eu sou terrível.” Chorei na camisa dele.
“O que?” Ele arfou.
“Hormônios, Jacob.” Minha mãe murmurou.
“Eu não assinei contrato pra isso.” Ouvi Jacob sussurrar.
“E você acha que eu sim?” Meu pai riu, e dei uma olhadinha nele no momento que ele piscou para minha mãe.
“Você também era uma bola de hormônios.”
Ela abriu sua boca para dizer algo, mas fechou forte e deu de ombros. “Eu tinha um pouquinho mais de emoções correndo por mim já que alguém tinha que gostar de um outro certo alguém.” Minha mãe me disse.
A risada de Jacob vibrou em seu peito.
“Valeu pela lembrança.” Eu resmunguei. Eu podia ter passado sem aquela pequena recordação de quando minha mãe e Jacob tinha alguma coisa um pelo outro.
“Sim,” meu pai revirou seus olhos. “Valeu pela lembrança.”
Eu tive que rir com isso. Ao menos eu não era a única na sala que não achou essa piada tão engraçada. Minha mãe e Jacob acharam que era hilária. Até meu avô estava gargalhando com eles.

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